NÃO
SE RESPEITARAM AS REGRAS
Diz-se,
ou dizia-se, que as prostitutas conscientes das suas obrigações,
depois de cada serviço não só se lavavam na zona de trabalho,
tanto exteriormente como interiormente, como algumas até rezavam uma
oração apropriada dirigida à sua protectora, que se afirma ser a
Santa Maria Madalena, originária de Mandala (daí o cognome) e
íntima amiga (sem
especificar qual o grau de intimidade existente)do profeta
Jesus.
Este
desrespeitoso pensamento surgiu-me, espontaneamente, quando lia e
relia as várias notícias e comentários de como se tinha sentido
MUITO OFENDIDO, como português e como Primeiro Ministro António
Costa, depois de ouvir a declaração do ministro das finanças
holandês Wopke Hoekstra onde repelia a ideia de lançar Eurobonds
que permitissem ajudar os países
do sul da União Europeia (nomeadamente
Portugal, Espanha e Itália)
a evitar o derrube, económico, que se seguirá à epidemia em
curso.
Cá
por casa dizemos Quem não se sente não é filho de boa
gente, mas é pertinente que a
boa imagem que se pretende defender exista de facto. E aí que que
entram as dúvidas, sérias dúvidas, de que o comportamento de
Portugal perante as exigência e “ajudas” vindas da UE tenham
sido “exemplares”.
Não
podemos esquecer as pressões, internas e externas, que nos
empurraram para solicitar a entrada no clube da União Europeia, e
nas envenenadas “ofertas de ajuda” que nos levaram a desmantelar
as já obsoletas frotas marítimas comerciais e pesqueiras, e depois
nos imporem compromissos vários que, no fundo, eram coletes de
forças impossíveis de abrir.
As
prometidas ajudas vieram. Ah se vieram! Compraram para melhorar
algumas indústrias já rentáveis e empurraram para o fecho as que
não podiam competir com os preços dos seus “parceiros”. Foi um
excelente negócio! Para os ricos da UE e para os urubus nacionais
que conseguiram um bocado de bolo (para
os seus bolsos, ou contas no exterior)
Se na agricultura conhecem-se
desvios importantes das verbas comunitárias, muitas em projectos que
só eram ilusoriamente viáveis no papel e que, felizmente, nunca
chegaram a ser postos no terreno. Mas onde o regabofe foi
notável pela maioria dos cidadãos anónimos, foi nas muitas verbas
que se sumiram, sem dar os resultados propostos, na área do ensino
e formação profissional.
Com os fundos europeus geraram-se
boas fortunas, sem esforço, entre a cidadania nacional.
Com toda esta argumentação, (não
apresentada por aquilo de que a cautela é boa conselheira)
o nosso primeiro ministro pode fazer um papel de virgem (num
dos ouvidos) humilhada e ofendida. A partir deste bater o
pé as coisas mudarão e os representantes dos países ricos, com
certeza, decidirão como e em que condições abrirão os cordões da
bolsa. Será que ainda temos algumas coisas de valor que se possam
vender ou hipotecar?
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