sábado, 13 de maio de 2017

VIDAS PARALELAS



Plutarco foi o filósofo e escritor greco-romano que entre os séculos I e II desta era, colocou este título na literatura universal ao escrever e agrupar biografias de personagens célebres, inclusive de algumas lendárias, estudando-as sempre aos pares. Salientando paralelismos e disparidades. Um esquema que se manteve vigente até os nossos dias, tanto no aspecto estritamente biográfico como para ressaltar comportamentos, nem sempre correctos.

Seja como for surgem, na vida de cada um de nós, situações com disparidades evidentes. Daí que se enfrentem duas, ou mais, opções, paralelas ou divergentes. Assim sendo podemos admitir que temos,tivemos ou teremos, duas vidas paralelas, ou divergentes, à nossa frente. Após ter seleccionado um dos caminhos possíveis considera-se que o aquele menosprezado não desaparece por completo. Continua presente na mente de quem optou por outro caminho. Na especulação comportamental diz-se que entre a opção A e a B, após ter decidido a escolha, fica virtual a presença do que se rejeitou, pelo menos durante um tempo. E até com a possibilidade de reaparecer com uma força mental intensa, sangrenta se aceitarmos a imagem, se as condições se propiciarem.

O pensamento, nem que seja em sonhos, não pode ser comandado pela racionalidade. É dono e senhor da nossa mente, por muito que tal nos incomode.

Uma dualidade mental que, sem ser pertinente, há quem confunda com o termo binário. Confusão que é mais pertinente na língua italiana uma vez que é com este termo que se identificam as linhas do caminho de ferro. Que, essencialmente são duas paralelas que, como tais, jamais se podem encontrar. Apesar de que graças à mecânica aplicada nas agulhas permite desviar o percurso das composições de umas paralelas para outras.

Recordemos a existência de termos linguísticos que, sendo muito parecidos ou mesmo idênticos nas suas grafias, correspondem a conceitos ou objectos muito diferentes entre um idioma e outro. Por esta razão estas palavras com duplicidade interpretativa são chamados de falsos amigos. Pelo facto de que constituem armadilhas difíceis de escapar para os tradutores pouco experientes no domínio da língua que se comprometeram a traduzir correctamente. O leitor que conhece profundamente a língua original da obra não necessita de a consultar para notar que ali se aplicou uma tradução por atrevimento ou desconhecimento; falta que normalmente provoca a gargalhada fácil.

Precisamente a palavra binário tem uma definição na física e na astronomia muito precisa, que difere do que a população em geral admite como certa. Concretamente nada tem a ver com as vias do comboio, pois corresponde a um sistema de forças paralelas, practicamente com a mesma intensidade, mas cujos vectores estão em sentidos opostos. Em mecânica podem estar ligadas a um eixo e girarem conjuntamente, como sucedia no comando automático de turbinas acionadas por vapor ou outro fluido passível de ser utilizado como força motriz. Nas locomotivas a vapor este regulador, de binário, estava alojado numa campânula sita entre a chaminé e a cabine do condutor e carvoeiro.

Em astronomia referem-se muitos pares de corpos celestes, sejam estrelas ou sóis, que giram eternamente ao redor de um eixo, inexistente fisicamente, mas que resulta da conjunção da atracção e repulsão mútua entre os dois astros, e do vector que corresponde ao impulso da velocidade que já auferiam antes de se emparelharem.



Este escrito, por ter sido interrompido em demasiadas ocasiões, e por isso ter-se quebrado o fio condutor do esquema argumental, ficou demasiado atrapalhado, mesmo trapalhão. Merecia ser apagado da memória e jamais ser editado. Teve um indulto por estamos em tempo de crise, mesmo que encoberta, e por isso sentir que é válido o sentimento de aproveitar a energia e interesse aplicado, mesmo que o resultado seja deplorável.

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