segunda-feira, 30 de março de 2020

MEDITAÇÕES – Como as prostitutas



NÃO SE RESPEITARAM AS REGRAS

Diz-se, ou dizia-se, que as prostitutas conscientes das suas obrigações, depois de cada serviço não só se lavavam na zona de trabalho, tanto exteriormente como interiormente, como algumas até rezavam uma oração apropriada dirigida à sua protectora, que se afirma ser a Santa Maria Madalena, originária de Mandala (daí o cognome) e íntima amiga (sem especificar qual o grau de intimidade existente)do profeta Jesus.

Este desrespeitoso pensamento surgiu-me, espontaneamente, quando lia e relia as várias notícias e comentários de como se tinha sentido MUITO OFENDIDO, como português e como Primeiro Ministro António Costa, depois de ouvir a declaração do ministro das finanças holandês Wopke Hoekstra onde repelia a ideia de lançar Eurobonds que permitissem ajudar os países do sul da União Europeia (nomeadamente Portugal, Espanha e Itália) a evitar o derrube, económico, que se seguirá à epidemia em curso.

Cá por casa dizemos Quem não se sente não é filho de boa gente, mas é pertinente que a boa imagem que se pretende defender exista de facto. E aí que que entram as dúvidas, sérias dúvidas, de que o comportamento de Portugal perante as exigência e “ajudas” vindas da UE tenham sido “exemplares”.

Não podemos esquecer as pressões, internas e externas, que nos empurraram para solicitar a entrada no clube da União Europeia, e nas envenenadas “ofertas de ajuda” que nos levaram a desmantelar as já obsoletas frotas marítimas comerciais e pesqueiras, e depois nos imporem compromissos vários que, no fundo, eram coletes de forças impossíveis de abrir.

As prometidas ajudas vieram. Ah se vieram! Compraram para melhorar algumas indústrias já rentáveis e empurraram para o fecho as que não podiam competir com os preços dos seus “parceiros”. Foi um excelente negócio! Para os ricos da UE e para os urubus nacionais que conseguiram um bocado de bolo (para os seus bolsos, ou contas no exterior)

Se na agricultura conhecem-se desvios importantes das verbas comunitárias, muitas em projectos que só eram ilusoriamente viáveis no papel e que, felizmente, nunca chegaram a ser postos no terreno. Mas onde o regabofe foi notável pela maioria dos cidadãos anónimos, foi nas muitas verbas que se sumiram, sem dar os resultados propostos, na área do ensino e formação profissional.

Com os fundos europeus geraram-se boas fortunas, sem esforço, entre a cidadania nacional.

Com toda esta argumentação, (não apresentada por aquilo de que a cautela é boa conselheira) o nosso primeiro ministro pode fazer um papel de virgem (num dos ouvidos) humilhada e ofendida. A partir deste bater o pé as coisas mudarão e os representantes dos países ricos, com certeza, decidirão como e em que condições abrirão os cordões da bolsa. Será que ainda temos algumas coisas de valor que se possam vender ou hipotecar?



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