quinta-feira, 19 de março de 2020

MEDITAÇÕES – Tempos anormais



PENSA MAL E ACERTARÁS

Tenho uma lembrança, muito antiga, que me recorda o ter ouvido, fosse de algum avô ou dos meus pais, um ditado ou conselho popular que dizia, mais ou menos, o seguinte: Pensa mal e acertarás, não porque a situação social neste momento nos indique que pode existir uma origem premeditada, malévola, humana, nesta epidemia que se estende a quase todo o globo, mas porque, casualmente, temos a noção (certa ou errada) de que o vírus em questão encontrou um terreno favorável, para que a Parca movimente a sua gadanha, entre os mais idosos, e até, por coincidência, encontra quase que coutadas de caça, sem necessidade de pagar licença, nos lares onde se “arrumam” os velhos que já não conseguem valer-se de por si.

Resumindo e dando a volta à panqueca, somos todos conscientes, pelo que nos chega de informação desde bastantes anos atrás, de que a estatística etária da população apresenta um progressivo aumento do número de idosos. Dito de outro modo: a população dos países em estado evoluído ou em vias de evolução está a envelhecer continuamente. E estes cidadãos não tão só não produzem como constituem uma despesa importante. Podemos dizer que os velhos -entre os quais me encontro- constituem um lastro, que evitamos referir -neste momento escrevo como se eu não fosse também um velhote a abater-.

CONCLUSÃO: feia e triste: Pode ser um mal que veio por bem. Ou, mais suavemente, uma evolução da natureza que pode ajudar a neutralizar, nem que seja parcialmente, o pesado desequilíbrio entre o número de habitantes em idade produtiva e a capacidade de os manter. Uma afirmação que escamoteia a realidade, pois não refere o facto de que o número de indivíduos necessários para manter o sector primário activo é cada dia menor.

Um pensamento que se pode tentar mitigar com outra máxima, entre as que se aceitam sem remorsos: Não há mal que por bem não venha. Até arrepia os pelos do cachaço pensar assim!


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