quinta-feira, 26 de março de 2020

MEDITAÇÕES – De A.Virella II Menos turismo



Dinossauros e coroa-vírus -19

Enquanto estamos fechados em casa um dos temas preferidos com que nos podemos entreter,é o de especular acerca do que virá a seguir. A futurologia tem avançado com algumas hipóteses, às que daremos mais ou menos importância consoante o nosso estado de espírito no momento. Sem que nos atrever a desprezar nenhuma delas, nem que fosse por aquilo de que todas as cabeças são livres de pensar, certo ou errado, e até de expor as suas ideias e devaneios, além de que damos como possível que algumas acertem no alvo.

Num escrito anterior, recente, dissertei sobre os malefícios que nos trazem, e que mais vão trazer se continuarem, os grandes navios de transporte de turistas aos molhos. E há pouco, meditando acerca da situação actual e no que pode vir a acontecer, recordei que alguns dos que sabem muito (de tudo!) opinaram que a economia estatal da China está muito bem colocada, financeiramente e produtivamente, para adquirir muitas empresas que podem não aguentar a crise que, segundo opinam, se aproxima, depois de o vírus ter amainado.

Daí a que esta minha cabeça efervescente fizesse uma ligação entre o desaparecimento dos grandes répteis, e os diferentes factores que, cumulativamente, lhes tornaram a vida tão difícil, que os quase eliminou, nomeadamente os de maior porte. Além da mudança de temperatura, difícil de suportar para animais de sangue frio, a falta de vegetais, que eram uma parte importante da sua cadeia alimentar, os condenou a morrer de fome.

E, sem premeditação, empalmei esta história tão longínqua com a actual proliferação de navios, enormes e cada vez maiores, construídos exclusivamente para passear largas centenas de turistas, mais enganados e iluminados do que conscientes de que pagaram para estar num carrossel que gira sem parar, ou para pouco, e devem pagar outra vez para ver alguma coisa “extra”.

Suponho, sem provas, que tal como qualquer outro investimento de importância, o armador está ansioso de por o navio a funcionar, muito antes de ter pago o seu valor de construção. Seja por contrato de leasing ou de pagamento por mensalidades ou anualidades, o barco deve andar carregado, não só de passageiros, como de dívidas.

Caso a crise económica que está prevista, em que o desemprego será factor importante, atingir o nível que se receia, de repente as agências e os armadores terão sérias dificuldades para não só aguentar o negócio como, satisfazer os seus financiadores, ou seja, pagar as dívidas de vulto que lhes pesam sobre o negócio. Equivale ao faltar a alimentação aos dinossauros herbívoros, e em sequência aos carnívoros. Uma hecatombe global!

Moral da história: se os ante-diluvianos de grande porte não aguentaram a escassez, uma intensa falta de clientes podem arruinar os armadores e as agências.

E que acontecerá aos enormes navios? Ficarão à venda, numa espécie de leilão. E serão muitos! Pois os únicos capitalistas com capacidade para tomar conta do negócio, tendo não só meios económicos como multidões de humanos desejosos de partilhar passeios, mais ou menos obrigados pelas entidades que os tem agarrados no trabalho, são os chineses!

A China, já pouco comunista mas notoriamente ditatorial, não só pode dominar os sectores produtivos, económicos e comerciais do “mundo livre” como terá a oportunidade, se a quiser aproveitar, de dominar o turismo de massas.

O mundo que conhecemos e o que deixaremos para os descendentes pode vir a dar uma enorme cambalhota.

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