segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

MEDITAÇÕES - parecem gémeos univitelinos


MEDITAÇÕES – Parecem gémeos univitelinos

MAS NÃO SÃO

Foi por casualidade que me caísse nas mãos uma obra daquelas que, sem ser merecedora do Nobel. A não sr como anexo (fracalhote) do “nosso” José Saramago -que, se não me falha a memória, este cognome não coincide com o que herdou dos pais, mas foi de livre escolha...- fiquei a saber que era de um autor bastante lido, traduzido inclusive para muitas línguas, incluídas algumas moribundas e outras cadavéricas. O autor assinava-se com o pseudónimo LARV DIVOMLIKOFF, que é o resultado de baralhar as letras do seu nome efectivo VLADIMIR VOLKOFF. Russo branco (após ser lavado com detergente ocidental) emigrado da fenecida URSS. Aterrou primeiro em França, donde publicou vários livros, e depois nos USA, paraíso dos não filo-comunistas.

Segundo consta na sua biografia tem escrito, e conseguido publicar, várias obras, muitas das quais foram classificadas como para crianças e adolescentes. Possivelmente por serem qualificadas por críticos não muito exigentes como impróprias para adultos, mesmo que adúlteros.

O livro que estou terminando tem por título O TRAIDOR, e aparece em todo o lado, quase tanto como o nosso Presidente da República , se bem que não é adicto às selfies e aos abraços ternurentos. Se calhar porque não teve oportunidades para expandir a sua vocação humanista e publicitária.

Embora não tenha chegado ao fim, nem feito batota lendo as últimas páginas, o que me chamou a atenção e me induziu a escrever esta “crónica” é que, apesar do ódio que destila em relação ao comunismo soviético, certamente que com razões pessoais merecedores de ser consideradas, a justaposição que faz entre a Igreja Cristã Ortodoxa, entre outros pormenores porque aceita e prefere que os seus padres, ou seja popes, se casem e constituam família, com muitos descendentes devidamente legalizados e cristianizados, não segue exactamente as normas da Católica. VLADIMIR não esconde uma coincidência doutrinal entre o Comunismo e as Igrejas Cristãs.

Uma quase coincidência, que os comunistas ainda interiormente crentes no cristianismo, não deixam de referir. Dizem “eles” que, sem dúvida, Jesus, personagem principal do cristianismo, tinha um comportamento e uma doutrina mais afastada do capitalismo, do poder económico, do que do povo mais humilde. São formas de interpretar os evangelhos, mas de facto aqueles que escolhe para serem seus discípulos eram, na sua maioria, gente do povo. Incultos academicamente, quase todos analfabetos, mas com a cultura tradicional da oralidade. E com vocação de penetras em todos os banquetes que ficassem a jeito.

Mas a faceta em que cristianismo e comunismo coincidem é óbvia. O esquema é que difere. Diverso na aparência mas no fundo é igual. Ambas doutrinas, para as qualificar de algum modo, baseiam-se na promessa de recompensas para os bons adeptos e de castigos terríveis para os não cumpridores. A diferença, subtil nestes tempos em que vivemos uma vez que a Santíssima Inquisição deixou de poder torturar e assar os desviados e refilões, com o compadrio do poder civil. De pouco ou nada serviam os protestos dos que caiam nas suas garras, mesmo que estes teimassem em se mostrar relapsos e arrependidos, se não totalmente inocentes.

A diferença mais notável entre as duas doutrinas reside no facto de que o comunismo feroz, quando está no poder temporal como amo absoluto, trata de recompensar e castigar, cruelmente, em vida e a religião delega estas sentenças para depois do indivíduo falecer.

Assim escrito parece ser um detalhe sem importância. Mas para aqueles que foram atirados para as masmorras e até “ajustiçados” com a pena de morte, irreversível como sabemos, as diferenças são notórias. Não podemos desvalorizar a importância que para as pessoas vivas terão as recompensas materiais, as que for possível usufruir neste mundo sem ter que aguardar o incógnito paraíso. Entre conseguir uma boa situação económica e habitacional aqui, e a promessa de uma túnica e umas asas para deambular pelo Paraíso...

Voltando ao escritor russo branco, filho de boiardos e perdedor dos bens por imposição duns revolucionários sem educação nem maneiras à mesa, tenho que admitir que a sua escrita não é totalmente capciosa, pois dá umas no cravo e outras na ferradura. É muito mais legível do que o fanático e doutrinador Escrivã “de Balaguer”, que Satanás tenha numa das suas caldeiras, por méritos próprios e adquiridos através dos seus acólitos. (*)

* Escrivã colocou o “de Balaguer” ainda em vida, quando decidiu criar escola, para ficar lado a lado com o fundador da Companhia de Jesus, que era nobre de Loiola, e por isso adquiriu o nome composto de San Ignácio de Loyola. Nada vaidoso o Escrivá!!

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