sábado, 28 de março de 2020

MEDITAÇÕES – Olhando para trás



DO ALTO DO ESCADOTE

Sem pretender resolver a crise que está anexa à epidemia do Vírus a situação política-económica-social e sanitária em que nos encontramos recomenda-se que tentemos ver as conexões que a actualidade pode ter com o passado, mais ou menos recente.

Uma das situações, perigosas por desestabilizar o que se tinha conseguido, é a campanha de descrédito em marcha, para abater o que resta da União Europeia. Uma erosão propositadamente comandada pelos dois paladinos anglófonos com costas banhadas pelo Atlântico. Começando pelo disparatado Boris Johnson que agarrou nos seus concidadãos queixosos. Que carregam umas viseiras que os orientam, erradamente, para um inimigo “continental” a quem atribuem os males que os afligem sem atender que foram os seus governos anteriores aqueles que decidiram acompanhar os novos ventos da história, fechando minas e fábricas não competitivas na economia global. Da qual não se encontra forma de escapar!

Em parceria temos os EUA, com o seu ambicioso e inculto actual presidente. Apesar das loucuras que Trump faz, continuadamente, para agradar os seus também incultos e zangados apoiantes, entendo que devemos recuar até a década de '40 do século passado, e estudar a evolução dos EUA perante a Europa.

Numa análise muito primária podemos avaliar os habitantes dos USA como sendo, na sua maioria (1) europeus, emigrantes, muitos forçados pelas circunstâncias, da Europa, onde a sua vida estava em risco elevado.

Além de eliminarem, quase que radicalmente, os habitantes indígenas, criaram uma colónia onde a maioria dos seus elementos tinha que lutar duramente para sobreviver, uns à força do seu trabalho e outros sem grandes preocupações éticas. Pelo caminho deixaram de sentir a miragem de regressar aos seus países de origem; criaram um sentimento de nação totalmente a partir de zero, contando, porém, com amplos horizonte de terra disponível e de possibilidades de progredir, economicamente, a quem tivesse unhas para tal.

Era fatal que, entre muita miséria, germinasse a classe dos economicamente poderosos. Que rapidamente tomou o leme do novo País, vindo a tornar-se, progressivamente, uma potência ansiosa de disputar o primeiro lugar, igualando e ultrapassando a Europa. No emergir das ditaduras europeias, de tipo fascista (2), os governos dos EUA, astutamente decidiram colocar-se neutrais nos conflitos bélicos que grassaram na velha Europa. O que não os impediu de se preparar na produção de armamento, tanto terrestre como marítimo e aéreo, não só para sua possível defesa mas, também para se financiar através de vendas aos beligerantes.

Quando a progressão dos conflitos deu sinais de que seria previsível que se quebrassem os pactos de não agressão, e aproveitando uns erros de previsão por parte das tropas alemãs, corrigiram o rumo e colocaram as suas forças, e armamento em quantidades e modernidade, para colaborar com os exércitos europeus que estavam ameaçados e até invadidos pelas forças do Eixo.

Foi mais uma jogada muito astuta: colocaram material, a facturar mais adiante como dívida de guerra, e pessoal humano (que as famílias se encarregariam de colmatar, em conjunto com o êxodo desde a Europa em guerra e invadida) numa quantidade que, sem dúvida, possibilitou a derrota do Eixo no Ocidente. E sempre longe dos seus USA!

Entretanto, na frente Oriental, (que também recebeu fornecimentos bélicos dos USA) as forças comunistas travaram a progressão “imparável” das forças alemãs, e dado que o número de russos, e assimilados, apesar da mortandade sofrida, era de respeito, quando o conflito já estava prestes a terminar, entendeu-se, e bem, que do Leste vinha outro inimigo invasor. Ou seja, os europeus “aliados”, devedores convictos dos EUA, sentiram-se ameaçados por uma nova vaga de exércitos, estes com bandeiras vermelhas.

Sendo um conglomerado, não homogéneo, mas controlado pelo espirito capitalista, e estando os europeus ocidentais exaustos, com os seus equipamentos fabris obsoletos ou destruídos, tiveram que agarrar, com os braços ansiosos, o famoso Plano Marshall, de “ajuda benemérita”. Sempre procurando que a guerra não chegasse aos seus EUA e, simultaneamente, fazer o possível para que o conflito bélico que se previa poderia surgir com a URSS, aliada temporal contra o Eixo, mas sempre com a vontade, também imperialista, da Rússia de chegar às costas atlânticas frente às americanas, a Europa foi ficando rapidamente devedora do capital sediado nos USA (3) Esta situação gerou a chamada Cortina de Ferro e a Aliança Atlântica NATO, esta comandada, sem discussão, pelos USA e deixando umas cadeiras para se sentarem e poder imaginar que “são gente” alguns dos continentais.

Saltando para a actualidade, os governos americanos (todos eles) sempre fingiram que apoiavam a velha Europa, mas seleccionando os migrantes a quem abriam as portas e, nunca perdendo o fito de se apoderarem da economia europeia, fosse qual fosse a táctica e o método a seguir. O exemplo mais evidente é a forma reptante como Trump, habilidoso e velhaco negociador em proveito próprio, manobra o iluminado e sonhador primeiro ministro inglês.

Desta vez os USA (os que manobram de igual modo, seja qual for o seu partido) não temem a Rússia e pensam que conseguirão enrolar a China, sacrificando o velho continente, que muitos “mericanos” visitam como se fosse uma Disneylândia “quase tão autêntica” como as que na sua terra proliferam.

CONCLUSÃO: Seja por complexos de génese mitológica, ou simplesmente para abjurar das suas origens, os EUA são, foram e serão, sempre um falso amigo da Europa. Só querem dinheiro e poder, que são equivalentes.


  1. Por um momento tentemos esquecer os descendentes dos escravos africanos, mexicanos e outras minorias.
  2. Que tiveram bastante seguidores entre a população dos USA.
  3. Se bem que nas mãos de descendentes de europeus!

1 comentário:

  1. Quora
    Novo voto positivo
    Eduardo Felipe Zils de Souza deu um voto positivo para a sua resposta a: Por que os EUA decidiram reconstruir a Europa depois da segunda guerra mundial? E não por exemplo, desenvolver a América do Sul?

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