segunda-feira, 22 de maio de 2017

SEMPRE NOS ACOMPANHA

SEMPE NOS ACOMPANHA


Aquilo que enerva os adultos quando lidam com crianças na fase de entrar no mundo, que desconhecem apesar de terem nascido alguns anos antes, é a constante pergunta que eles, os infantes (1) assediam constantemente o adulto inquirindo os motivos, as razões, os tais porquê repetido sem descanso e com diversos alvos. Muitos dos adultos, quando sujeitos a este exame persistente, chegam a um estado penoso de saturação mental que os induz a respondem com um simples porque sim! ! Uma saída infeliz com a qual pretendem não dar a mão à palmatória seja por já não aguentar mais perguntas ou, mais provável, por ignorar a resposta de uma forma que a criança entenda.
A certa altura a criança encontra outras fontes de consulta, muitas delas erradas e opostas à realidade. Com este recurso, que não tem capacidade cognitiva para contrastar, foge da falta de paciência do adulto que, sem dúvida, tinha a responsabilidade de abrir as primeiras portas do conhecimento.
O mais curioso, ou triste se o pensamento nos levar por aí, é que esta insistência em tentar saber a razão das coisas nos acompanha durante o resto da vida. Presumo, baseado na experiência, que nem todos os humanos especulam sobre os mesmos temas, e que o arquivo de conhecimentos que se foi adquirindo ao longo dos anos se encarrega de responder a dúvidas que, para outros, podem ser vistas como inexplicáveis.

Também neste capítulo de classificar os humanos nos deparamos com a necessidade de os arrumar em prateleiras diferentes. A noção de que todos somos iguais é, além de bela e socialmente positiva, uma das muitas utopias com que sempre nos deparamos e que jamais nos abandonarão. Sendo pragmáticos temos que reconhecer o facto de que nem sequer no momento de nascer existe a tal igualdade, que decretamos pelo facto de nascermos nus, esquecendo, por considerar não ter importância, que os há que nascem com os olhos abertos, outros nascem com cabeleira farta enquanto os há totalmente carecas.

Podemos tentar esquecer a questão do chamado “berço” onde se nasce. Dito de outra forma, do nível económico e cultural onde a natureza nos coloca e que, sem dúvida, pode condicionar a evolução do recém indivíduo. O facto de que existam múltiplos casos, exemplares, de pessoas que foram capazes, pelo seu saber e esforço, de subir os degraus sociais, ou os que perderam ou desprezaram as possibilidades que lhes apresentaram em bandeja, e desceram degraus até níveis de extrema baixeza, não altera a noção de que, estatisticamente, a nudez do nascimento não proporciona a igualdade efectiva para o resto da vida.

Foram bastantes os pensadores, filósofos ou simples desconhecidos, que desde a antiguidade se debateram com a procura de explicações, tanto dos fenómenos físicos, climatológicos, astrais ou matemáticos, entre outros da longa listagem de temas que sempre preocuparam aos mais inquisitivos. Aquilo que podemos dar como certo é que todos os nossos companheiros de viagem no planeta que nos acolhe, melhor ou pior, tem temas que gostariam de ver esclarecidos, sem que o consigam sempre. Muitas dúvidas nos acompanham até o momento em que o coração deixa de bater.

Tinha na ponta da língua enquanto escrevi este texto, a citação pertinente, que depois perdi. Imperdoável! Atendendo a que mais vale tarde do que nunca, aí vai o sãbio pensamento, que não é meu.

já em1637 o filósofo francês RENÉ DESCARTES deixou a frase lapidar Penso, logo existo. Que os latinistas traduzem por Cogito ergo sum.

Uma máxima valiosa que corrabora o que esteve no fim do meu escrito quando afirmei que as dúvidas de cada um só terminam quando morremos. O que não onsta a que outros as façam suas e insistam na procurada resposta.


(1) não confundir com elefantes, pois estes reconhecemos que sabem muitas coisas. Os que vivem em liberdade conhecem o que lhes convém, e os dominados pelo homem, infelizmente, conheceram coisas dispensáveis, que lhes “ensinaram” com castigos cruéis.

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