terça-feira, 10 de abril de 2018

CRÓNICAS DO VALE - Cap 30



Pensando no bico de obra em que se meteram
    - José, pelo que fui ouvindo, e sem contar com que a adiafa em que te meteste vai transformar-se num almoço de casamento (o nosso, que não houve? Engraçado!) implica muita azáfama e preparo. Assim, de repente, e não conhecendo a vossa casa por dentro, sinto que será pertinente ter preparadas tantas camas quanto for possível. Haverá mobiliário em condições? E as roupas de cama e banho? Ou será necessário comprar reforços?

Não falaste em convidar os primos, capitaneados pelo ALMEIDA E SOUSA de santo Tirso. Caso venham, tens ideia de os acomodar na noite? Assim como nem te lembraste de que posso ter os meus compromissos, que, em princípio se centram nas pessoas que deposito mais confiança nos dois salões, e que, ultimamente ficaram sob a sua orientação.

- E tu sabes donde para o teu irmão Óscar? Tens o seu número de telelé? E será que vive acompanhado de fixo, mesmo que sem passar pela igreja ou no cartório. Tens que entrar em contacto com ele, quanto antes.

- Retomemos a organização. Não fujas. Desta vez não podes tratar só desde longe.

Reforços para limpeza geral serão mesmo necessários, e logo de manhã tenho, ou temos, que falar com a Dona Idalina a fim de que trate de conseguir ajuda de confiança e ela se encarregue de as orientar. E estou a falar só da casa, sem entrar na adega!

Temos que fazer contas com esta senhora, que já deve ter gasto as reservas que deixaste, e não chegam, nem de perto, para comprar mais cera, detergentes, lixívia, sabão, panos, esfregonas, e tudo o mais que fará falta, como seja sabonetes e champu para as casas de banho, e até algumas escovas de dentes e pasta para quem não vier prevenido. Sem falar em muito papel higiénico. O melhor será que acompanhe a Idalina nas compras para que não se acanhe e se sinta mais apoiada.

E que equipa de cozinha teremos? Aquela malta espera comer muito mas não quer sopas de couves nem carapaus grelhados. Temos que pensar nisso, seja na Vila, de preferência, ou numa agência idónea. Tampouco podemos armar em ricos nem em pobretanas, os dois extremos seriam ofensivos e criticados.

Quando tivermos a lista de presenças pronta, contando com os da mata, que te indicará o Ernesto, que os conhece a todos, incluído o homem da máquina, temos que ver o espaço que necessitamos; as mesas e cadeiras. As empresas de festas de casamento encarregam-se de alugar e trazer mobiliário, toalhas e roupa de mesa, vestir as cadeiras e trazer alguns empregados de mesa. Podemos tratar destes contactos via Internet.

Se decidires ocupar a adega, coisa na qual estou de acordo contigo, será necessário desimpedir do que lá houver e sem dúvida carece de uma limpeza de vigas, teias de aranha, paredes e chão. Tens que dar uma olhadela e decidir, também com a ajuda do Ernesto, se é aconselhável dar uma caiação. E a instalação eléctrica? Terá potência suficiente para iluminar as mesas, as pessoas e a comida.´mais uma instalação de música ambiental, escolhida criteriosamente (nada de pimba) e em surdina. O mais certo é que tenhas que contratar um eletricista encartado para verificar e, se for caso disso, reforçar a rede.

Se o a quantidade de presenças for alarmante, e ´se o teu Amigo Medeiros-Presidente se puser a jeito, quiçá a solução seja de facto o salão do clube. Mas, a meu ver, só em última hipótese. 

 Há mais coisas a prever, como pode ser o alugar umas arcas de frio para ter garrafas frescas. E uma instalação de som, mesmo que mínima.

Estou vendo um volume de trabalho e de responsabilidades em que não me sinto capacitada para conduzir. Excede as nossas experiências. O mais ajuizado, já que não de preocupas com a despesa, é tratar de contratar uma empresa de catering bem organizada e com referências de bem servir e agir. Eu estou ao pé, de corpo e alma, e armada de experiências diversas, para ajudar nesta empreitada, mas tu é que és o dono da casa e deves dizer da tua sentença. Não tens muito tempo para pensar.

- Caso penses aproveitar este "invento" para publicitar indirectamente a tua atitude social, pergunta ao Medeiros se pode dar um lamiré, com direito a cadeira e prato, a algum jornalista esfomeado daregião. Há sempre quem faça reportagens por um "prato de cozido".

- Está tudo pensado. Enquanto falavas vi que esta adiafa se tornou um monstro, ou que nunca imaginei que se passasse de umas galinhas em fricassé, uns lombos de porco assados e muitos doces caseiros. Minha querida esposa, estou nas tuas mãos. Faz como entenderes ser melhor e eu estarei sempre ao teu lado; só escaparei para fazer as minhas necessidades.

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