domingo, 9 de abril de 2017

TEMOS QUE ACERTAR O PASSO



Contam, aqueles que “fizeram a tropa, quando recordam a recruta, que para alguns era difícil acertar a passada, e não trocar os pés, com os restantes membros do pelotão. Penso que para a estrutura militar poder apresentar um grupo compacto de soldados marchando síncronos é a primeira mostra de que não se trata de uma, patuleia (termo que teve origem na tropa, mais ou menos irregular e com pouca preparação prévia, integrada no Partido Popular na revolução de 1876). Hoje estas formaturas são reservadas, quase que exclusivamente, para desfiles em parada, pois aquelas cargas de infantaria que eram normais nas guerras que antecederam a de 1914-1928 já passaram à história.

Mesmo assim e dado que os tempos mudam, e neste século as mudanças são tão rápidas nos campos da tecnologia, e em especial de tudo o que estiver ligado à informática, que é difícil conseguir adaptar-se com a mesma ligeireza em todos os sectores que afectam à nossa vida em comunidade.

Sentimos que nem todos conseguem, ou dão a mesma importância às mudanças sociais do que aquela que aplicam às novas tecnologias, tanto de informação, como de trabalho e recreio. Admite-se que está à nossa disposição um fabuloso manancial de conhecimentos, como se as bibliotecas anteriores não tivessem existido.

Neste capítulo do conhecimento, da erudição, do saber, é pertinente considerar que não basta ter as estantes repletas de volumes de toda a índole, ou mesmo se restringida a certos capítulos. De pouco servem os livros se não são consultados. Assim como também é fundamental ter a mente preparada para que oriente os nossos passos na pesquisa e, depois, para possibilitar que se façam as meditações que permitam chegar a conclusões. Conclusões que pode acontecer, e assim sucede amiúde, não serem definitivas. A sapiência permite encontrar novos conhecimentos e incorporar estas novidades para assim ter uma visão mais correcta e abrangente. E esperar, com paciência, outras incorporações.

Chegados a esta base creio que estamos preparados para fazer a abordagem do tema que me incitou a escrever hoje. Concretamente é o de sentir a necessidade fundamental de fazer a conexão da sociedade actual e os partidos políticos que existiam meio século atrás.


Quem permanecer estagnado nas querenças e noções, já do domínio da história, acerca do comportamento das camadas sociais, vigentes seis décadas atrás, está totalmente fora da realidade. Ou, em opção, está convicto de que, pressionando a sociedade com tácticas de medo e desestabilização conseguirão mudar o rumo actual.

Persistentes em querer viver fora da época são aqueles saudosistas, de novo cunho, que se incorporaram fosse por uma sequência familiar ou por uma adesão viral irremediável. Ficam estagnados nos dois polos opostos, que sem os referir pelos nomes que conservam, mas que nem sempre respeitam, podemos encontrar nos cacifos dos ultra-conservadores e dos revolucionários. Ambos são temidos, e massivamente rejeitados, por não terem doutrinas adaptadas ao pensamento e desejos da maioria da população.

Se os da esquerda já não comem criancinhas ao mata-bicho, os da direita também podem entender que o sector da população que adere, convictamente, aos sentimentos inculcados durante séculos, é cada dia menos numeroso. A cultura e o afastamento da pobreza extrema, mesmo com resíduos importantes neste extremo, vai progressivamente igualando os segmentos ou classes sociais. O efeito mais evidente é que leva o cidadão médio, já mais instruído, a renegar a bipolaridade, a preferência está no centro, em fugir dos compromissos e daí o absentismo nas eleições. Não querem saber de partidos políticos!

Uma atitude, compreensível, mas que é sumamente funesta para o futuro imediato, pois de facto deixa o campo livre para que, aqueles grupos partidários que desejam o poder, com egoísmo e espírito de ganância pessoal continuem a receber o poder.

Os cidadãos que podem presumir de ter uma cultura acima da média, mesmo que estiver concentrada em domínios muito restritos, devem aceitar que tem a obrigação moral e social de escapar dos extremos e oferecer parte do seu saber aos sectores da população a que tem acesso (se se esforçar a isso) a fim de tentar abrir-lhes caminhos para a concórdia que, mesmo existindo por instinto, nem sempre se aplicam devidamente.



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