Eucaliptos
ou castanheiros
Um dilema que, pelos vistos, só
existe na cabeça de quem não tem terrenos em pousio e que imagina,
de um modo estrictamente especulativo, como conseguiria que um
terreno -que não possui- lhe rendesse
algum dinheiro. Neste capítulo destacam-se as parcelas que, dada a
evolução da urbanização e abandono da agricultura, podem estar em
locais com predisposição para serem urbanizados. São um caso
aparte.
O facto de ter lido, em várias
fontes de difusão, afirmações, aceitemos que sensatas e realistas,
de que os frutos de um hectare povoado de castanheiros rendem mais do
que se forem plantados dos indesejados eucaliptos -fonte
de tantos males !? e que me abstenho de apontar e comentar dado que
todos estamos saturados desta polémica e, aqueles que não tem áreas
de terreno rural entendo que não devemos intervir, por respeito à
sensatez.
Mas … (o
quase sempre presente alerta de contraditório) mesmo
desde fora do conhecimento “em primeira mão” admito que existe
um factor de ponderação que pode influenciar a decisão a tomar
pelo proprietário que não se sinta vocacionado a ser defensor do
ambiente, abdicando dos seus rendimentos mais substanciosos dos
frutos secos, nem que seja por incapacidade pessoal de se dedicar
directamente ao cuidado do seu património.
Sabemos que para plantar eucaliptos
é fácil encontrar não só ajudas mas até prontidão para trazer e
colocar no terreno eucaliptos já com alguns tamanho, numa espécie
seleccionada, por técnicos credenciados (?) como ser a mais adequada
para sobreviver e crescer naquele terreno. Também oferecem,
gratuitamente -a cargo da
empresa que faz promoção desta espécie- acerca dos
cuidados a ter com a manutenção desta espécie arbórea, e que são
quase nulos. Quando os novos eucaliptos já atingem um diâmetro de
tronco médio que pode ser interessante para o mercado da celulose,
ao dono do terreno só lhe falta fazer uma chamada à empresa que se
encarrega do corte e transporte para poder receber o montante que
aceitou. E mais, conhecendo a capacidade de sobrevivência e
reprodução deste tipo de árvores, a repovoação faz-se sem
necessidade de trabalho humano. Basta fazer um desbaste entre os
rebentos, que podem ser demasiados no mesmo pé, para aquilo voltar à
possibilidade de um novo retorno dentro de pouco tempo.
Em relação aos castanheiros, cujo
rendimento anual por hectare, ou por pé, se diz ser superior ao dos
eucaliptos, não tenho um conhecimento directo que me permita fazer o
contraste numérico, económico, embora admita que as afirmações
que sobre isto fui lendo podem ser aceites sem dúvidas. Tal como os
versículos da Bíblia Sagrada. Existem sempre questões a
esclarecer.
Teríamos que ter acessibilidade aos
custos de preparação do terreno, dos pés de castanheiro a plantar,
e das variedades mais favoráveis para a zona em questão. Nem
sabemos quanto tempo leva uma plantação recente a dar frutos, em
quantidade comercial. Das possíveis pragas que podem existir e que
nos estraguem o fruto; e os custos da prevenção. Para um
proprietário absentista, que tem a sua vida normal radicada longe do
seu terreno agrícola, a apanha, selecção da castanha e a sua
introdução no mercado pode constituir um problema, económico, que
não fica restrito ao preço por quilo que o
comprador-armazenista-distribuidor ofereça ao proprietário.
Assim, de relance e sem um quadro
numérico que sirva de apoio, podemos admitir que aceitar uma
plantação nova de eucalipto na sua área disponível, é bastante
mais descansado do que tratar de árvores de fruto, sejam
castanheiros ou nogueiral, que tem valores anuais de mercado
variáveis e cativos de jogos especulativos. Por outro lado sabe-se,
hoje, que mesmo as tradicionais culturas de sequeiro rendem, na
altura da colheita, mais por hectare quando se lhes instala uma rega
controlada, gota-a-gota, sem esquecer que esta decisão implica um
investimento que se deve amortizar e carece de manutenção, além de
electricidade disponível.
Termino com a convicção de que
decidir entre eucaliptos e castanheiros não se pode fazer “encima
do joelho”, que cada caso deve ser ponderado com cuidado, a fim de
não ter surpresas a médio ou longo prazo.
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