Antes
de iniciar a apresentação do meu parecer, que corresponde ao de um
velho com 79 anos de casa, quero dar entrada a um pequeno excerto do
que um reputado psiquiatra manifestou:
Uma
atitude que o psiquiatra juvenil Daniel Sampaio considera ser um
reflexo de "um défice de autoridade" por parte dos pais.
"Os jovens devem ser responsabilizados pelos seus gestos e
comportamentos. Depois os pais têm de exercer autoridade, não
autoritarismo, mas autoridade baseada numa relação de regras com
cumprimento de direitos e deveres, que deve começar na infância."
As
ocorrências recentes, em diversos patamares da vida nacional,
mostram como o sentimento de irresponsabilidade se instalou
fortemente entre nós. O caso dos excessos de incivismo e carência
de educação que foram destacados estes dias, apontando a grupos de
jovens, que se julgam adultos, mas irresponsáveis, nem sequer é uma
situação nova.
Antes
de que os grupos de jovens, sem hábitos de qual deve ser o seu
comportamento segundo as normas de convivência social, se
tornassem evidentes num hotel na costa sul de Espanha, já
anteriormente se tornaram indesejáveis nas unidades hoteleiras
entre a costa de Tarragona até a norte de Barcelona. Parece que
entrou no fosso do esquecimento os que morreram ao tentar saltar de
umas varandas para outras, possivelmente incitados pela vontade de
armar barraca, associado a uma desejada
embriagues. Outros grupos, nomeadamente de ingleses, já antes
deram exemplo deste péssimo comportamento. Cá temos por hábito
imitar, e habitualmente as imitações são piores do que os
originais.
Tal
como nos diz o Professor Daniel Sampaio, o cerne deste problema
comportamental está nos pais, e até acrescento de muitos
avós. A obrigação de educar e orientar os descendentes degradou-se
com a evolução da sociedade.
É
reconhecida a concepção errada, mas instalada em demasiadas
famílias, de que o civismo deve ser ministrado pelos docentes nas
escolas, abdicando com total descontracção do que sempre foi uma
das principais tarefas e obrigações dos adultos para os seus
descendentes. É no seio da família que se devem inculcar as boas
regras. Assim fazem a maioria dos mamíferos, animais que
qualificamos de irracionais, mas que mostram ter um sentido de
responsabilidade maior do que os humanos da actualidade.
Outro
sintoma que nos é desfavorável é o de os pais entregarem
importâncias excessivas de dinheiro aos seus filhos, por não
resistirem com a autoridade que, no fundo, os educaria na sensatez.
Deste facto, inquestionável, podemos concluir que, apesar da sempre
referida crise, existe um sobrante de dinheiro disponível, seja
resultado de trabalho ou negócios, ou conseguido através de
crédito. Seja como for, habituamos mal os jovens. E muitos dos pais
actuais já foram assim mal educados.
Outra
faceta que está presente neste acontecimento, que insistem em
apresentar como pontual, é o de desculpar as tropelias, como se o
alardear de incivismo seja
justificável. Desculpar a chusma, mesmo que se confirme serem uma
parte do todo, não é método que eduque. Tão ladrão é o que
vai ao nabal como o que fica ao portal.
Esta
tendência a desculpar, usando subterfúgios e deixar os evidentes
responsáveis de fora, nem sequer é exclusivo de Portugal. As
manifestações emanadas dos países do sul da UE a propósito das
palavras, de Dijesselbloem qualificando, de uma forma
descontraída e até amiga por não ser tão agressiva quanto poderia
ter sido, é uma dupla vergonha.
Em
primeiro lugar, e com destaque, todos somos conscientes que muito do
dinheiro que, desde os centros de decisão da UE, foi entregue aos
países do sul com o propósito de que recuperassem o seu atraso em
relação aos mais avançados, foi mal
gasto, desapareceu sem dar os resultados prometidos. Indo,
mais uma vez, ao rifoneiro, ali encontramos Dinheiro “emprestado”
será mal parado. Ninguém duvida nem pode por as suas mãos no
fogo pela boa gestão daquelas enormes verbas.
Mas
este reconhecimento interno não impede que tantos gritem, berrem, se
mostrem ofendidos, e “exijam” a demissão de quem, a meu ver,
pode ter sido infeliz quando não pretendia ser demasiado explícito.
Poucas opiniões encontrei, sem as procurar exaustivamente, onde se
escalpelize a verdade dos factos.
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