Dinossauros
e coroa-vírus -19
Enquanto
estamos fechados em casa um dos temas preferidos com que nos podemos
entreter,é o de especular acerca do que virá a seguir. A
futurologia tem avançado com algumas hipóteses, às que daremos
mais ou menos importância consoante o nosso estado de espírito no
momento. Sem que nos atrever a desprezar nenhuma delas, nem que fosse
por aquilo de que todas as cabeças são livres de pensar, certo ou
errado, e até de expor as suas ideias e devaneios, além de que
damos como possível que algumas acertem no alvo.
Num
escrito anterior, recente, dissertei sobre os malefícios que nos
trazem, e que mais vão trazer se continuarem, os grandes navios de
transporte de turistas aos molhos. E há pouco, meditando acerca da
situação actual e no que pode vir a acontecer, recordei que alguns
dos que sabem muito (de tudo!) opinaram que a economia estatal da
China está muito bem colocada, financeiramente e produtivamente,
para adquirir muitas empresas que podem não aguentar a crise que,
segundo opinam, se aproxima, depois de o vírus ter amainado.
Daí
a que esta minha cabeça efervescente fizesse uma ligação entre o
desaparecimento dos grandes répteis, e os diferentes factores que,
cumulativamente, lhes tornaram a vida tão difícil, que os quase
eliminou, nomeadamente os de maior porte. Além da mudança de
temperatura, difícil de suportar para animais de sangue frio, a
falta de vegetais, que eram uma parte importante da sua cadeia
alimentar, os condenou a morrer de fome.
E,
sem premeditação, empalmei esta história tão longínqua com a
actual proliferação de navios, enormes e cada vez maiores,
construídos exclusivamente para passear largas centenas de turistas,
mais enganados e iluminados do que conscientes de que pagaram para
estar num carrossel que gira sem parar, ou para pouco, e devem pagar
outra vez para ver alguma coisa “extra”.
Suponho,
sem provas, que tal como qualquer outro investimento de importância,
o armador está ansioso de por o navio a funcionar, muito antes de
ter pago o seu valor de construção. Seja por contrato de leasing
ou de pagamento por mensalidades
ou anualidades, o barco deve andar carregado, não só de
passageiros, como de dívidas.
Caso
a crise económica que está prevista, em que o desemprego será
factor importante, atingir o nível que se receia, de repente as
agências e os armadores terão sérias dificuldades para não só
aguentar o negócio como, satisfazer os seus financiadores, ou seja,
pagar as dívidas de vulto que lhes pesam sobre o negócio. Equivale
ao faltar a alimentação aos dinossauros herbívoros, e em sequência
aos carnívoros. Uma hecatombe global!
Moral
da história: se os
ante-diluvianos de grande porte não aguentaram a escassez, uma
intensa falta de clientes podem arruinar os armadores e as agências.
E
que acontecerá aos enormes navios? Ficarão à venda, numa espécie
de leilão. E serão muitos! Pois os únicos capitalistas com
capacidade para tomar conta do negócio, tendo não só meios
económicos como multidões de humanos desejosos de partilhar
passeios, mais ou menos obrigados pelas entidades que os tem
agarrados no trabalho, são os chineses!
A
China, já pouco comunista mas notoriamente ditatorial, não só pode
dominar os sectores produtivos, económicos e comerciais do “mundo
livre” como terá a oportunidade, se a quiser aproveitar, de
dominar o turismo de massas.
O
mundo que conhecemos e o que deixaremos para os descendentes pode vir
a dar uma enorme cambalhota.
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