domingo, 7 de fevereiro de 2021

MEDITAÇÕES – Como sinto as cores

 O facto de que -eu por exemplo- ao ver uma cor dominante sinta uma sensação psicológica determinada, não garante que todos os nossos companheiros de viagem se encontrem em igual sintonia. Mais: temos referência de que em cada cultura, em geral de zonas afastadas entre si, as cores podem ser associadas a situações muito dispares.

Como exemplo, conhecido por muitos de nós, é o caso das vestes lutuosas. No ocidente europeu o luto carregado implicava vestimenta preta, ou pelo menos, para os homens, a gravata preta ou uma faixa preta no braço. Na zona oriental do globo é o amarelo vivo que denota a tristeza por uma morte.

Este tema, que não me é novo, apareceu-me no acordar, num estado de semivigilia, e me levou a fazer um inventário, mental, de como as cores de um ambiente ou de um objecto em destaque nos afectam.

Existem estudos sérios sobre este tema. Inclusive tenho -mas não sei em que prateleira está- um livro técnico que analisava os efeitos psicológicos das cores e servia para ser uma guia para pintar, com atenção, paredes e objectos em locais específicos.

É com base nestes estudos que se optou por pintar as paredes dos corredores de clínicas e hospitais em tons claros de verde ou azul. De preferência o verde! A razão estava no admitir que esta cor nos orienta para a tranquilidade da natureza, dos prados... A cor branca, que em geral a sentimos associada ao asseio, à limpeza, entra na zona das cores frias, que se deve quebrar com alguns toques de cor mais quente.

Mas estas duas cores entram, sem dúvida, na zona que chamamos de “cores frias” e por isso não são nada indicadas para pintar paredes de casas de banho, nomeadamente se lá existirem as instalações de asseio corporal (lavatórios, duches, banheiras), pois que a visão nos transmite uma sensação de frio. Infelizmente ao associar o facto de ali se encontrarem torneiras que debitam água e associar a cor azul a este líquido leva a muitos, desconhecedores, a optar por tons de azul ou verde.

As cores consideradas “quentes”, que vão desde o creme, os amarelos, castanhos com diversas intensidades, laranjas, rosas e vermelhos suaves, tem as suas aplicações bem estudadas. Os gráficos publicistas sabem como os usar a fim de chamar a atenção para pontos concretos.

O vermelho intenso pode provocar exaltações mentais muito indesejáveis em espíritos excessivamente sensíveis. O motivo é porque, instintivamente, nos leva a imaginar sangue derramado, feridas, morte! O vermelho escuro, quase roxo, pode mentalmente ser associado com sangue seco. A evitar! Por esta razão são cores banidas de clínicas e hospitais; inclusive em muitas zonas de uso civil não especializadas. Excepto quando, precisamente, se quer quebrar o equilíbrio emocional de quem entra.

O violeta e roxo, também, e por influência da cultura cristã, trazem uma conexão com o sofrimento, com as torturas. Daí serem as cores que se usam nos paramentos das igrejas na Semana Santa. Até umas décadas atrás, havia mulheres que, por uma promessa piedosa, vestiam, durante uns tempos, hábitos pretos ou roxos.

Finalmente chegamos ao preto, que podemos considerar como a carência de cor. Sempre conectado com as trevas, com com perigo invisível, com a noite cerrada, com o averno. Além de ser usado em vestes fúnebres também, e certamente que por influência das castas mais dominantes, mantém-se em roupas masculinas de grande cerimónia. Como se a alegria, a boa disposição, não se pudessem enquadrar em actos sociais onde, precisamente, se devia incitar o regozijo. Só alguns atrevidos se trajam de cores claras.

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