Na linguagem habitual referimos que esta ou outra peça de roupa, seja de vestir ou de cama, é quente ou é fria. E dou como certo que tais afirmações, apesar de aceites não correspondem exactamente à realidade. O que pretendemos dizer é certas peças de roupa nos podem oferecer uma protecção sobre a temperatura exterior e outras não.
Mas vou recordar a realidade, apesar de ser arqui-conhecida.
O que caracteriza as características térmicas da roupa não é outra coisa do que a sua capacidade de nos isolar do ambiente. E, além disso, o ar que nelas estiver ocluído, parado, e que se comporta como isolante térmico.
O que nos aquece é o nosso corpo. O nosso metabolismo. Que podemos assimilar, sumariamente e esquecendo a complexidade dos corpos vivos, ao de uma máquina térmica.
È conhecido que o funcionamento dos órgãos que compõem o corpo de todos os animais, carecem de uma ingestão periódica de “combustível” retirado do exterior: os alimentos. E que em todo o corpo há movimento, nem que seja nos circuitos nervosos e nos do sangue e pulmões.
O motor principal está no coração e na complexa estrutura de órgãos que nos mantêm vivos e activos. Nos pulmões se faz a troca de ar fresco, e do oxigénio de que carecemos. O ar já “usado”, ao qual se juntam compostos gasosos a eliminar, nomeadamente o anidrido carbónico, alguns compostos aromáticos rejeitáveis e vapor de água, é expelido, e aspirada uma nova quantia de ar fresco.
Quando expiramos largamos uma mistura de gases com a temperatura corporal do momento. E, por sua vez, o corpo, através da pele, exuda água, e compostos aromáticos. São estas descargas corporais que nos aquecem ou arrefecem. A roupa não passa de um sistema de isolamento que os humanos utilizamos - para compensar a perda da cobertura pilosa dos primeiros humanoides. Desde os primórdios da humanidade, sentimos a necessidade de nos resguardar perante a oscilação térmica do exterior. Que, em muitos casos, excede a nossa capacidade de resistência para manter a temperatura interna normal, que ronda pelos 37 graus centígrados. A roupa nos garante uma camada extra de isolamento, que procuramos incrementar ou reduzir consoante a temperatura exterior.
Como simples curiosidade, conhecida por todos, recordamos que se nos cobrirmos com vestimenta excessivamente estanque em relação ao exterior, a nossa exudação pode condensar dentro desta “embalagem”, o que é muito desagradável. Daí que é aconselhável que as peças de abrigo, ao mesmo tempo que nos isolam com o ar ocluso, tenham uma porosidade que permita o escape do excesso de humidade que libertamos.
Também é pertinente recordar que quando o nosso corpo é sujeito a esforços físicos, violentos ou continuados, o nosso metabolismo acelera e a temperatura corporal aumenta e, para compensar este incremento transpiramos, e a transpiração, ao evaporar, nos arrefece (tal como sucede num frigorífico). Nesta exudação a nossa pele transpira. Liberta, automaticamente, uma mistura de água e sais que de não se compensarem ingerindo água e algum cloreto de sódio, podem causar transtornos físicos importantes.
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