Os
que são propensos à benignidade não poupam os elogios para quem
deixou este mundo. Mesmo que este empenho laudatório refira facetas
que não correspondem à realidade. Poucos escapam desta maquilhagem
e menos aqueles que, ainda vivos, preveem que para eles não se
cumprirá o hábito social.
Cujo
aqueles cujo comportamento em vida foi de molde a receber as piores
qualificações por parte da comunidade, incluídos os que ganharam,
com o seu esforço, a
imagem de facínora encartado, com uma longa ficha de referência dos
seus abusos, delitos e crimes, terão os seus sempre fieis, que com
afinco tentarão limpar a sua nefasta memória.
Esta
duplicidade na reacção da sociedade quando alguém nos deixa será
ecuménica? Ou é quebrada com aquele respeitoso silêncio daqueles
que não sabendo o que dizer de positivo tampouco desejam manchar a
sua própria estampa caso se decidirem a denunciar, ou esclarecer,
sob o seu ponto de vista, qual era de facto era a personalidade
daquele que, ao falecer, fez o seu maior serviço possível à
sociedade?.
Seja
como for, atendendo ao axioma de que Morre
o Bispo e morre o Papa, de morrer ninguém escapa,
tenho que admitir como certeza inabalável o facto de estar perto a
incineração do meu corpo já alquebrado. Assim como também tenho a
certeza, baseada no meu repulsivo “feitiozinho”, que
preferiria qualificar de feitio, sem diminutivo carinhoso,
não incitarei ninguém a dedicar palavras simpáticas ou severas.
Isto porque deixei bem recomendado que a minha morte não seja
referenciada além do reduzido círculo de familiares de primeira
linha.
Sem comentários:
Enviar um comentário