Deixando de lado, por pertencer a
outro universo caracterizado por dar mais importância ao impacto
visual do que à estrita função de proporcionar um espaço seguro e
fechado donde poder guardar um artigo, optei por tentar fazer uma
analise sumária do peso económico e social dos diferentes tipos de
embalagens, pelo menos das que nos aparecem ao longo do dia.
O
tema surgiu-me em consequência de ter iniciado uma fase de trabalhos
com madeira. Coisas sem importância, que me ocupam algumas horas do
dia. Esta viragem aconteceu depois de ter ensaiado vários sectores
da criatividade (inútil), Senti o impulso de variar o tratamento da
madeira que tinha feito anteriormente. Desta vez optei por trabalhar
com madeira usada, recuperada ou já trabalhada anteriormente de modo
funcional.
Imaginava
que encontraria, sem dificuldade, uma quantidade de restos lenhosos
digna de pasmo. A realidade foi muito diferente, a minha memória
mantinha-se agarrada às caixas de sabão, as de fruta, e até às
grades que se usavam para protecção de equipamentos. Mesmo as
famosas paletes de madeira estão em retrocesso.
Desta
constatação veio o meditar sobre o que se ganhou ou perdeu ao
substituir a madeira (ou o vidro) para transportar produtos. Sem
procurar valores credíveis que me ajudassem na comparação da
relação custo-beneficio, cheguei a critérios que, em quase todos
os casos, podem denunciar que as opções actuais são tomadas mais
pelo custo imediato do que pela avaliação de todos os factores que
incidem antes, durante e depois da utilização de cada família de
embalagens ou contentores.
EMBALAGENS
E CONTENTORES DE MATERIAL TERMO-PLÁSTICO
A
julgar pelo domínio, quase que total, deste material, e dando como
indiscutível que a capacidade de produção, medida em unidades por
hora, de qualquer destas peças, não pode ser igualada por nenhuma
outra matéria prima, temos que aceitar o facto e ser o seu custo,
imbatível, tanto na produção como em todas as fases da sua vida
útil.
Mas
o que também é visível, e notável pelo prejuízo ambiental que
provoca, é que uma vez utilizada, estragada e não reciclada, dado
que encontramos demasiado lixo de plástico para acreditar na sua
reutilização, estes materiais já constituem uma séria ameaça
para o eco-sistema em que estamos inseridos. Os mares e oceanos estão
poluídos desde a superfície até os seus fundos com peças ou
partículas com longa vida ou mesmo inalteraveis, que preocupam e
alarmam a todos os que se deparam com este facto.
Valerá
a pena insistir em todo o tipo de embalagens, desde sacos até
frascos ou carcaças de aparelhos, e uma multidão de peças que se
incorporam nos mais diversos produtos? Com os materiais sintéticos
não totalmente degradáveis estamos envenenando o planeta.
EMBALAGENS
E CONTENTORES METÁLICOS
Tradicionalmente
usaram-se o ferro e alumínio, além de ligas de onde entra o níquel,
cádmio, estanho, cobre, zinco e algum outro metal. Em todos os casos
a corrosão e a reutilização é quase total por ser valorizada como
matéria prima no circuito produtivo. Em comparação com os
materiais sintéticos ganha pontos por não constituir uma ameaça
equiparável para a saúde da Terra.
VIDRO
É
o material de mais fácil de reciclar. Mas tem a seu desfavor, quando
valorizado exclusivamente pelos custos comerciais, do seu peso e do
pouco, ou nenhum, interesse em reutilizar as peças que na primeira
metade do século XX se recuperavam. Opta-se por obedecer os baixos
preços de fabrico, inferiores aos custos unitários de reutilização,
e assim desprezar os benefícios sociais e ambientais que a
reutilização poderia oferecer. Também aqui o dinheiro decide.
E,
em abono da verdade, muitos cidadãos não aderem convictamente às
normas de respeito pelo ambiente. Nem as autoridades insistem em
promover a recolha, porque isto implica custos em todas as etapes.
EMBALAGENS
DE MADEIRA
Apesar
de as unidades fabris já terem aderido à automatização, estes
produtos implicam mais custos de mão de obra por unidade produzida
do que a peça equivalente de plástico. É mais pesada e, em geral
ocupa um volume inalterável, e são passíveis de deterioro.
Difíceis de empilhar e com custos não negligenciáveis para serem
reutilizadas. Tem tudo em sua contra.
Todavia
estão directamente ligadas à natureza e na sua génese, desde a
plantação das árvores até à manufactura das peças encomendadas,
deve ter o índice de horas de trabalho por milhar de peças saídas
da fábrica, mais elevado do que qualquer outra solução. Não
admira que quase tenham desaparecido.
EMBALAGENS
DE CARTÃO
Ocuparam
muitos sectores que estavam ocupados pelas caixas de madeira.
Aparentemente são uma boa opção. Fáceis de fabricar, mesmo em
linhas automáticas. Aceitam impressão e decoração, tanto nas
faces em pasta mecânica. Sem branqueamento. Noutras o cartão é
revestido com uma folha de papel apta para uma boa impressão. Leves
e resistentes, podem ser estudadas para diferentes volumes e cargas.
Habitualmente são para um uso, não reutilizáveis, mas são uma boa
fonte de matéria prima para produzir nova pasta caso sejam
recolhidas e retomem a linha de fabrico.
Apesar
de que no seu esquema de produção está uma das indústrias mais
poluentes da actualidade, e que consome muitos milhares de toneladas,
ou de esteres, de madeira em bruto, contribuindo na erosão dos
terrenos, o seu nicho de mercado parece sólido.
Decidir
da bondade ou a preferência a dar a cada um destes sectores é
difícil, pois a avaliação pelos efeitos no meio ambiente, ou pela
importância social avaliada pela utilização de mais ou menos horas
de trabalho valorizadas como fonte de emprego. Ou pelos efeitos a
montante e a jusante do produto. Assim como do custo unitário a
incorporar no material que deve proteger ou transportar. É um tema
complexo,porque implica dar mais importância a alguns, ou algum,
pormenor em detrimento de outros.
Até
o momento o aspecto económico ofusca o ambiental, dado que este não
está cotizado na bolsa de valores.
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