A PASSAGEM DO MAR VERMELHO
Já faz algum tempo que
entendi ser necessário ter uma mente aberta e especulativa, quando
lêssemos o Antigo Testamento, procurando adaptar o que se conhecia
quando se iniciaram os relatos -passarem
a escritos em documentos foi bastante mais tarde- às
diferentes fontes de conhecimento que hoje temos à nossa disposição.
Ou, por outras palavras, avaliar aqueles textos, tão copiados e
manipulados ao longo de séculos e que foram escritos para um público
de gente rude e inculta, e entender que, nos tempos em que vivemos, e
até a partir do séc. XIX, as mentes estão -ou deveriam estar-
mais propensas a procurar explicações naturais para muitos feitos,
que anteriormente a maioria das pessoas nem sequer se atrevia a
ponderar.
Lendo um relato de como
Napoleão, na derradeira década do século XVIII, levou o seu
exército para o Egipto com o propósito de neste território
encontrar a chave para o Médio Oriente -uma visão pessoal do
corso na tentativa de emular os feitos de Alexandre o Grande-
rumou em direcção à Palestina, concretamente quando estava prestes
a tentar conquistar a fortaleza de São João de Acre.
Dos feitos, aventuras e
desventuras de Napoleão no Egipto não me estenderei aqui, mas quero
citar a passagem do golfo de Suez, a pé firme, aproveitando
uma extraordinária maré que fez recuar as águas do Mar Vermelho.
Hoje podemos deduzir que aquele recuo, e o consequente avanço
tumultuoso das águas logo a seguir, devem ter sido consequência de
algum terramoto ou maremoto. Semelhante ao que assolou Lisboa em
1755.
E agora vamos à Bíblia,
ou Antigo Testamento:
No ÊXODO, versículo
15,16 e seguintes podemos
ler:
-Então
disse o Senhor a Moisés...
E
tu levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o,
para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar, em seco.
21
– Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o Senhor fez
recuar o mar por um forte vento oriental, toda aquela noite; e o mar
tornou-se em seco, e as águas foram partidas.
22
- E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar, em seco: e as
águas foram-lhes como muro, à sua direita e à sua esquerda.
23
- E os egípcios seguiram-nos, e entraram atrás deles todos os
cavalos do Faraó, os seus carros e os seus cavaleiros, até o meio
do mar.
26
- E disse o Senhor a Moisés: estende a tua mão sobre o mar, para
que as águas tornem sobre os egípcios, sobre os seus carros e sobre
os seus cavaleiros.
27
- Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o mar retomou a
sua força ao amanhecer, e os egípcios fugiram ao seu encontro: e o
Senhor derrubou os egípcios no meio do mar.
Neste
tema, como em outros que se encontram relatados na Bíblia,
nomeadamente no Antigo Testamento, como feitos miraculosos, se
esgravatarmos um pouco podemos chegar à conclusão de que, além de
ignorarem muitas coisas acerca da geologia e meteorologia, os
relatores e depois os transcritores -já
bastantes séculos mais tarde-
tinham que seguir, tanto quanto possível -digamos
à letra- o
que e para quem se queria relatar. Não se podem negar totalmente, em
absoluto; em geral surgem dados noutras fontes que nos dão relatos
fisicamente coincidentes, sem o recurso de forças sobrenaturais de
deuses ou diabos.
O
mais curioso é que, nos nossos tempos, bem dentro do séc XXII,
existam pessoas que se podem valorizar como letrados, não
ignorantes, mas que rejeitem a actualização. O poder explicar
certos acontecimentos até então confusos e daí com possibilidades
de serem qualificados como miraculosos. O modernizar não deveria
entender-se como uma falta ou desprestigiante, mas optar por entender
que cada época tinha as suas próprias ferramentas e
disponibilidades para raciocinar.
Quando
estudamos textos antigos é pertinente situar a nossa mente numa
amplitude de horizontes, incluídos os do passado, sem que o nefasto
orgulho do conhecimento actual nos leve a denegrir o que os
antepassados nos legaram. Sem as suas aportações, que erraram por
desconhecimento, não teríamos chegado aos níveis actuais.
Já faz algum tempo que
entendi ser necessário ter uma mente aberta e especulativa, quando
lêssemos o Antigo Testamento, procurando adaptar o que se conhecia
quando se iniciaram os relatos -passarem
a escritos em documentos foi bastante mais tarde- às
diferentes fontes de conhecimento que hoje temos à nossa disposição.
