GENERALIZO
SEM TER UMA BASE
Há anos que quando leio alguma obra
de história, ou de ficção, que me cative, sinto mentalmente que
além de seguir o texto escrito, em muitas ocasiões, estou
presenciando os locais e os factos que me são transmitidos
“friamente” por aquele texto impresso. Especialmente nos casos,
normais em livros para adultos, em que não se intercalaram figuras,
fotografias ou desenhos, com o intuito de facilitar a integração do
leitor no conteúdo da obra.
Custa-me bastante, por acanhamento,
abrir a minha maneira, intensa e participativa, com que tento
absorver e interpretar aquilo que o autor nos quer oferecer, com a
melhor das intenções e usando todo o seu saber como escritor/a.
Suponho que esta intenção de transferência deve ser a intenção
primordial do autor. Não posso acreditar que quem escreve entregue o
seu trabalho, seja autobiográfico ou imaginado, sem esperar que o
leitor -se interessado-
não se sinta integrado naquela descrição.
As
impressões que podemos utilizar do nosso arquivo mental, vindas de
observação directa ou através de meios de difusão de imagens,
devem ser tão numerosas e variadas que atrevo-me a dizer que se não
travarmos a nossa mente ao ler, sem dar por isso estamos ilustrando,
dando vida, aquelas séries lineares de caracteres tipográficos,
aparentemente áridas.
Sabemos
que as línguas ocidentais, pretendem, e por vezes conseguem,
representar sons e palavras utilizando composições de símbolos, em
conjuntos, mais ou menos curtos ou longos de letras. Variável
consoante as necessidades de cada língua, e que chamamos de
alfabeto. É através de múltiplas combinações destes símbolos que ao se
adoptarem globalmente, transmitimos ideias e descrições com a
convicção de que podem corresponder a sons concretos, e
interpretados como se os emitíssemos de viva voz.
Mas
outras civilizações, mesmo vivas na actualidade, em vez de uma
restrita série de símbolos correspondentes a sons, optaram por
utilizar ideogramas, que podem corresponder não só a palavras
soltas como a orações completas. Numa escrita deste tipo os
resultados conseguidos não serão inferiores aos que possibilita o
uso dos alfabetos. Existem várias línguas que,ainda hoje utilizam
esta técnica de escrita. Alguma destas línguas com escrita normal por ideogramas, em certas ocasiões e a por razões comerciais ou técnicas, debatem-se com a
necessidade de transcrever para símbolos ocidentais. Outras já
caíram no esquecimento, apesar de terem deixado testemunhos da sua
importância.
Estas
grafias por símbolos e não por sons combinados devem facilitar
aquilo que sugeri de entrada nesta “meditação”. É quase
impossível que ao interpretar estes ideogramas não surjam, na mente
do leitor, as imagens e mensagens quase como as lidas numa banda
desenhada com poucas legendas.
Só
me falta, e continuarei a não ter, saber das opiniões sensatas de algum
leitor, com as quais possa confirmar, ou não, que a minha mente
funciona como a de muitos outros indivíduos devidamente considerados
normais. Nem sequer posso agradecer a vossa colaboração. E lamento.
Sem comentários:
Enviar um comentário