terça-feira, 18 de setembro de 2018

MEDITAÇÕES - Afinal quem é que manda?



Quando se alcança um lugar de mando, de comandante do navio como exemplo, o cidadão que se encontra esta situação sabe, ou cedo descobre, que mesmo se a sua personalidade o impulse para se tornar um ditador omnipresente omnidecisor, a realidade pode mostrar-lhe que o seu horizonte comporta uma vastidão tão grande de assuntos que não consegue aplicar a mão de ferro em todos os capítulos. Daí que se torna inevitável o ter que escolher pesoas a quem delegar funções, e daí lhes dar alguns vectores de poder, mesmo que limitados.

E aqui podem começar os problemas, inicialmente de pouca monta mas que paulatinamente podem gerar departamentos estanques onde nem ele, o comandante, ou precisamente ele em especial, consegue penetrar. O mais anedótico é que, na maior parte dos casos, o refrido comandante, que mantêm para o exterior a imagem de ser todo-poderoso, o supremo decisor, nem sabe do que se coze nas suas costas. Daí que, no caso bastante vulgar de o grande chefe descobrir que o seu segundo, evoluiu se mostrou ser um ambicioso camuflador, já experiente e sempre cuidando de manter a imagem de ser um leal servidor, sem de facto o ser. O chefe, se lhe resta uma nesga de bom senso, deve decapitar, urgentemente, este que lhe corta a erva debaixo dos seus pés. Tradicionalmente os segundos endem a utilizar todos os meios -em geral pouco éticos- para derrubar o chefe e colocar-se eleno trono.

A história universal está recheada de relatos onde se especifica como até um Rei, de uma coroa absolutista, esteve, de facto, nas mãos de um valido, de um primeiro ministro, dum secretário ou mesmo de um confessor ou um cardeal. Por comodidade e gostando de ter a papinha feita, passou a estar “comodamente” num posto de boneco. Os exemplos críveis referem todos estas possibilidades, e ainda outras, sempre bem identificados. Um dos mandantes por trás do reposteiro mais referido foi o Cardeal Richelieu. Mas houve muitos, mesmo na história moderna.

PATRIARCADO vesus MATRIARCADO

Descendo para o mundo banal, o familiar, podemos dedicar alguma atenção ao que acontece no seio dos casais. É norma, quase que geral, admitir que dentro da casa, abrangendo as decisões mais normais, repetitivas ou não, o comando é delegado à esposa, e mais quando esta atinge o estatuto de mãe, pois que, desde sempre, o início da educação das crianças esteve, por ser práctico e de modo tácito, entregue às mães.

A situação pode tornar-se, progressivamente conflituosa, quando o marido, já sentindo que o estatuto de “cabeça de casal” pedeu muito do seu peso real, decide comentar e pedir a opinião da esposa de uma forma assidua. Uma situação até aqui normal, correcta e socialmente admitida como positiva. Todavia, se o homem, nem que seja por comodidade ou imprevisão, deixa que a esposa se torne a decissora irrevocável de cada vez mais temas, o anteriormente cabeça de casal passa a ser um zero à esquerda. E se ficar revoltado com esta degradação de autoridade inclusive podem atingir um ponto de ruptura. Quase impereptivelmente se passou do esquema de patriarcado ao de matriarcado. E é que o mais difícil neste mundo, mesmo reduzindo a duas pessoas, é o de que tendo visões nem sempre coincidentes, possam atingir um nível de convivência, estilo democrático, sem que um deles aceite ceder mais do que prevalecer.

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