quinta-feira, 19 de abril de 2018

CRÓNICAS DO VALE – Cap. 36




  • Parece que o grosso das questões já está em andamento. Só estamos encravados com a falta de resposta de algumas pessoas. Eu já falei com o Óscar e respondeu que virá com a sua companheira, ou mulher legal, não fiquei esclarecida sobre este pormenor, que é de somenos. E tu, já sabes dos teus filhos? E dos advogados, mais a hipótese do inspector da PJ?
  • Os advogados, como tu lhes chamas, responderam que serão uma dupla presença garantida, e até “ameaçaram” com a possibilidade de virem com companhias femininas, pois, segundo dizem “elas” apreciam conviver com rústicos. Espero que não lhes saia o tiro pela culatra, pois os que consideram de rústicos não são tão parvos como muitos urbanos.
  • Quanto ao inspector não lhes deu nem sim nem não. Julgam que deve estar na situação de ponderar se no meio dos naturais da zona, depois de bem comidos, possa encontrar quem se descaia com alguma pista. Não aposto nisso, nem tampouco em que se exponha a conviver com os inquiridos. E, por outro lado, neste crime admitem-se movimentos que não é prudente vasculhar.
  • Os meus filhos continuam a mandar bolas fora. Apostaria em que darão desculpas esfarrapadas de última hora a fim de justificar a sua “impossibilidade”. A última palavra, mais uma vez, caberá às senhoras que decidem pelos parceiros. E como não conheço a do Bruno, mas sei que a Luísa é menos transparente do que ela nos quer convencer, estes dois casais teremos que os incluir na conta dos lugares para imprevistos.
  • Seja como for,já ultrapasamos os sessenta lugares sentado, e creio que o mais prudente é apontar para uns possíveis setenta e cinco.

  • Já vistes as mesas da Junta?. A arrumação possível depende muito do tamanho e dos lugares que cada mesa comporta. As mais prácticas são rectangulares, que se podem associar em fila ou isoladas. As redondas limitam as escolhas. Era bom que pudesses dar um salto à Junta para nos orientarmos melhor. E como já ficou decidido servir em bufete serão necessárias mais umas mesas, que se colocarão corridas dando um lado para o serviço e deixando o outro para os convidados se abastecerem. Isso deve corresponder a uns oito a dez metros e mais uns oito na retaguarda.

Não nos lembramos das instalações sanitárias. Tens alguma ideia? Nem que seja para lavarem as mãos! Não creio que tenhas tempo de encomendar uma instalação nova, com trabalho de pedreiros e canalizadores, mais electicista. A propósito,diz-me como correu a conversa com o chefe dos serviços da Junta.

Tenho que voltar à Vila para deixar as indicações de funcionamento dos salões e, também, para ver se temos que tratar de toalhas para as mesas e talheres, copos e outros utensílios. Caso a Dona Gertrudes da Caleche não disponha do total de peças de faqueiro, vidros, loiças e atoalhados, combinarei que se comprem, a nosso encargo e para ficar de reserva na mansão. Só faltará decidir se vou eu às compras, se a Gertrudes que ser ela, ou se vamos “ambas as duas”

Para os cafés já está contratada uma cimbalino profissional, e e equipamento de cozinha. Tudo sob a orientação directa da dita Gertrudes, popularmente “Trudes”.

Creio que temos que aceitar a proposta da Caleche quanto aos doces e frutas de sobremesa. Tinha pensado encomendar numa pastelaria profissional, mas nem sequer me atrevi a referir esta ideia à Gertrudes, com receio de que se melindrasse. Não nos convêm nada que a senhora se ofenda. Por isso é pertinente andarmos sempre com muito cuidado. Com pés de chumbo, como usavam os mergulhadores não autónomos.

Pois eu digo que esta trapalhada em que me meti nos deixa estafados. O corpo pede uma folga. Ir até Coimbra e entrar num teatro ou num cinema, mas teremos que aguardar a que passe este temporal em que nos meteste.

Deves estar com a boca seca de tanto falar, e o telefone já está ao rubro, coitado. Eu já mudei três vezes de ouvido. Ah Ah Ah. Mas vamos ao que interessa. O capitão dos faíscas prontificou-se a dar a ajuda que pudesse ser possível; mas não tem muito pessoal disponível nesta altura. Já vi por onde orientava o seu choradinho. Por isso levei a conversa por onde ele queria e ficamos com que amanhã, ou mesmo esta tarde, viria comum oficial da sua equipa para verem o que é necessário fazer, nem que seja a título provisório. E eu acrescentei que comprassem o material necessário, em meu nome e me indicassem em que armazém teria que me dirigir para fazer contas, e também que seria óptimo que entre o chefe e o oficial pudessem contratar, para esta mini-empreitada os homens que entendessem ser necessários, atendendo a que não poderia ser feito com a calma aconselhável, mas mesmo assim cumprindo as regras do bem fazer.

A tua mais recente, e pertinente, lembrança de ter que dispor de uma instalação, dupla, de lavagem e despejos de bexiga, e não só mesmo que mínimos será coisa de perguntar a opinião deste chefe e do Ernesto, pois não posso ter este feitor posto de lado. Sei que na adega existe uma casa de banho, rudimentar, que poderá servir de base para a ampliação. E tanto loiças como portas já se encontram com facilidade, faltam as paredes e mais muitos outros trabalhos. ISTO VAI DAR CABO DE MIM E DE TI.

Seguirá no capítulo XXXVII, se tiver vida e espírito disponível.

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