quarta-feira, 31 de março de 2021

MEDITAÇÕES – Como “fabricar” um político demagogo

 

Ventura e o seu mentor

Dias atrás li, com bastante atenção, uma reportagem sobre a evolução de um novo político, já com bastantes seguidores, nomeadamente entre aqueles que sentem acentuados motivos de queixa no confronto com outros sectores da sociedade.

A influência que pode conseguir um orientador firmemente doutrinado e, possivelmente disposto a influenciar a sociedade utilizando uma interposta pessoa, é um tema que tem sido atentamente estudado por psicólogos. E inclusive serviu de base argumental de Bernard Shaw no criação do seu Pigmaleão. Neste caso particular feminino, pois que o influenciado educa uma florista para a converter numa lady. O escritor irlandês preocupou-se em esclarecer que partia de uma rapariga já dotada de qualidades pouco habituais.

No caso concreto, e seguindo a descrição do senhor Ventura ao logo dos anos, depreende-se que era possuidor de uma experiência e de uma personalidade, já moldada e sedimentada, que o tornava especial para ser utilizado como cabeça visível de um movimento político revolucionário.

O surgir no espectro político, já prolífico, de um novo chefe, aparentemente independente e que pode incitar, com o seu discurso, de por si inflamado e rebelde, veio agitar as águas, já pouco tranquilas, do clube dos partidos políticos existentes.

O corolário que podemos tirar desta história é que orientador, treinador, mentor ou como lhe quiserem nomear, além de ser maquiavélico tem uma formação rígida e conhecida, e teve muita “pontaria” ao escolher e educar este líder inato. Veremos no que esta intrusão vai dar de si. Pode ser um fogacho sem consequências, mas também pode ser o início de uma reviravolta social ao jeito do que conseguiram Mussolini e Hitler.

Esta temida hipótese anda no ar.

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