TER
VERGONHA
Dou
como certo que cada um de nós chega o dia, o momento, em que ficamos
envergonhados por alguma coisa teve origem nalgum acto que cometemos.
Normalmente este fase de penitência mental passa com relativa
rapidez. Até que, inesperadamente, e mais se temos consciência de
que outros observaram, votamos a sentir este peso mental, seja porque
algo aconteceu que pode macular a nossa honra, por acanhamento ou por
termos faltado ao decoro. Por sorte em ocasiões os fados nos
favoreceram e verificamos que, pelo menos aparentemente, ninguém deu
por isso; daí que não houve desonra a lamentar.
Mas
existe um sentimento de vergonha mais difícil de engolir, seja em
seco ou em molhado. Refiro aquilo que qualificamos como de vergonha
alheia. Em principio sinto que
este sentimento, penoso e sem possibilidade de poder controlar e
muito menos de anular, pode aparecer por diversas razões, mas sempre
porque uma entidade ou uma pessoa, a quem dedicamos amizade e
fidelidade, manifesta-se com afirmações e propósitos que não
encaixam com a personalidade que mereceu a nossa afeição.
As
mesmas atitudes se tomadas por indivíduos que nos sejam indiferentes
podem provocar rejeições viscerais, mas numa escala não afectiva.
Podia
tentar alongar este tema,como é meu hábito, mas como o impacto que
me marcou foi profundo, não me sinto em condições de continuar.
Como escrevi antes, subentende-se que a vergonha própria deixa menos
marcas do que a vergonha alheia. Neste momento não me sinto em
condições de tentar raciocinar a fim de explicar esta diferença de
grau.
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