Ou, por outras palavras, avaliar aqueles textos, tão copiados e
manipulados ao longo de séculos e que foram escritos para um público
de gente rude e inculta, e entender que, nos tempos em que vivemos, e
até a partir do séc. XIX, as mentes estão -ou deveriam estar-
mais propensas a procurar explicações naturais para muitos feitos,
que anteriormente a maioria das pessoas nem sequer se atrevia a
ponderar.
Lendo um relato de como
Napoleão, na derradeira década do século XVIII, levou o seu
exército para o Egipto com o propósito de neste território
encontrar a chave para o Médio Oriente -uma visão pessoal do
corso na tentativa de emular os feitos de Alexandre o Grande-
rumou em direcção à Palestina, concretamente quando estava prestes
a tentar conquistar a fortaleza de São João de Acre.
Dos feitos, aventuras e
desventuras de Napoleão no Egipto não me estenderei aqui, mas quero
citar a passagem do golfo de Suez, a pé firme, aproveitando
uma extraordinária maré que fez recuar as águas do Mar Vermelho.
Hoje podemos deduzir que aquele recuo, e o consequente avanço
tumultuoso das águas logo a seguir, devem ter sido consequência de
algum terramoto ou maremoto. Semelhante ao que assolou Lisboa em
1755.
E agora vamos à Bíblia,
ou Antigo Testamento:
No ÊXODO, versículo
15,16 e seguintes podemos
ler:
-Então
disse o Senhor a Moisés...
E
tu levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o,
para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar, em seco.
21
– Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o Senhor fez
recuar o mar por um forte vento oriental, toda aquela noite; e o mar
tornou-se em seco, e as águas foram partidas.
22
- E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar, em seco: e as
águas foram-lhes como muro, à sua direita e à sua esquerda.
23
- E os egípcios seguiram-nos, e entraram atrás deles todos os
cavalos do Faraó, os seus carros e os seus cavaleiros, até o meio
do mar.
26
- E disse o Senhor a Moisés: estende a tua mão sobre o mar, para
que as águas tornem sobre os egípcios, sobre os seus carros e sobre
os seus cavaleiros.
27
- Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o mar retomou a
sua força ao amanhecer, e os egípcios fugiram ao seu encontro: e o
Senhor derrubou os egípcios no meio do mar.
Neste
tema, como em outros que se encontram relatados na Bíblia,
nomeadamente no Antigo Testamento, como feitos miraculosos, se
esgravatarmos um pouco podemos chegar à conclusão de que, além de
ignorarem muitas coisas acerca da geologia e meteorologia, os
relatores e depois os transcritores -já
bastantes séculos mais tarde-
tinham que seguir, tanto quanto possível -digamos
à letra- o
que e para quem se queria relatar. Não se podem negar totalmente, em
absoluto; em geral surgem dados noutras fontes que nos dão relatos
fisicamente coincidentes, sem o recurso de forças sobrenaturais de
deuses ou diabos.
O
mais curioso é que, nos nossos tempos, bem dentro do séc XXII,
existam pessoas que se podem valorizar como letrados, não
ignorantes, mas que rejeitem a actualização. O poder explicar
certos acontecimentos até então confusos e daí com possibilidades
de serem qualificados como miraculosos. O modernizar não deveria
entender-se como uma falta ou desprestigiante, mas optar por entender
que cada época tinha as suas próprias ferramentas e
disponibilidades para raciocinar.
Quando
estudamos textos antigos é pertinente situar a nossa mente numa
amplitude de horizontes, incluídos os do passado, sem que o nefasto
orgulho do conhecimento actual nos leve a denegrir o que os
antepassados nos legaram. Sem as suas aportações, que erraram por
desconhecimento, não teríamos chegado aos níveis actuais.
Recordei que no relato do ÉXODO refere que as águas se separaram devido a um forte vento, E, por sinal, as grandes maré de Veneza ocorrem não só pelo efeito da lua mas pelo vento suão que sopre fortemente naqueles dias, de sul para norte, ao longo do Adriático e empurrando as águas, salgadas, para o Cul de Sac onde está erguida, sobre estacas, a cidade lacustre de Veneza.
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