sábado, 22 de abril de 2017

SER CÉPTICO



Após consultar o dicionário da língua lusitana que tenho na mesa de trabalho, e que por ter sido compilado e editado antes do repelente desacordo ortográfico, merece o meu mais profundo respeito e até veneração. Caso este sentimento for permitido por aqueles que o reservam, em regime de exclusividade, para entidades com chancela vaticana. Sendo também coerente afirmo a minha convicção de que ser céptico implica carregar um peso social difícil de suportar e, caso não bastasse, ser visto como um ser indesejável, a-social, dada a sua insistência em destruir as convicções que tanto agradam a muitos cidadãos, valorizados como normais.

O dicionário diz: céptico é aquele que duvida de tudo o que não é evidente; incrédulo; pirrónico; pessimista; teimoso; obstinado.

O que me faltava saber! Dando fé à cultura sou, e não sabia, seguidor de Pirrão, que consta ter sido um filósofo grego que viveu, pouco mais ou menos, entre 360 a.C. E 270 a.C. Para compensar, pelo menos anímicamente, existe no santoral cristão o conhecido Santo Tomé, que insistia em que só acreditava se visse ou tocasse. Um sentimento bastante comum entre os galanteadores. Como podem testemunhar as meninas que são assediadas por aqueles “polvos”, tantas são as mãos que anseiam por manusear os seus corpo. Mas também pode ser que, na actualidade, as reticências femininas tenham desaparecido.


Mesmo depois de consultar, a vol-d'oiseau, alguns textos filosóficos não fiquei minimamente tranquilo por saber que os cidadãos, na sua imensa maioria, não apreciam ou nem sequer aceitam que alguém tente liberta-los de algumas convicções, crenças ou mitos que não resistem a uma abordagem racional. A reacção habitual é a de se fechar e afastar-se de quem o contrarie, com a mesma tensão que aplicaria a um apestado.

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