Contam,
aqueles que “fizeram a tropa,
quando recordam a recruta, que para alguns era difícil acertar a
passada, e não trocar os pés, com os restantes membros do pelotão.
Penso que para a estrutura militar poder apresentar um grupo compacto
de soldados marchando síncronos é a primeira mostra de que não se
trata de uma, patuleia
(termo que teve origem
na tropa, mais ou menos irregular e com pouca preparação prévia,
integrada no Partido Popular na revolução de 1876).
Hoje estas formaturas são reservadas, quase que exclusivamente, para
desfiles em parada, pois aquelas cargas de infantaria que eram
normais nas guerras que antecederam a de 1914-1928 já passaram à
história.
Mesmo
assim e dado que os tempos mudam, e neste século as mudanças são
tão rápidas nos campos da tecnologia, e em especial de tudo o que
estiver ligado à informática, que é
difícil conseguir adaptar-se
com a mesma ligeireza em todos os sectores que afectam à nossa vida
em comunidade.
Sentimos
que nem todos conseguem, ou dão a mesma importância às mudanças
sociais do que aquela que
aplicam às novas tecnologias, tanto de informação, como de
trabalho e recreio. Admite-se que está à nossa disposição um
fabuloso manancial de conhecimentos, como se as bibliotecas
anteriores não tivessem existido.
Neste
capítulo do conhecimento, da erudição, do saber, é pertinente
considerar que não basta ter as estantes repletas de volumes de toda
a índole, ou mesmo se restringida a certos capítulos. De pouco
servem os livros se não são consultados. Assim como também é
fundamental ter a mente preparada para que oriente os nossos passos
na pesquisa e, depois, para possibilitar que se façam as meditações
que permitam chegar a conclusões. Conclusões que pode acontecer, e
assim sucede amiúde, não serem definitivas. A sapiência permite
encontrar novos conhecimentos e incorporar estas novidades para
assim ter uma visão mais correcta e abrangente. E esperar, com
paciência, outras incorporações.
Chegados
a esta base creio que estamos preparados para fazer a abordagem do
tema que me incitou a escrever hoje. Concretamente é o de sentir a
necessidade fundamental de fazer a conexão da sociedade actual e os
partidos políticos que existiam meio século atrás.
Quem
permanecer estagnado nas querenças e noções, já do domínio da
história, acerca do comportamento das camadas sociais, vigentes seis
décadas atrás, está
totalmente fora da realidade.
Ou, em opção, está convicto de que, pressionando a sociedade com
tácticas de medo e desestabilização conseguirão mudar o rumo
actual.
Persistentes
em querer viver fora da época são aqueles saudosistas, de novo
cunho, que se incorporaram fosse por uma sequência familiar ou por
uma adesão viral irremediável. Ficam estagnados
nos dois polos opostos,
que sem os referir pelos nomes que conservam, mas que nem sempre
respeitam, podemos encontrar nos cacifos dos ultra-conservadores e
dos revolucionários. Ambos são temidos, e massivamente rejeitados,
por não terem doutrinas adaptadas ao pensamento e desejos da maioria
da população.
Se
os da esquerda já não comem criancinhas ao mata-bicho, os da
direita também podem entender que o sector da população que adere,
convictamente, aos sentimentos inculcados durante séculos, é cada
dia menos numeroso. A cultura e o afastamento da pobreza extrema,
mesmo com resíduos importantes neste extremo, vai progressivamente
igualando os segmentos ou classes sociais. O efeito mais evidente é
que leva o cidadão médio, já mais instruído, a renegar a
bipolaridade, a preferência está no centro, em fugir dos
compromissos e daí o absentismo nas eleições. Não
querem saber de partidos políticos!
Uma
atitude, compreensível, mas que é sumamente funesta para o futuro
imediato, pois de facto deixa o campo livre para que, aqueles grupos
partidários que desejam o poder, com egoísmo e espírito de
ganância pessoal continuem a receber o poder.
Os
cidadãos que podem presumir de ter uma cultura acima da média,
mesmo que estiver concentrada em domínios muito restritos, devem
aceitar que tem a obrigação
moral e social de
escapar dos extremos e oferecer parte do seu saber aos sectores da
população a que tem acesso (se
se esforçar a isso) a
fim de tentar abrir-lhes caminhos para a concórdia que, mesmo
existindo por instinto, nem sempre se aplicam devidamente.
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