terça-feira, 7 de agosto de 2018

MEDITAÇÕES - 4 Transplantes



A colocação de órgãos usados

A partir de l967, data em que o Dr. Christian Barnard fez a habilidade de substituir um coração humano, com falhas de funcionamento consideradas como irrecuperáveis, entramos na era da substituição de peças biológicas defeituosas por outras usadas mas consideradas como em bom estado. Um pouco levianamente compara-se ao mecânico atrevido que para reparar um carro já com bastantes quilómetros de vida e, portanto, já fora das garantias, vai procurar uma peça usada num sucateiro de “salvados”.

A partir da abertura da caça nas substituições já se abriram alguns caminhos diferentes, desde a incorporação de válvulas de suíno, às tentativas de abastecer entre alguns primatas -sem grande resultado- até a implantação de órgãos artificiais, fabricados com materiais não rejeitáveis e com força motriz de pilhas galvânicas.

Os avanços e recuos deram incentivos para que os investigadores desbravassem os problemas. E aquilo que hoje já está no conhecimento da maioria dos cidadãos, é que antes de se tentar uma substituição é indispensável fazer um estudo de compatibilidade, a fim de reduzir o perigo de rejeição do órgão “de segundo corpo”, sem que todavia se tenha conseguido eliminar este problema por completo, apesar dos fármacos que o indivíduo receptor tem que ir ingerindo para manter aquilo que não nasceu com ele.

Todos temos notícia de que se substituem corações, pulmões, rins,  bocados de fígado, veias e artérias. Que se conseguem reimplantar, sob certas condições, componentes de membros amputados. E até nos contaram da colocação de uma face completa de um cadáver num indivíduo que ficara desfigurado num incêndio.

O que não ficou esclarecido é como se distribuirão as peças no dia do juízo final... Mas como esta situação não sabemos quando ocorrerá, optamos por não nos preocupar. Mesmo assim a nossa estabilidade mental continua dependente do que a maioritária Igreja Católica, apostólica e romana, nos devia esclarecer.

E é precisamente aqui, neste tema tão actual, que entre nós foi badalado a propósito do vencedor do festival das cantigas do ano passado, que vou fazer referência a quem podemos considerar serem os mais importantes precursores, destas técnicas de transplantes entre humanos. Vamos recuar alguns séculos:

Santos Cosme e Damião (1)

Os Santos Cosme e Damião, irmãos gêmeos, morreram por volta de 300 d.C. Crê-se que foram médicos, e sua santidade é atribuída pelo motivo de haverem exercido a medicina sem cobrar por isso. Devotados à fé. São considerados patronos dos médicos cirurgiões. Mas em geral é referido só o São Cosme.


Na Igreja Católica sua festa é celebrada no dia 26 de setembro, de acordo com o atual Calendário Litúrgico Romano do Rito Ordinário, e no dia 27 de setembro, pelo Calendário Litúrgico Romano do Rito Extraordinário. Na Igreja Ortodoxa são celebrados no dia 1 de novembro e também em 1 de julho pelos ortodoxos gregos. 

O milagre atribuído a SS. Cosme e Damião e que lhes abriu a possibilidade de santificação consistiu no seguinte: um sacristão tinha uma perna gangrenada num estado tão avançado que estava ás portas da morte. Nem sequer a amputação era garantia de sobrevivência. Tendo sido chamados os irmãos beneméritos e sabedores, estes, enquanto o doente dormia, amputaram-lhe a perna doente e substituíram-na pela de um etíope recém sepultado, curando-o. Foi uma enxertia atrevida mas bem lograda.

Após encontrar esta referência senti uma certa estranheza pelo facto de terem utilizado um membro originalmente de um indivíduo de pele escura e implanta-lo, sem problemas de tipo social, num indivíduo que se admite ser de tez clara. Hoje, esta miscigenação não causa pruridos quando se trata de substituir órgãos internos. Mas, não recordo ser citado, modernamente, uma operação semelhante à que Cosme e Damião, à desgarrada, fizeram com o membro do etíope e o sacristão. Especulando sem bases posso imaginar que o Dr. Menguele (célebre médico nazi, pioneiro em operações de novo cunho -na época- com seres humanos) não deixaria de tentar progressos neste campo da cirurgia.

(1) os elementos que se seguem foram transcritos (+ ou -) de um site da Wikipédia

Sem comentários:

Enviar um comentário