MEDITAÇÕES
– Saltou o alarme
Diz
a caldeira à sertã: Sai para lá e não me enfarrusques
Não
sei por que cargas de água -mesmo hoje que a água
carrega-se em garrafões DE PLÁSTICO! - surgiu-me
à frente este rifão popular. Suponho que deve ser consequência de
verificar, mais uma vez, que neste espectro de políticos,
governantes e oposicionistas, a ética e a limpeza, ou higiene
comportamental, não brilham, por estarem ausentes em demasia. Ou,
com mais senso se pode afirmar que estão postas muito de lado. Se
não totalmente.
Ainda
ontem, quando ia procurar repouso corporal, ouvi uma voz, notoriamente alarmada, que me dizia, com convicção e alarme, qualquer coisa como: O nosso primeiro ministro, o tal Costa que ocupa
este lugar de destaque, deve estar muito atrapalhado com tantas negas
e confirmações dos seus adjuntos, e dele próprio, neste lamaçal
que, desde os primeiros dias, se notava estar no seio do famoso e
misterioso roubo num paiol militar em Tancos.
Não
gravei nem passei a papel com auxílio da estenografia, por duas
razões, e não três como o anão mais alto do circo. Em primeiro
lugar porque o gravador portátil que utilizava, e os seus
companheiros electrónicos leitores de cassetes audio e de imagem,
foram retirados da circulação, e, em segundo lugar, porque a minha
insistente ideia de andar sempre com um bloco de apontamentos
disponível, ou seja a mão de semear (fosse
trigo ou fosse joio),
nunca chegou a criar raízes, A decisão sempre foi solene no instante em que
a tomo. Mas depressa se esbate. O máximo que consegui é o
ter num bolso algum resguardo ou factura disponível para apontar, no reverso, alguma ideia. E já é muito!
Mas,
recuando e deixando estas divagações inúteis de lado, o que era
apresentado como alarmante correspondia as afirmações e negativas
que ontem, e na véspera, se ouviram e leram a propósito da
trapalhada e mentirolas, mais próprias de escolares da primária do
que de indivíduos crescidos Que ocupam postos que
implicam seriedade e respeito. Naquele momento quem me alertou
sentia-se, verdadeiramente como se Portugal, ou os seus cidadãos, estivéssemos à beira de um abismo.
Fiquei
atónito com esta dedução tão alarmista. Será que já se
esqueceram que, neste jardim de que tanto gostamos, as trovoadas não
são devastadoras? Que tudo passa em poucas horas e voltamos a ter um
sol radioso para nos alegrar? É que terramotos como o de 1755 não
acontecem todos os dias. Felizmente. E que não são consequência de
comportamentos errados de personalidades.
O
pessoal normal, ou anormal consoante o ponto neutro esteja mais ou
menos deslocado em relação ao fiel da balança, esquece tudo tal
como o hipnotizado acorda, instantaneamente, quando o artista faz
estalar os dedos polegar e indicador. Nem nos tempos mais austeros a
que assisti, já em transito para a democracia, mas na euforia virica própria da fase de mudança, que , entre outros movimentos, os padeiros
decidiram não trabalhar de noite e deixamos de ter pão fresco de
manhã. E o leite escasseava, não se sabe se por greve das vacas vermelhas (?) ou porque faltava o carcanhol para o importar, o se sabe é que obrigava a fazer fila de espera
às portas do local onde se vendiam sacos de plástico da UCAL (urina
com algum leite, afirmavam as más línguas)
e não
forneciam mais do que um saco por cabeça, sem atender a quantas
pessoas de família representava aquele sofredor cidadão que não
fazia fila por desporto. Pois nem isso fez com que o “maralhal”
se revoltasse com paus e pedras. Ou seja, a noção de que O
POVO ESTÁ SERENO é um
facto sobradamente comprovado. E, mais uma vez, se confirmou que os
alarmes não duram mais do que a chama de um fósforo.
Se
alguma coisa nos deveria fazer cair a cara de vergonha é que não é
necessário o respeitar, cegamente, a autoridade de um líder eleito,
-nem que o tenha conseguido com alguma
biscambilha-
mas pior, que por extensão, qualquer sujeito que se coloque sobre um tijolo, como se
fosse um pedestal, é respeitado, mesmo que mereça ser apupado,
assobiado, enxotado, como se fosse um rato ou mesmo uma mosca brejeira.
NOTAR
– Este conceito de o respeitinho
é muito bonito, ou conveniênte, não
está a ser seguido, ou melhor dizendo honrado, por alguns sectores
enquistados no seio da bondade social lusitana.
Sem comentários:
Enviar um comentário