segunda-feira, 30 de março de 2020

CONEXÕES – A partir do Antigo Testamento



A PASSAGEM DO MAR VERMELHO


Já faz algum tempo que entendi ser necessário ter uma mente aberta e especulativa, quando lêssemos o Antigo Testamento, procurando adaptar o que se conhecia quando se iniciaram os relatos -passarem a escritos em documentos foi bastante mais tarde- às diferentes fontes de conhecimento que hoje temos à nossa disposição. Ou, por outras palavras, avaliar aqueles textos, tão copiados e manipulados ao longo de séculos e que foram escritos para um público de gente rude e inculta, e entender que, nos tempos em que vivemos, e até a partir do séc. XIX, as mentes estão -ou deveriam estar- mais propensas a procurar explicações naturais para muitos feitos, que anteriormente a maioria das pessoas nem sequer se atrevia a ponderar.

Lendo um relato de como Napoleão, na derradeira década do século XVIII, levou o seu exército para o Egipto com o propósito de neste território encontrar a chave para o Médio Oriente -uma visão pessoal do corso na tentativa de emular os feitos de Alexandre o Grande- rumou em direcção à Palestina, concretamente quando estava prestes a tentar conquistar a fortaleza de São João de Acre.

Dos feitos, aventuras e desventuras de Napoleão no Egipto não me estenderei aqui, mas quero citar a passagem do golfo de Suez, a pé firme, aproveitando uma extraordinária maré que fez recuar as águas do Mar Vermelho. Hoje podemos deduzir que aquele recuo, e o consequente avanço tumultuoso das águas logo a seguir, devem ter sido consequência de algum terramoto ou maremoto. Semelhante ao que assolou Lisboa em 1755.

E agora vamos à Bíblia, ou Antigo Testamento:

No ÊXODO, versículo 15,16 e seguintes podemos ler:

-Então disse o Senhor a Moisés...
E tu levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar, em seco.
21 – Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o Senhor fez recuar o mar por um forte vento oriental, toda aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas.
22 - E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar, em seco: e as águas foram-lhes como muro, à sua direita e à sua esquerda.
23 - E os egípcios seguiram-nos, e entraram atrás deles todos os cavalos do Faraó, os seus carros e os seus cavaleiros, até o meio do mar.
26 - E disse o Senhor a Moisés: estende a tua mão sobre o mar, para que as águas tornem sobre os egípcios, sobre os seus carros e sobre os seus cavaleiros.
27 - Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o mar retomou a sua força ao amanhecer, e os egípcios fugiram ao seu encontro: e o Senhor derrubou os egípcios no meio do mar.

Neste tema, como em outros que se encontram relatados na Bíblia, nomeadamente no Antigo Testamento, como feitos miraculosos, se esgravatarmos um pouco podemos chegar à conclusão de que, além de ignorarem muitas coisas acerca da geologia e meteorologia, os relatores e depois os transcritores -já bastantes séculos mais tarde- tinham que seguir, tanto quanto possível -digamos à letra- o que e para quem se queria relatar. Não se podem negar totalmente, em absoluto; em geral surgem dados noutras fontes que nos dão relatos fisicamente coincidentes, sem o recurso de forças sobrenaturais de deuses ou diabos.

O mais curioso é que, nos nossos tempos, bem dentro do séc XXII, existam pessoas que se podem valorizar como letrados, não ignorantes, mas que rejeitem a actualização. O poder explicar certos acontecimentos até então confusos e daí com possibilidades de serem qualificados como miraculosos. O modernizar não deveria entender-se como uma falta ou desprestigiante, mas optar por entender que cada época tinha as suas próprias ferramentas e disponibilidades para raciocinar.

Quando estudamos textos antigos é pertinente situar a nossa mente numa amplitude de horizontes, incluídos os do passado, sem que o nefasto orgulho do conhecimento actual nos leve a denegrir o que os antepassados nos legaram. Sem as suas aportações, que erraram por desconhecimento, não teríamos chegado aos níveis actuais.



