segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

MEDITAÇÕES – Ficamos como dantes?

 

A meu entender as coisas mudaram, bastante. Vão mudar as valsas.


Se no primeiro mandato do Professor pactuou-se um entendimento entre cavalheiros (aqui pergunta-se se ambos ”os dois” eram cavalheiros ou mais para o velhacos? Eu não me atrevo a dar uma opinião qualificação, e a dúvida surgiu espontaneamente) de forma a que o Presidente combinasse com o Primeiro Ministro, regente da que se chamou de geringonça, uma “entente cordial” que por um lado comportasse o não hostilizar a governação e, possivelmente depois do balanço destes derradeiros quatro anos, ser permitido, dentro dos parâmetros que se pactuaram, e “obedecendo com rigor” (?) as regras emanadas da Assembleia da República -que sabemos funcionar, tal como os Concílios no Vaticano, sob elevados critérios de rigor e respeito escrupuloso da correcção e verdade- fosse permitido, aceite, como o ar puro da Serra da Estrela, manobrar o aparelho da justiça -que está nas mãos de homens e mulheres, sem garantias de isenção e acerto-, sempre com o diáfano propósito de minorar ou mesmo arrumar para o lado, alguns processos que, mesmo de muito badalados pelos meios de comunicação, eram inconvenientes. Daí a sua conversão em águas de bacalhau.

Na linguagem corrente, incluída a dita popular, sempre se entende que quando dois opostos pactuam, chegam a um acordo, aplicam a receita bem antiga de uma mão lavar a outra. Numa situação como a que se imagina o mais adequado seria tomar a imagem de um concerto de piano a quatro mãos. Ou seja, dois instrumentistas batendo as teclas, do mesmo piano, seguindo a mesma pauta, num arranjo que agradasse a ambos

Assim se conseguiu ter um mandato presidencial tranquilo, apesar das ocorrências desastrosas que aconteceram. De um lado beijinhos, abraços, carinhos e fazer de conta que não via nada. E do outro fingir que se fazia, que se corrigia, que se puniam culpados, mas agindo ao gosto nacional de deixar a culpa solteira. Vivemos quatro anos de sustos, acontecimentos vergonhosos, da abertura de processos com uma magnitude nada habitual. Mas, depois que passaram dias e meses, além de retirar as cabeças da magistratura que se tornaram incómodas, a cidadania ficou com um nariz de palmo.

Mas, hoje, dadas a conhecer as contagens, nos deparamos com mais um artista no palco. Uma tropa, encabeçada por um caudilho que já disparou para todos os quadrantes, e que conseguiu um numero inusitado de apoiantes, ou mais precisamente votantes. Que lhe podem permitir conseguir levar à certa exigências que não estão enquadradas na macieza que foi habitual no anterior período presidencial.

Apesar de reconhecer que “o povo está tranquilo”, mesmo que sem rumo para o futuro, sempre é possível que esta recondução do Presidente e do Governo, não tenha o mesmo sossego. Veremos, como dizia o cego.

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