sábado, 21 de março de 2020

MEDITAÇÕES – Já era de prever



Chegou a sensatez

Deixando os bons pensamentos de lado e aceitando -com muita relutância- os preceitos extremamente egoístas -quando preferimos a opção de doirar a pílula (1)- que “por motivos de força maior” é necessário fazer opções, inclusive as mais cruéis, como o exemplo que todos conhecemos e aceitamos quando se relatam naufrágios, em que se dava a ordem de embarcar nos salva-vidas mulheres e crianças primeiro. Sem esquecer a mais terrível referência na atroz selecção entre autorização de mal-viver ou marchar direitos para as câmaras de gás nos campos de reclusão-extermínio nazis.

Começando de outra forma.

Poucos anos atrás vimos -os cinéfilos- um filme intitulado ESTE PAIS NÃO É PARA VELHOS, pois, meus parceiros etários, lamento ter que referir, sem adoçantes, que já nos encontramos mais perto da porta da morte do que insensatamente admitíamos. Ou, se não sabem ler as notícias -eu evito noticiários, mas mesmo assim...- ficam a saber que tanto na ITALIA como na ESPANHA já entrou em vigor a normativa, a seguir pelos serviços de saúde, de não gastar recursos humanos nem materiais a pessoas em fim de percurso, ou como dizem, com poucas possibilidade de viver mais.

De imediato os lares de idosos -armazéns pré-funerários- ficam de fora das atenções da medicina oficial, e, caso os residentes saibam da coisa, devem estar prestes a ter um enfarto de mija-calças. E também os que, como nos acontece ao casal de que formo parte, estamos sós, isolados, à espera de que o “iscalete com gadanha” toque à campainha.

Daí que, como dizia num escrito anterior, desta vez aplica-se o ditado de que Não há mal sem bem, cata para quem. Dito de outra forma: vai haver uma limpeza acentuada nos balanços etários das populações.

PENSAMENTO: A Natureza, além de sábia, não tapa os olhos como se diz da Justiça.

(1) Para quem desconheça: A referência a “doirar a pílula” tem a sua origem em tempos bem antigos, quando os médicos-farmacêuticos, quando tratavam de doentes acomodados (com a bolsa recheada) mascaravam as mezinhas mais desagradáveis cobrindo-as com uma fina película de pão-de-oiro.



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