terça-feira, 11 de setembro de 2018

NEM TODO O PASSADO É LINDO




Um colega e amigo “pendurou” no fb um recorte de jornal que, visto assim de repente, parece muito interessante, sensato e exemplar. Eu até comentei que não parece plausível que nos dias de hoje se repita esta atitude, tão cívica e respetadora da cidadania em geral.

Copiei o documento e aqui o recoloco para vossa apreciação:



Passadas umas horas e recordando, memorísticamente, o que ao longo dos anos fui lendo acerca do estado das finanças públicas, incluído o periodo da monarquia, tanto absoluta como a parlamentária, chega-se à conclusão de que estas demostrações de bondade e respeito para a população em geral, em pouco alteram a realidade factual.

Sucede que tanto actualmente como nos tempos pretéritos as máquinas gobernamentais tem sido, e continuarão a ser, um redemominho que engole tudo aquilo que lhes cai por perto. A corte de um rei incluía uma extensa série de indivíduos que viviam à expensas do erário publico. As finanças da casa real sempre padeceram de estar deficitárias.

Quando a corte se deslocava para uma cidade determinada, esta mudança implicava não só o núcleo restrito da família real, como se poderia imaginar se fossemos excessivamente simples. Eram centenas de pessoas que constituiam a comitiva, desde conselheiros a criados, nobres a clérigos, soldados e ecrivãos; uma pléiade de gente. E todos tinham que ser alojados e alimentados às custas dos cidadãos residentes. Tal benesse equivalia, de facto, a uma maldição. Era como se sobre a povoação caísse uma praga de gafanhotos.

Manter o fausto da casa-real e da corte em extensão, avaliado pelo que hoje usufruímos, numa média aritmética, nos deve dar a impressão de ser duma pobreza confrangedora. Os bens correntes eram mínimos, discriminados na documentação de heranças com um pormenor que hoje nos espanta. O conforto em que viviam, se o julgarmos pelos quadros e filmes, era muito diferente, até pobre para as exigências actuais.

E, apesar disso, e mesmo que existisse uma máquina fiscal exigente, as arcas do estado estavam quase sempre vazias. Os reis, ou os seus representantes, tinham que estar permanentemente negociando empréstimos. E na maior parte das ocasiões era com os banqueiros judeus que tinham que se comprometer. A dificuldade permanente era a de poder satisfazer as dívidas acumuladas. E esta situação se repetia, em geral, por todos os reinos europeus. Quantas vezes, para se verem livres dos credores, se provocaram perseguições e massacres dos semitas, com a desculpa de que este povo era, passadas tantas gerações, ainda responsável pela morte de Jesus. Obviamente a igreja oficial colaborava, intensamente, nesta farsa crimonosa e macrabra.

Resumindo: a notícia, antiga, onde se faz referência a um gesto humanista do Rei, pode ser curiosa e até simpática. Mas no fundo não dava efeitos palpáveis. Pior do que isso é o autismo dos governantes actuais, num periodo aparentemente democrático, que agem mais por interesses pessoais e corporativos do que para beneficiar a população.

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