domingo, 23 de abril de 2017

PESCANDO FRASES V


A luta de classes conduziu à democratização da guerra.
José L.Pardo – filósofo espanhol contemporâneo

É necessário mergulhar mais no texto deste pensador para poder dar uma ideia do panorama inédito que existe actualmente.

As possibilidades de difusão, interacção e ainda o poder invadir e alterar, electrónicamente, documentos e escritos de índole reservada, à distância e com ocultação difícil de evidenciar, constitui a mais terrível arma que se colocou à disposição de indivíduos que estavam fora do sistema dominante.

Podemos avaliar este acontecimento como sendo mais perigoso,pelas consequências inicialmente inapreciáveis, do que o terrorismo clássico que neste momento coloca em ânsias a população, não só do que chamamos de mundo ocidental como está presente em muitas zonas do globo que, por hábito, não constavam da nossa lista de preocupações imediatas.

Antes do aparecimento da pirataria informática, o sector burguês da sociedade dispunha, em exclusividade, à sua disposição todos os meios policiais e militares para poder atacar os membros das camadas inferiores sem o risco de sofrer baixas, pelo menos num quantitativo alarmante.

Quando rememoramos as grandes contendas militares entre países que se tornaram beligerantes, vemos que antes de abrir fogo foi necessário aplicar enormes somas de dinheiro para armamento, agrupar e adestrar o sua carne de canhão, e também dedicar esforços na doutrinação do seu povo para que aceitasse a ideia de que abrir aquela contenda era fundamental para o seu amado país, afirmando que sabiam como o pretenso inimigo estava preparando-se, intensamente, para nos invadir. E que o governo estava disposto a vos defender a tudo o custo. Todo aquele discursar falacioso que conhecemos, sempre ocultando os verdadeiros motivos que os impulsam para a belicosidade.

Continuando com o passado sabemos que, mesmo naquelas consideradas como revoltas populares, nos casos em que tiveram sucesso, sempre careceram de personagens pertencentes às camadas mais superiores da sociedade para os orientar, pois que os labirintos do poder instituído não estavam no rol dos conhecimentos do povo. As classes inferiores tinham um horizonte limitado à igreja, à polícia, dos cobradores de impostos, dos diferentes burocratas que os desorientavam e espoliavam, e finalmente as cadeias.


Daí que, até hoje, só aqueles que tinham tecto e sobrevivência garantida é que podiam organizar e dar uma visibilidade ampla ao movimento reivindicativo. Que por sua vez podem ter imaginado mas por não ter contacto directo com o povo -hoje dizemos as bases, mais imaginadas do que reais- ficavam os dois sectores impotentes, sujeitos à repressão inevitável. Hoje, com a democratização da informática, mesmo que não totalmente abrangente para todo o sector menos letrado da sociedade, possibilitou que muitos anónimos possam, desde os seus ninhos, provocar situações potencialmente perigosas. Já nem carecem de se juntar em grupos, mesmo que pequenos, de conspiradores. O hacker pode permanecer não só anónimo mas com uma imagem mundana de inocência totalmente imaculada. Só comparável à dos espiões infiltrados que foram bem sucedidos, já que jamais se descobriu quem estava sob o disfarce.

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