sexta-feira, 12 de maio de 2017

HÁ DIAS E DIAS



Assim como ainda existem “mulheres a dias”, a horas ou ajudantes técnicas para limpezas em tempo parcial. Isso sem referir as muitas damas, e “carvalhelhos” (?) que prestam os seus corpos para actividades naturais mas, falsamente, mal vistas pelos cidadãos, que se auto-qualificam como normais e cumpridores.

Muitas destas considerações sociais foram alteradas quando se deu o estatuto legal de que existem as variantes, que sempre estiveram presentes e activas, mas tacitamente toleradas enquanto se fingia que não se dava por elas. Hoje saltaram para a ribalta sem inibição, mesmo com descaramento, inclusive provocatório. É uma das frutas do tempo, incluída no rol das grandes bananas da chiquita, incongruência que nos leva a pensar que esta marca devia ser exclusiva das produzidas na Madeira do Ronaldo. E não quero referir a denúncia da má língua, sempre disposta a difamar, acerca do tamanho do pedúnculo do busto. Haja respeito e pudor.

Pois bem, indo ao que íamos.

Tal como deve acontecer a muitos mortais em certos dias, mesmo ao acordar de uma noite que deveria ter sido repousante, sentimos que estamos virados do avesso, o mau humor, a falta de paciência, o rejeitar manter uma atitude onde prevaleça a falsidade do politicamente correcto, e outras atitudes que se encaixam em nos dar uma vida social e comunitária ilusória, dissimulada e mais alguns sinónimos. São dias em que o instinto nos pressiona a partir a loiça, e nem sequer nos oferecemos a possibilidade, posterior, de poder começar de novo. Admito que uma estado anímico deste género deve estar, quase sempre, presente nos que, coerentes, decidem optar pelo suicídio. No que me atange não estou, por enquanto, nesta fase.

Todavia, complementarmente ao que imagino pode passar pela mente do suicida, penso que o cidadão em questão deve ter muita coragem, ter os tomates bem carregados, a transbordar. Não sei qual o órgão equivalente nas mulheres, pois que se fossem os ovários não haveria suicidas depois da menopausa. Portanto esta noção de dar uma importância máxima aos testículos não passa de um sintoma do egoísmo exacerbado dos machos.

De qualquer modo e mesmo sabendo as causas que me conduziram, cumulativamente, à crispação mental que se apoderou do meu espírito, certamente que maligno e detestável, sinto um grande alívio pelo facto de me libertar da necessidade “social” de ter que fingir que não avalio, como de facto avalio, o comportamento de certas e determinadas pessoas. Sentir que a minha vontade para dedicar amizade, com a predisposição de esquecer as incompatibilidades, é arrasada uma e outra vez, numa continuidade difícil de observar e até de desculpar.

Desculpar as ideias de cada um, sempre e tanto que as reservem para si mesmos e se inibam de as vociferar provocatóriamente aos quatro ventos, com uma agressividade intolerável entre pessoas que se admite serem educadas (há educação boa, má e péssima, além da falta absoluta) é uma obrigação que todos temos. Obrigação imposta pelo facto de estar no seio da sociedade onde temos que caber todos. Quem não quiser modular o seu comportamento deveria isolar-se no topo de um monte e tornar-se eremita convicto, e ali moer o seu fígado sem estragar o dos outros.


É evidente que além das circunstâncias pessoais, que nos podem conduzir a um estado de ânimo de quase desespero, podíamos tentar fazer uma compilação de factores, sem ligação imediata entre si, e chegar a uma espécie de relatório, com alíneas e títulos intermédios destacáveis. Não me sinto com capacidade nem vontade para estudar o que outros já destrinçaram anteriormente. Basta-me, com pesar, o declarar que estou virado do avesso.

Sem comentários:

Enviar um comentário