segunda-feira, 24 de abril de 2017

FASCISMO versus COMUNISMO



As décadas de paz no Ocidente e a implosão do consumismo deram uma reviravolta no panorama político que herdamos, pelo menos na nomenclatura dos partidos. Apesar desta sensação de existirem menos entraves na adquisição e desfrute de bens e serviços, incluída a muitas vezes enganosa noção de ter bens imóveis, quase sempre centrados na “compra” de uma casa de habitação para acolher a sua família, o facto de ter que pagar o IMI já os torna proprietários perante o fisco.

É pertinente ter a noção de que, pelo menos entre nós, o tempo das ditaduras extremistas só permanece activo na mente dos extremistas dos dois lados opostos. Fora deste grupo perigoso que, como os necrófagos urubus, sempre estão aguardando a sua oportunidade para se locupletar nos bens alheios e em instituir a repressão cega, com a qual podem entregar vítimas aos sádicos esbirros que são os alicerces do seu poder. Entre as hostes dos dois movimentos, que estão desfasados no tempo, pelo menos entre nós, existem os que negam participar nas zonas negras do seus estimados, embora nunca façam nada no sentido de promover a sensatez e o humanismo real.

É lamentável o facto de que na Europa comunitária e por um complexo leque de circunstâncias, umas próprias e outras com génese fora, criou-se um clima de incerteza e temor. Uma das facetas deste nervosismo é a presença, cada dia mais notória, de gentes que sendo oriundas de áreas onde a religião imperante é o islamismo - com várias estirpes que guerreiam entre si- que não aceitam de bom grado a adopção dos hábitos e costumes do país que, propositadamente, escolheram para que os acolhessem. O que sim lhes agrada, e não dispensam, é o poder aproveitar, no máximo, todas as ajudas sociais que, com extrema benevolência, os governos colocaram à disposição destes migrantes.

Além deste foco de inquietação e descontentamento, é pertinente recordar que existem outros temas que influem na vida social das populações das camadas abaixo dos muito bem instalados. Sendo assim o clima de revolta contra o sistema, mesmo que pouco analisada por parte dos descontentes, está condicionado aos efeitos provocados pela desindustrialização, pelo livre comércio e pela ainda não estabilizada a nova economia.

A utilização destas inquietudes por parte dos conservadores, interesseiros como lhes é apanágio, e também saudosistas da sua ditadura, lhes proporcionou um caldo de cultura para poder avançar no seu desejado percurso para o poder total e, como futuro inevitável, desfazer tudo o que puderem do, para eles nefasto, estado social.

Estes conservadores, claramente neo-fascistas, tratarão de reduzir, reduzir, ainda mais, e anular as reformas pelo trabalho (que o governo actual também tem na sua mira); o atendimento médico pelo SNS a quem não tenha capacidade económica para se dirigir à medicina privada; descurarão, progressivamente, o apoio à velhice e, se conseguirem dominar por completo a sociedade, induzir, subtilmente, a eutanásia dos dispensáveis, que obviamente serão aqueles que não pertencem ao seu grupo de eleitos. E outros motivos de acção estão, com certeza, na sua ementa de actividades que desejam fomentar.

Entre nos, como sabemos ou deveríamos saber, o socialismo nacional está mais desnatado do que o leite magro. O benfeitor da Pátria, recentemente falecido e merecedor de vir a ocupar um belo sarcófago num lugar de alto relevo, e mais os seus parceiros, depois de seleccionados por ele mesmo, encarregaram-se de só manter a sigla partidária, pois pragmáticamente sabiam que, sendo já burgueses (ele desde nascença) e outros porque engordaram pelo caminho, a população normal, os que quer é sopas e descanso, não está propícia a invadir propriedades, tanto rústicas como urbanas.

A insistência em maldizer do socialismo utiliza um alvo errado. Os socialistas de hoje são exclusivamente partidários de que o governo não utilize as classes média e baixas só para as sangrar, e que as melhores fatias deste espolio sejam dirigidas aos capitalistas que apoiaram as suas campanhas.

Nem sequer há que recear as “feras” dos partidos comunista e os da sua esquerda, que gostam de vociferar para provocar o alarme. Esta zona do espectro político nacional está numa fase residual, e só crescerá se os conservadores os provocarem. Sabem que a população que “deveria” ser o seu alvo de captação de votos não quer colocar as “suas galinhas” à disposição dos exaltados.

Quando era novo, jovem, era frequente ler e ouvir, vindo dos católicos progressistas e dos da esquerda mais bonzinhos, que Jesus foi o primeiro socialista da história. Curiosamente este Jesus não tinha nada para dar neste mundo, nem sequer trabalhava par poder distribuir um pecúlio. O que ele oferecia era uma utopia, que dava como certa e indiscutível. Mas os humanos, se esceptuar os eremitas vocacionais, gostam dos bens terrenos, de comer -bem e bom se for possível- de vestir roupa nova e dentro da moda imposta, de habitar e de passear, nem que seja no low-cost.


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