A
luta de classes conduziu à democratização da guerra.
José
L.Pardo – filósofo espanhol contemporâneo
É necessário mergulhar mais no
texto deste pensador para poder dar uma ideia do panorama inédito
que existe actualmente.
As possibilidades de difusão,
interacção e ainda o poder invadir e alterar, electrónicamente,
documentos e escritos de índole reservada, à distância e com
ocultação difícil de evidenciar, constitui a mais terrível arma
que se colocou à disposição de indivíduos que estavam fora do
sistema dominante.
Podemos avaliar este acontecimento
como sendo mais perigoso,pelas consequências inicialmente
inapreciáveis, do que o terrorismo clássico que neste momento
coloca em ânsias a população, não só do que chamamos de mundo
ocidental como está presente em muitas zonas do globo que, por
hábito, não constavam da nossa lista de preocupações imediatas.
Antes do aparecimento da pirataria
informática, o sector burguês da sociedade dispunha, em
exclusividade, à sua disposição todos os meios policiais e
militares para poder atacar os membros das camadas inferiores sem o
risco de sofrer baixas, pelo menos num quantitativo alarmante.
Quando rememoramos as grandes
contendas militares entre países que se tornaram beligerantes, vemos
que antes de abrir fogo foi necessário aplicar enormes somas de
dinheiro para armamento, agrupar e adestrar o sua carne de canhão, e
também dedicar esforços na doutrinação do seu povo para que
aceitasse a ideia de que abrir aquela contenda era fundamental para o
seu amado país, afirmando que sabiam como o pretenso inimigo estava
preparando-se, intensamente, para nos invadir. E que o governo estava
disposto a vos defender a tudo o custo. Todo aquele discursar
falacioso que conhecemos, sempre ocultando os verdadeiros motivos
que os impulsam para a belicosidade.
Continuando com o passado sabemos
que, mesmo naquelas consideradas como revoltas
populares, nos casos em que
tiveram sucesso, sempre careceram de personagens pertencentes às
camadas mais superiores da sociedade para os orientar, pois que os
labirintos do poder instituído não estavam no rol dos conhecimentos
do povo. As classes inferiores tinham um horizonte limitado à
igreja, à polícia, dos cobradores de impostos, dos diferentes
burocratas que os desorientavam e espoliavam, e finalmente as
cadeias.
Daí
que, até hoje, só aqueles que tinham tecto e sobrevivência
garantida é que podiam organizar e dar uma visibilidade ampla ao
movimento reivindicativo. Que por sua vez podem ter imaginado mas
por não ter contacto directo com o povo -hoje
dizemos as bases, mais imaginadas do que reais-
ficavam os dois sectores impotentes, sujeitos à repressão
inevitável. Hoje, com a democratização da informática, mesmo que
não totalmente abrangente para todo o sector menos letrado da
sociedade, possibilitou que muitos anónimos possam, desde os seus
ninhos, provocar situações
potencialmente perigosas. Já
nem carecem de se juntar em grupos, mesmo que pequenos, de
conspiradores. O hacker
pode permanecer não só anónimo mas com uma imagem mundana de
inocência totalmente imaculada. Só comparável à dos espiões
infiltrados que foram bem sucedidos, já que jamais se descobriu quem
estava sob o disfarce.
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