Já faz algum tempo que entendi ser necessário ter uma mente aberta e especulativa, quando lêssemos o Antigo Testamento, procurando adaptar o que se conhecia quando se iniciaram os relatos -passarem a escritos em documentos foi bastante mais tarde- às diferentes fontes de conhecimento que hoje temos à nossa disposição. Ou, por outras palavras, avaliar aqueles textos, tão copiados e manipulados ao longo de séculos e que foram escritos para um público de gente rude e inculta, e entender que, nos tempos em que vivemos, e até a partir do séc. XIX, as mentes estão -ou deveriam estar- mais propensas a procurar explicações naturais para muitos feitos, que anteriormente a maioria das pessoas nem sequer se atrevia a ponderar.

Lendo um relato de como Napoleão, na derradeira década do século XVIII, levou o seu exército para o Egipto com o propósito de neste território encontrar a chave para o Médio Oriente -uma visão pessoal do corso na tentativa de emular os feitos de Alexandre o Grande- rumou em direcção à Palestina, concretamente quando estava prestes a tentar conquistar a fortaleza de São João de Acre.

Dos feitos, aventuras e desventuras de Napoleão no Egipto não me estenderei aqui, mas quero citar a passagem do golfo de Suez, a pé firme, aproveitando uma extraordinária maré que fez recuar as águas do Mar Vermelho. Hoje podemos deduzir que aquele recuo, e o consequente avanço tumultuoso das águas logo a seguir, devem ter sido consequência de algum terramoto ou maremoto. Semelhante ao que assolou Lisboa em 1755.

E agora vamos à Bíblia, ou Antigo Testamento:

No ÊXODO, versículo 15,16 e seguintes podemos ler:

-Então disse o Senhor a Moisés...
E tu levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar, em seco.
21 – Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o Senhor fez recuar o mar por um forte vento oriental, toda aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas.
22 - E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar, em seco: e as águas foram-lhes como muro, à sua direita e à sua esquerda.
23 - E os egípcios seguiram-nos, e entraram atrás deles todos os cavalos do Faraó, os seus carros e os seus cavaleiros, até o meio do mar.
26 - E disse o Senhor a Moisés: estende a tua mão sobre o mar, para que as águas tornem sobre os egípcios, sobre os seus carros e sobre os seus cavaleiros.
27 - Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o mar retomou a sua força ao amanhecer, e os egípcios fugiram ao seu encontro: e o Senhor derrubou os egípcios no meio do mar.

Neste tema, como em outros que se encontram relatados na Bíblia, nomeadamente no Antigo Testamento, como feitos miraculosos, se esgravatarmos um pouco podemos chegar à conclusão de que, além de ignorarem muitas coisas acerca da geologia e meteorologia, os relatores e depois os transcritores -já bastantes séculos mais tarde- tinham que seguir, tanto quanto possível -digamos à letra- o que e para quem se queria relatar. Não se podem negar totalmente, em absoluto; em geral surgem dados noutras fontes que nos dão relatos fisicamente coincidentes, sem o recurso de forças sobrenaturais de deuses ou diabos.

O mais curioso é que, nos nossos tempos, bem dentro do séc XXII, existam pessoas que se podem valorizar como letrados, não ignorantes, mas que rejeitem a actualização. O poder explicar certos acontecimentos até então confusos e daí com possibilidades de serem qualificados como miraculosos. O modernizar não deveria entender-se como uma falta ou desprestigiante, mas optar por entender que cada época tinha as suas próprias ferramentas e disponibilidades para raciocinar.

Quando estudamos textos antigos é pertinente situar a nossa mente numa amplitude de horizontes, incluídos os do passado, sem que o nefasto orgulho do conhecimento actual nos leve a denegrir o que os antepassados nos legaram. Sem as suas aportações, que erraram por desconhecimento, não teríamos chegado aos níveis actuais.

UM ACRESCENTO DE ÚLTIMA HORA
Recordei que no relato do ÉXODO refere que as águas se separaram devido a um forte vento, E, por sinal, as grandes maré de Veneza ocorrem não só pelo efeito da lua mas pelo vento suão que sopre fortemente naqueles dias, de sul para norte, ao longo do Adriático e empurrando as águas, salgadas, para o Cul de Sac onde está erguida, sobre estacas, a cidade lacustre de Veneza.

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