sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

MEDITAÇÕES - Saltou o alarme


MEDITAÇÕES – Saltou o alarme

Diz a caldeira à sertã: Sai para lá e não me enfarrusques

Não sei por que cargas de água -mesmo hoje que a água carrega-se em garrafões DE PLÁSTICO! - surgiu-me à frente este rifão popular. Suponho que deve ser consequência de verificar, mais uma vez, que neste espectro de políticos, governantes e oposicionistas, a ética e a limpeza, ou higiene comportamental, não brilham, por estarem ausentes em demasia. Ou, com mais senso se pode afirmar que estão postas muito de lado. Se não totalmente.

Ainda ontem, quando ia procurar repouso corporal, ouvi uma voz, notoriamente alarmada, que me dizia, com convicção e alarme, qualquer coisa como:  O nosso primeiro ministro, o tal Costa que ocupa este lugar de destaque, deve estar muito atrapalhado com tantas negas e confirmações dos seus adjuntos, e dele próprio, neste lamaçal que, desde os primeiros dias, se notava estar no seio do famoso e misterioso roubo num paiol militar em Tancos.

Não gravei nem passei a papel com auxílio da estenografia, por duas razões, e não três como o anão mais alto do circo. Em primeiro lugar porque o gravador portátil que utilizava, e os seus companheiros electrónicos leitores de cassetes audio e de imagem, foram retirados da circulação, e, em segundo lugar, porque a minha insistente ideia de andar sempre com um bloco de apontamentos disponível, ou seja a mão de semear (fosse trigo ou fosse joio), nunca chegou a criar raízes, A decisão sempre foi solene no instante em que a tomo. Mas depressa se esbate. O máximo que consegui é o ter num bolso algum resguardo ou factura disponível para apontar, no reverso,  alguma ideia. E já é muito!

Mas, recuando e deixando estas divagações inúteis de lado, o que era apresentado como alarmante correspondia as afirmações e negativas que ontem, e na véspera, se ouviram e leram a propósito da trapalhada e mentirolas, mais próprias de escolares da primária do que de indivíduos crescidos Que ocupam postos que implicam seriedade e respeito. Naquele momento quem me alertou sentia-se, verdadeiramente como se Portugal, ou os seus cidadãos, estivéssemos à beira de um abismo.

Fiquei atónito com esta dedução tão alarmista. Será que já se esqueceram que, neste jardim de que tanto gostamos, as trovoadas não são devastadoras? Que tudo passa em poucas horas e voltamos a ter um sol radioso para nos alegrar? É que terramotos como o de 1755 não acontecem todos os dias. Felizmente. E que não são consequência de comportamentos errados de personalidades.

O pessoal normal, ou anormal consoante o ponto neutro esteja mais ou menos deslocado em relação ao fiel da balança, esquece tudo tal como o hipnotizado acorda, instantaneamente, quando o artista faz estalar os dedos polegar e indicador. Nem nos tempos mais austeros a que assisti, já em transito para a democracia, mas na euforia virica própria da fase de mudança, que , entre outros movimentos, os padeiros decidiram não trabalhar de noite e deixamos de ter pão fresco de manhã. E o leite escasseava, não se sabe se por greve das vacas vermelhas (?) ou porque faltava o carcanhol para o importar, o se sabe é que obrigava a fazer fila de espera às portas do local onde se vendiam sacos de plástico da UCAL (urina com algum leite, afirmavam as más línguas) e não forneciam mais do que um saco por cabeça, sem atender a quantas pessoas de família representava aquele sofredor cidadão que não fazia fila por desporto. Pois nem isso fez com que o “maralhal” se revoltasse com paus e pedras. Ou seja, a noção de que O POVO ESTÁ SERENO é um facto sobradamente comprovado. E, mais uma vez, se confirmou que os alarmes não duram mais do que a chama de um fósforo.

Se alguma coisa nos deveria fazer cair a cara de vergonha é que não é necessário o respeitar, cegamente, a autoridade de um líder eleito, -nem que o tenha conseguido com alguma biscambilha- mas pior, que por extensão, qualquer sujeito que se coloque sobre um tijolo, como se fosse um pedestal, é respeitado, mesmo que mereça ser apupado, assobiado, enxotado, como se fosse um rato ou mesmo uma mosca brejeira.

NOTAR – Este conceito de o respeitinho é muito bonito, ou conveniênte, não está a ser seguido, ou melhor dizendo honrado, por alguns sectores enquistados no seio da bondade social lusitana.


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