quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

VIVÊNCIA DE VIRELLA - Ganhamos ou perdemos?

 

VIVÊNCIA DE VIRELLA

Meditações – A restauração em Portugal


Deixando para outro capítulo os restaurantes especializados, com fama consolidada durante décadas, o sector da restauração no território nacional, foi sempre valorizada por nacionais e estrangeiros como farta, saudável e até, em muitos casos, de execução primorosa. Entrando pela fronteira terrestres e exceptuando alguns pratos típicos regionais da zona espanhola, era aqui que os comensais se sentiam satisfeitos e bem servidos, normalmente atendidos com educação e prontidão, com vinhos de qualidade média ou até superior.

Actualmente, e penso que devido à tentativa de criar uma nova classe profissional “privilegiada”, entraram em cena os novos cozinheiros “chefs de cuisine”, cuja preocupação mais geral é a de preparar pratos com aspecto requintado. Decorados cuidadosamente e com pouco que comer. Lutam por conseguir notoriedade e multiplicam-se como as minhocas num terreno húmido. Sem fazer um inquérito para me basear, e só por convicção pessoal, admito que a maioria das pessoas sensatas já preferem voltar a receber uma travessa bem recheada e da qual se possam servir, para o seu prato, as quantidades e bocados que mais lhe agradam.

Já vi, fotografias na TV, do que serviram como “feijoada” ou “caldeirada” em pratos practicamente vazios, alguns de diâmetro normal mas com uma cova minúscula no centro, onde colocam uma amostra do que se desejava. Mas sempre com uma conta desproporcionada, que se pretendia justificar pelo facto de terem como orientador e executor (parcial ?) um indivíduo, em geral do sexo masculino -sem dispensar liminarmente as senhoras-, que ostenta o título de “cheff” dado num estabelecimento de ensino normalmente financiado pelo estado ou por fundos europeus.

A vaidade e o desejo de ser visto por pares do seu estrato social, estes locais de restauração (?), que proliferaram acentuadamente, já foram desconsiderados para as suas refeições pelos amantes da boa mesa. Mantém-se pela esnobice de certos clientes.

Qualquer dia teremos a possibilidade de encontrar, afixada na fachada exterior do restaurante, uma placa que garanta, com um texto apropriado e legalizado, que aquele estabelecimento não comporta um chefe de cozinha “diplomado”, ou melhor, que o seu responsável segue as receitas e técnicas da cozinha tradicional portuguesa com o máximo rigor e usando os produtos da época e “a casa” mantêm a decisão de que o cliente se levante saciado e satisfeito.

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