MEDITAÇÕES
– Parecem gémeos univitelinos
MAS
NÃO SÃO
Foi
por casualidade que me caísse nas mãos uma obra daquelas que, sem
ser merecedora do Nobel. A não sr como anexo (fracalhote) do “nosso”
José Saramago -que,
se não me falha a memória, este cognome não coincide com o que
herdou dos pais, mas foi de livre escolha...-
fiquei a saber que era de um autor bastante lido, traduzido inclusive
para muitas línguas, incluídas algumas moribundas e outras
cadavéricas. O autor assinava-se com o pseudónimo LARV
DIVOMLIKOFF,
que é o resultado de baralhar as letras do seu nome efectivo
VLADIMIR VOLKOFF. Russo branco (após
ser lavado com detergente ocidental)
emigrado da fenecida URSS. Aterrou primeiro em França, donde
publicou vários livros, e depois nos USA, paraíso dos não
filo-comunistas.
Segundo
consta na sua biografia tem escrito, e conseguido publicar, várias
obras, muitas das quais foram classificadas como para crianças e
adolescentes. Possivelmente por serem qualificadas por críticos não
muito exigentes como impróprias para adultos, mesmo que adúlteros.
O
livro que estou terminando tem por título O TRAIDOR, e aparece em
todo o lado, quase tanto como o nosso Presidente da República , se
bem que não é adicto às selfies e aos abraços ternurentos. Se
calhar porque não teve oportunidades para expandir a sua vocação
humanista e publicitária.
Embora
não tenha chegado ao fim, nem feito batota lendo as últimas
páginas, o que me chamou a atenção e me induziu a escrever esta
“crónica” é que, apesar do ódio que destila em relação ao
comunismo soviético, certamente que com razões pessoais merecedores
de ser consideradas, a justaposição que faz entre a Igreja Cristã Ortodoxa, entre outros pormenores porque aceita e prefere que os seus
padres, ou seja popes, se casem e constituam família, com muitos
descendentes
devidamente legalizados
e cristianizados, não segue exactamente as normas da Católica.
VLADIMIR não esconde uma coincidência doutrinal entre o Comunismo
e as Igrejas Cristãs.
Uma
quase coincidência, que os comunistas ainda interiormente crentes no
cristianismo, não deixam de referir. Dizem “eles” que, sem
dúvida, Jesus, personagem principal do cristianismo, tinha um
comportamento e uma doutrina mais afastada do capitalismo, do poder
económico, do que do povo mais humilde. São formas de interpretar
os evangelhos, mas de facto aqueles que escolhe para serem seus
discípulos eram, na sua maioria, gente do povo. Incultos academicamente, quase todos analfabetos, mas com a cultura
tradicional da oralidade. E com vocação de penetras em todos os
banquetes que ficassem a jeito.
Mas
a faceta em que cristianismo e comunismo coincidem é óbvia. O
esquema é que difere. Diverso na aparência mas no fundo é igual.
Ambas doutrinas, para as qualificar de algum modo, baseiam-se na
promessa de recompensas para os bons adeptos e de castigos terríveis
para os não cumpridores. A diferença, subtil nestes tempos em que
vivemos uma vez que a Santíssima Inquisição deixou de poder
torturar e assar os desviados e refilões, com o compadrio do poder
civil. De pouco ou nada serviam os protestos dos que caiam nas suas
garras, mesmo que estes teimassem em se mostrar relapsos e
arrependidos, se não totalmente inocentes.
A
diferença mais notável entre as duas doutrinas reside no facto de
que o comunismo feroz, quando está no poder temporal como amo
absoluto, trata de recompensar e castigar, cruelmente, em vida e a
religião delega estas sentenças para depois do indivíduo falecer.
Assim
escrito parece ser um detalhe sem importância. Mas para aqueles que
foram atirados para as masmorras e até “ajustiçados” com a pena
de morte, irreversível como sabemos, as diferenças são notórias.
Não podemos desvalorizar a importância que para as pessoas vivas
terão
as recompensas materiais, as que for possível usufruir neste mundo
sem ter que aguardar o incógnito paraíso. Entre conseguir uma boa
situação económica e habitacional aqui, e a promessa de uma túnica
e umas asas para deambular pelo Paraíso...
Voltando ao escritor russo branco, filho de boiardos e perdedor dos bens por
imposição duns revolucionários sem educação nem maneiras à
mesa, tenho que admitir que a sua escrita não é totalmente
capciosa, pois dá
umas no cravo e outras na ferradura.
É muito mais legível do que o fanático e doutrinador Escrivã “de
Balaguer”, que Satanás tenha numa das suas caldeiras, por méritos
próprios e adquiridos através dos seus acólitos. (*)
* Escrivã colocou o “de Balaguer” ainda em vida, quando decidiu
criar escola, para ficar lado a lado com o fundador da Companhia de Jesus, que era nobre de Loiola, e por isso adquiriu o nome composto
de San Ignácio de Loyola. Nada vaidoso o Escrivá!!
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