segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

MEDITAÇÕES – Não me apetece

 Não conheço a razão concreta, que me colocou neste fastio. O que imagino é que devem ser diferentes factores aqueles que, ao se sobreporem, me deixaram apático.

Já que não tenho sintomas de estar mais doente -da cabeça?- do que habitualmente terei que fazer um inventário de tudo aquilo que, começando pelo ambiente exterior, me levou a este marasmo.

Tentei seguir nas tarefas de ”criatividade” que me tem servido de escapatória nos últimos tempos, mas as tentativas não provocaram um impulso de continuidade.

Entreter o corpo nalguma das actividades de manutenção do jardim não é aconselhável, pois além da temperatura não ser confortável, a humidade do ar -segundo acusa o higrómetro-, é quase equivalente a estar dentro de água. E por sinal fria. Reconhecer que estas condições climatéricas que nos toca aguentar são, comparativamente com o que outras pessoas sofrem, noutras zonas do globo, com algum estoicismo (?) um quase verão, e sendo assim nos queixamos por estar mal habituados, não chega para me incitar a jardinar.

A outra fuga que tenho utilizado para gastar, inutilmente, o meu tempo livre -que é todo!- tem sido a de conspurcar telas. Estava num ritmo de “creatividade” tão disparatado que me levada a ter, sempre, duas telas, ou mais, em diferentes fases de avanço. O resultado é que, por mais ofertas -envenenadas- que faça a amigos/as tenho a casa repleta de quadros. Não há espaço livre nas paredes para tal produtividade.

Para esticar a ocupação -e não incrementar a despesa desnecessária- meti-me em preparar umas molduras, caseiras e sem préstimo, apesar de me terem aconselhado a deixar as telas, quando “prontas” sem este acabamento. Tem razão com esta sugestão. Mas acontece que nesta ocupação complementar, gasto mais umas horas mortas.

Posso tentar inculpar o ambiente de reclusão que, além de já durar por demasiados meses. Todavia as previsões, nada optimistas, dizem que isto está “para lavar e durar”.

Nem tudo o que nos noticiam é mau. Há notícias péssimas, difíceis de aceitar ou digerir. Pelo que vemos acontece noutros países, concluímos que aquele adjectivo que penduram ao povo português, de ser maioritariamente sereno e educado, pouco dado a manifestações violentas, nas que qualquer mínima circunstância serve de desculpa (?) para destruir tanto os bens dos outros como os da comunidade em geral.

Felizmente este comportamento, selvagem e despropositado, ainda não está inculcado entre nós.

Uma das pretensas justificações para os distúrbios de rua que nos reportam de países em melhores condições do que neste falido Portugal, é o não aceitar mais restrições nas deslocações. Aqui, neste Jardim à beira-mar plantado, a desobediência é de outro tipo. Mais subtil, menos espaventoso e violenta.

Os descontentes fazem tudo o que lhes ocorre para desobedecer as recomendações, alegando que não são apresentadas com a força de lei ou de diploma. Que não passam de conselhos quase que do género que dão as avós, e assim pode-se optar pelo habitual “não ligar” ou fazer espertices, que vai dar no mesmo.

Outra escapatória que usava era o escrever banalidades e até cheguei a tentar umas narrativas de ficção apresentadas com o estilo de folhetim. Assim me entretive uns tempos, mas afalta, absoluta, de retorno e, mais recentemente, o receber um comentário -amigável e por isso aceite sem rancor- em que me elucidava que o meu domínio da língua portuguesa deixava muito a desejar, estancou esta pretensa faceta de criatividade. Só insisto nuns comentários banais e insípidos que meto num blogue pessoal.

Mas... espero que com o regresso dos dias com sol o meu ânimo retome alguma actividade, antes de que termine mais doido do que sempre fui.

Sem comentários:

Enviar um comentário