terça-feira, 11 de abril de 2017

ONDE ESTÁ A RESPONSABILIDADE ?



Antes de iniciar a apresentação do meu parecer, que corresponde ao de um velho com 79 anos de casa, quero dar entrada a um pequeno excerto do que um reputado psiquiatra manifestou:

Uma atitude que o psiquiatra juvenil Daniel Sampaio considera ser um reflexo de "um défice de autoridade" por parte dos pais. "Os jovens devem ser responsabilizados pelos seus gestos e comportamentos. Depois os pais têm de exercer autoridade, não autoritarismo, mas autoridade baseada numa relação de regras com cumprimento de direitos e deveres, que deve começar na infância."

As ocorrências recentes, em diversos patamares da vida nacional, mostram como o sentimento de irresponsabilidade se instalou fortemente entre nós. O caso dos excessos de incivismo e carência de educação que foram destacados estes dias, apontando a grupos de jovens, que se julgam adultos, mas irresponsáveis, nem sequer é uma situação nova.

Antes de que os grupos de jovens, sem hábitos de qual deve ser o seu comportamento segundo as normas de convivência social, se tornassem evidentes num hotel na costa sul de Espanha, já anteriormente se tornaram indesejáveis nas unidades hoteleiras entre a costa de Tarragona até a norte de Barcelona. Parece que entrou no fosso do esquecimento os que morreram ao tentar saltar de umas varandas para outras, possivelmente incitados pela vontade de armar barraca, associado a uma desejada embriagues. Outros grupos, nomeadamente de ingleses, já antes deram exemplo deste péssimo comportamento. Cá temos por hábito imitar, e habitualmente as imitações são piores do que os originais.

Tal como nos diz o Professor Daniel Sampaio, o cerne deste problema comportamental está nos pais, e até acrescento de muitos avós. A obrigação de educar e orientar os descendentes degradou-se com a evolução da sociedade.

É reconhecida a concepção errada, mas instalada em demasiadas famílias, de que o civismo deve ser ministrado pelos docentes nas escolas, abdicando com total descontracção do que sempre foi uma das principais tarefas e obrigações dos adultos para os seus descendentes. É no seio da família que se devem inculcar as boas regras. Assim fazem a maioria dos mamíferos, animais que qualificamos de irracionais, mas que mostram ter um sentido de responsabilidade maior do que os humanos da actualidade.

Outro sintoma que nos é desfavorável é o de os pais entregarem importâncias excessivas de dinheiro aos seus filhos, por não resistirem com a autoridade que, no fundo, os educaria na sensatez. Deste facto, inquestionável, podemos concluir que, apesar da sempre referida crise, existe um sobrante de dinheiro disponível, seja resultado de trabalho ou negócios, ou conseguido através de crédito. Seja como for, habituamos mal os jovens. E muitos dos pais actuais já foram assim mal educados.

Outra faceta que está presente neste acontecimento, que insistem em apresentar como pontual, é o de desculpar as tropelias, como se o alardear de incivismo seja justificável. Desculpar a chusma, mesmo que se confirme serem uma parte do todo, não é método que eduque. Tão ladrão é o que vai ao nabal como o que fica ao portal.

Esta tendência a desculpar, usando subterfúgios e deixar os evidentes responsáveis de fora, nem sequer é exclusivo de Portugal. As manifestações emanadas dos países do sul da UE a propósito das palavras, de Dijesselbloem qualificando, de uma forma descontraída e até amiga por não ser tão agressiva quanto poderia ter sido, é uma dupla vergonha.

Em primeiro lugar, e com destaque, todos somos conscientes que muito do dinheiro que, desde os centros de decisão da UE, foi entregue aos países do sul com o propósito de que recuperassem o seu atraso em relação aos mais avançados, foi mal gasto, desapareceu sem dar os resultados prometidos. Indo, mais uma vez, ao rifoneiro, ali encontramos Dinheiro “emprestado” será mal parado. Ninguém duvida nem pode por as suas mãos no fogo pela boa gestão daquelas enormes verbas.


Mas este reconhecimento interno não impede que tantos gritem, berrem, se mostrem ofendidos, e “exijam” a demissão de quem, a meu ver, pode ter sido infeliz quando não pretendia ser demasiado explícito. Poucas opiniões encontrei, sem as procurar exaustivamente, onde se escalpelize a verdade dos factos.

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