sábado, 14 de abril de 2018

CRÓNICAS DO VALE – Cap. 34




. Finalmente estamos outra vez cara-a-cara e poderemos contar das nossas tentativas de arrumar os problemas que nos pressionavam. Se não te importas farei um resumo, mas explícito, do que consegui arrumar.

- A seguir teve lugar umaconversa particular com a Dona Gertrudes da Caleche.  . Pedi que se sentasse connosco e expus o sarilho em que nos metemos. Foi, como sempre tem sido e previa para este caso, muito atenciosa e prestável. Não tive necessidade de pedir nada, pois avançou com a proposta de tomar conta das comidas e fechar o seu restaurante aquele sábado. FORMIDÁVEL. Irá todo pessoal da Caleche até a adega da mansão Maragato.

Practicamente lhe dei carta com total liberdade para que decidisse a ementa, mas ela entendeu, e bem, que mesmo assim era bom fazer um esquema ali mesmo. Ficamos com que os que fossem chegando seriam atendidos com uns aperitivos, uns populares e outros mais “da alta”, acompanhados de um verde leve e fresco ou refrescos sem álcool, segundo quisessem. Nada de Porto, que está um pouco posto de lado pelos nacionais ultimamente, a não ser um Porto branco seco, bem gelado. Se tu quiseres fazer um brilharete juntamos umas garrafas de Raposeira bruto.

Já tinha dito, antes desta formidável proposta, que se calhar, em vez de os comensais terem que esperar a serem servidos e porque não era possível ter um empregado para cada pessoa, como nos banquetes do Palácio de Belém, opinei que se fornecesse em auto-serviço, e assim cada um escolhia aquilo que lhe enchia os olhos. Ficou assim decidido.

Sem te perguntar já decidi que não teríamos lugares marcados, para não fazer separações nem indiciar preferências. Enquanto tomam o aperitivo irão encaixando e preparando os grupos a seu modo.

Sinceramente não sei porque motivo as pessoas se mostram tão cooperadoras contigo, ou até comigo, mas quando lhe perguntei a quem deveria pedir orçamento para reforço de equipamento de cozinha, tal como fogões, frigoríficos, etc, a Dona Gertrudes levantou a mão e disse que, tendo ela muita experiência no ramo, se encarregaria de contratar todo o equipamento necessário, e que o colocariam na adega na sexta feira.

Também ela se encarregaria de abastecer de matérias primas para a cozinha. As bebidas é que teriam que ser a nosso cargo.

Fiquei atrapalhada, apesar de muito aliviado de problemas. O mínimo que me ocorreu, para não ficar como uma abusadora sem vergonha, foi deixar na mão da Dona Gertrudes um cheque dos meus, com um montante considerável, a fim de constituir um sinal tranquilizador. Já sabemos que desde que os fenícios inventaram a moeda, segundo reza na história o dinheiro é um bom argumento para mostrar agradecimento.

E creio que, assim de repente, é tudo. Agora, entre outras coisas, é preciso que telefone ao Óscar e saber se falaste com os teus filhos, e advogados coimbrões.

Já temia que não me deixasses entrar nos NOSSOS assuntos, pois conheço bem a tendência das senhoras em se tornar donas exclusivas dos assuntos caseiros (e não só!) O destaque com Nossos não foi casual.

. Bem. O mais importante das minhas andanças foi o programa de tentar deixar minimamente decente a adega. O Ernesto creio que ficou ciente do que lhe pedi. Em princípio estou descansado.

Depois fui à junta para ver se conseguia uma orientação para melhorar a instalação eléctrica da mesma adega. Parece que amanhã terei a comparência do chefe das oficinas e verei o que me aconselha. Também consegui, sem o pedir, mas insinuei como um pedinte envergonhado, mesas e cadeiras do armazém da Junta. Mas só depois de termos o total de presenças, e pensar em mais uns oito a dez que chegassem ser se anunciar, e que poderei pedir o mobiliário que me ofereceu o Medeiros.

Não tenho apontamentos, mas ao jantar e com as tuas dicas sei que mais temas surgirão. Estou esperando por isso, mas antes um banho saberá divinamente. E com certeza que me acompanharás. Assim espero.

- Pois vamos ao banho. Antes te posso avançar que trago algumas fofoquices que soube na Vila. Certamente sabes que nos cabeleireiros as mulheres daí rédea solta ás intimidades, próprias e alheias. Dizem que, quando fora de testemunhas masculinas, são piores do que os homens.

Continuará no Cap. XXXV, onde surgirão relatos picantes.

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