O
PECADO ORIGINAL
Na
publicação imediatamente anterior, deixei no fim da escrita o aviso
de que hoje ia meter-me no campo das fantasias. Concretamente sexuais
e eróticas.
Naquele
espécie de prólogo referi as lições de catequese que me
foram dadas ao longo da primária; deixei constância (que,
como devem saber, fica à beira do Tejo) de
que não prestava a atenção devida, aquela série, tão
interessante, de relatos “históricos e formativos”. Mas muita
coisa ficou bem gravada nesta mioleira desgastada. E entre estas
noções bíblicas, logo após à informação, inquestionável, de
tudo ter sido feito em sete dias (ou em
três tempos, que vai dar ao mesmo),
o capítulo que mais de impressionou, e certamente também aos outros
infantes e infantas, foi a da modelação, com barro, de Adão, o
primeiríssimo ser humano e como foi deixado à solta, em pelota, no
Éden.
Deus,
ou certamente que Jeová naquele então, já estava habituado a
espreitar por aquele triângulo (precursor
das fechaduras com buraco)
viu que a sua obra prima, mesmo que de barro cru, (pois
que ainda não existia a cerâmica)
depois de correr e saltar, descobrir o transporte aéreo à Tarzan, e
dormir enrolado como um macaco seu primo, tinha fases em que o seu
canudo de descarga das urinas aumentava de tamanho, tanto em
longitude como na grossura, e até se erguia como um mastro -sem
saber que não se tinham inventado as bandeiras nem as velas para
barcos. Tornava-se, inexplicavelmente, incómodo.
Adão
ficava admirado com esta metamorfose corporal, e a atribuiu ao facto
de ter comido alguma fruta de sabor muito picante. Mas não tardou em
reparar que ao ver como os bodes se satisfaziam com as cabras e os
macacos com as macacas, pensou, na sua ignorância congénita, que
devia tentar fazer as mesmas artes com as fêmeas dos mamíferos, com
tamanho similar ao seu.
Dito
e feito. Foi o ver se te avias. Não houve cabra nem ovelha que,
estando a mão de semear, escapasse de que Adão lhes desse umas
massagens, por vezes violentas, com aquele instrumento que, pelo
menos naqueles momentos, entrava em funções muito mais agradáveis
do que o mijar.
Jeová,
sempre espreitando desde as nuvens celestes pelo triângulo ocular,
pensou, pensou, pensou, e batendo com a mão esquerda na sua testa (a
direita estava atarefada...)
exclamou: Mas fui um grande burro! Se para todos os bichos modelei
macho e fêmea como coloquei Adão sozinho no Éden, sem
companheira! Tenho que remediar isso. Fez uns passes de magia e Adão
adormeceu como uma pedra. Vai Jeová e, sem anestesia nem
desinfecção, à mão nua, arrancou-lhe uma costela, e a partir
desta peça modelou uma capitosa fêmea (por
sinal cabeluda, com dentes salientes e pouco mais grácil do que uma
chimpanzé. Mas tinha tetas e vagina)
para que Adão pudesse brincar, tal como via que faziam os cães,
lobos, ovelhas, e até baleias.
E
Jeová comprovou que Adão gostou tanto do truca-truca que não
queria outra coisa, era comer, trucar, uma soneca, trucar e
repenicar, e assim de dia e de noite. Nem havia cigarros! Adão e
Eva seguiram, à letra, as indicações do Patrão no sentido de
crescei
e multiplicar-vos (isso
no idioma de grunhidos que era o que vigorava na humanidade na
altura. Ou seja entre Adão e Eva, e finito!. Jeová quando não
queria usar o vozeirão de trovão, comunicava por mensagens mentais)
Jeová,
que entre outras características, sempre positivas (pois
era o Patrão),
era um tudo-nada, ou um pouco, digamos mesmo muito, muitíssimo
prepotente, e como não tinha parceira com a qual pudesse descarregar
as suas frustrações, nem o sémen, quis travar aquela fornicação
desmedida. Pura inveja! Mas não soube como, pois teria que
contrariar as suas ordens, imperiosas, anteriores. E inclusive mais
tarde esqueceu-se de dar uma ordem bem clara neste
sentido quando chamou Moisés para lhe dar as tábuas das leis.
Foi
preciso passarem uns séculos até que Santo Agostinho (que
não me atrevo a imaginar que fosse eunuco, embora tivesse ideias de
tal...) nos
oferecesse uma série de regras e preceitos para restringir a fúria
copulatória, tanto emissora como receptora. Deste Santo homem
derivou o controle exaustivo que durante séculos os sacerdotes
fizeram tanto aos solteiros(as) como aos casais, com a técnica da
confissão e das penas e avisos de castigos post-morte para os que
abusassem do líbido. Ou seja, do truca-truca e seus derivados.
Há
ou não uma grave incongruência nesta história?
Sem comentários:
Enviar um comentário