domingo, 2 de fevereiro de 2020

MEDITAÇÕES – Indigestas



Podemos avaliar-nos convincentemente? Sou igual ou diferente?

São perguntas e não afirmações. Traduzem situações que tem alterado o meu descanso nocturno (Podem aproveitar esta frase nalguma redacção ou no preenchimento da declaração do IRS) em inúmeras ocasiões, com risco comprovado -pela antiga prova dos 9- de poder perder o pouco juízo que me tem acompanhado ao longo de 80 e tais e quais.

Vou tentar explicar-me, -a mim mesmo- tal como se infere da palavra hifenizada -que não infernizada-, e simultâneamente, ou seja, ao mesmo tempo e no exacto sitio, ou lugar, a quem tenha a infeliz ideia de se sentar em frente de um ecrã computorizado e conseguir sintonizar este canal caveira.

O duvidar da minha cordura -o que de por si mostra, indubitavelmente, uma total e absoluta falta da dita- acontece quando medito acerca de se aquilo que vejo, sinto e tento transmitir a segundos, terceiros e quartos, mas não a salas nem corredores, é idêntico ao que outros bípedes da nossa espécie ò-mana podem ver, sentir ou transmitir. Nada me garante que seja assim que acontece. É uma pura, banal, inútil e totalmente ineficaz pensadura, mais mole do que uma mama, não operada, de uma mulher já com mais de meio século de existência terrestre.

Mas, por favor, não desprezem esta minha dúvida, transcendente e pertinaz. Uma situação anímica que me leva a imaginar, e não quero aceitar tal raciocínio desencorajante, que sou um espécimen raro, não digo único, mas que  não está muito longe disso. Todavia ao recordar que os manicómios foram fechados, abandonados, despovoados, por decisão superior, e mandado que cada família tinha que aturar os seus desequilibrados, mesmo que fossem perigosos, incendiários compulsivos, envenenadores dos seus mais chegados -e até dos vizinhos inocentes e confiados- mordedores ou agressivos com facas aguçadas, membros de claques desportivas (*) e outros desvarios inaceitáveis, como o ser de esquerda baixa, ou esquerdalha (esta derradeira situação pode dar-se no seio das melhores famílias. SAFA! VADE RETRO BELZEBÚ).

Sempre atentos a todas as possibilidades, e existindo o recurso a muitas alíneas que especificam as fugas tangenciais ao mandado no diploma central, fica resguardada a situação daqueles que não tenham familiares de proximidade aos quais o Estado Previdência lhes possa impingir -mais acertadamente devolver- estes seres desequilibrados. Para esta minoria sem importância -porque normalmente não comparecem nos dias de votar. Por outras palavras: não contam para o totobola- pois, a estes lhes são distribuídas doses cavalares de paciência e uma caixa grande de cartão onde se possam abrigar nas noites frias. As pneumonias e outras moléstias respiratórias se encarregarão de lhes oferecer um fim adequado. E os cidadãos normais, que jamais tiveram uma camisa de forças vestida, podem manterem-se tranquilos.

Retomando o fio da meada (meada em castelhano) insisto, sem que até agora sinta que o tenha conseguido, esclarecer onde reside (habita, mora, vive, permanece) o meu magno (como o Carlos dito) problema. Em poucas palavras consiste em:

TÁ TÁ TATÁ Com uma certa frequência (sem modular) penso que é de aceitar que era possível, aceite pela sociedade anónima SARL, que generalize os meus elevados pensamentos para a grande plêiade de humanos que me rodeiam, tanto numa área de algumas centenas de metros de raio que o parta, como inté na totalidade do território nacional, mais as ilhas adjaçómetras. E porque não estender à totalidade da Península Ibérica? (onde proliferam os espanhuelos e espanhuelas, estas com fatos de bolas e eles com chapéus de aba plana) incluídos Gibraltar, Olivença (que nunca mais se decidem a devolver) e, porque não, aqueles embirrantes da Catalunha?

A tristeza e desânimo invadem-me, irremediavelmente, pela convicção de que não se aproximará um ombro amigo para oferecer amparo ao meu desolado cráneo, enquanto me afagasse as costas e desse umas palmadinhas de consolo. Se não for exigir demasiado, um lenço lavado para enxugar as lágrimas e recolher a baba e ranho, não iria mal. Eu agradeceria com muita ternura e sentimento.

(*) as claques dos teatros, que só aplaudiam, assobiavam ou pateavam por encomenda, não contam. Eram meninos de coro comparados com os financiados pelos clubes de futebol.

Sem comentários:

Enviar um comentário