VASCO
PULIDO VALENTE
Foi
há menos de uma hora que me chegou uma triste notícia. Faleceu o
escritor e comentador da política nacional VASCO PULIDO VALENTE. Os
que se sentiam atraídos pelos seus escritos de opinião, sem papas
na língua, e que precisamente por isso estou convencido de que
muitos compatriotas o detestavam, por considerar que os seus
pareceres eram, em demasiadas ocasiões excessivos, por truculentos e
azedos, numa dose que sempre excedeu o que tem sido hábito neste
jardim ao longo de décadas.
V.P.V.
não quis ceder nas suas opiniões e classificações. Rejeitou a
decisão social de ser preferível, aconselhável até, alimentar a
hipocrisia, mascarada com boas maneiras e salamaleques, em vez de
dizer as coisas pelos seus nomes (feios?). E por isso a população,
em quase todos os estratos sociais, apreciava e praticava mais as
boas formas, que no seu conjunto correspondia ao famoso respeitinho
muito bonito.
Ao
longo dos anos, e sem jamais o ter conhecido pessoalmente, teimei em
procurar os escritos que apareciam na imprensa nacional, e alguns
livros que, na sua faceta de historiador, nos deixou. Para o meu
gosto, os escritos de V.P.V. eram suficientemente ácidos para
atingirem, com dardos certeiros, a imagem que se desejava impoluta da
maior parte das personagens que nos habituamos a ter que aturar.
Hoje, atrevo-me a imaginar que, mesmo silenciosamente, muitos
pecadores e covardes respiraram profundamente (com prazer mórbido)
ao lhes chegar a notícia de que, mesmo sabendo estar ele V.P.V.
doente, finalmente tinha deixado de ter a oportunidade de os
qualificar com o seu azedume habitual.
Para
mim, que não sou ninguém, que não existo, este falecimento nos
deixa sem um historiador-escritor-crítico-pensador educado, do meio
respeitável na melhor sociedade portuguesa. Sinto a sua falta. Estou
de luto carregado.
Sem comentários:
Enviar um comentário