CONFIAR
NA SENSATEZ É ARRISCADO
Se
desta pandemia podemos encontrar alguma coisa válida é que ela
prova quão prejudicial se mostrou ser o TURISMO DE MASSAS, e os seus
efeitos imediatos. SERÁ QUE OS CIDADÃOS E AS AUTORIDADES NÃO
ENTENDERAM QUE ESTE CAMINHAR LEVA A UM BECO SEM SAÍDA?
Não
pretendo fazer uma listagem exaustiva dos capítulos sociais que,
pela avidez da economia instantânea, tem levado o globo a uma
prejudicial distribuição de problemas.
Ao
longo da história a humanidade teve que se defrontar com epidemias
terríveis, que chegaram a despovoar regiões inteiras, e que para
recuperar a sua população demoraram quase um século. E todas estas
epidemias sabemos que foram disseminadas, transmitidas, não pelo
vento ou as águas em exclusividade, mas, principalmente, pela
deslocação dos já infectados, que foram cair em zonas ainda não
contaminadas e assim espalhar a doença progressivamente.
Mas
se dermos o valor que merecem os ditados populares, aceitamos a
mensagem de que o homem é o único animal que tropeça duas
vezes (se não mais) na mesma pedra.
Imediatamente
temos que discorrer quantos inconvenientes e perigos comporta a
loucura (comercialmente proporcionada com fúria constante)
para que as pessoas sintam a “absoluta e incontrolável
necessidade” de viajar, quanto mais longe melhor, sem importar
se destas viagens vão conseguir aumentar a sua cultura real, que é
bastante superior á considerada “cultura geral”.
Sem
referir o magno problema, ao nível de desastre global, que as
deslocações de massas provocam, são demasiados os capítulos em
que devemos sentir que esta ânsia de ser visto com o um cidadão de
primeira pelo facto de ter viajado de um lado para outro, é
equivalente ao que compra livros a metro, ou até só as lombadas sem
conteúdo, para encher as prateleiras de uma falsa biblioteca.
Num
computo dos malefícios que o excesso de voos e deslocações sem
necessidade, assim como a terrível pegada ecológica que deixam os
enormes navios-cidade de cruzeiro, coloco, em primeiro e destacado
lugar, o que neste momento aflige a humanidade. A disseminação de
doenças. A anterior praga foi a disseminação da AIDS, ou SIDA,
também facilitada pelas viagens de baixo custo.
Deixou
de ser importante descobrir o foco inicial desta pandemia, assim como
o deplorável apetite para comer, e até criar em cativeiro, animais
exóticos. Outros focos de novas epidemias surgirão neste mundo,
tal como aconteceram anteriormente.
O
mais notório, neste momento, é que a disseminação foi facilitada,
e até promovida por incúria e ambição de rendimentos económicos
imediatos, pela massificação do turismo.
A primeira “cidade mártir”, reconhecida oficialmente como tal foi Veneza. Que a publicidade turística envenenou e destruiu, sem atender a que, alguns anos, poucos, antes de vir a fechar as portas, já Murano teve que encerrar a sua famosa industria artesanal dos vidros coloridos e peças merecedoras, durante séculos, de apreço, derrotada pela importação de cópias imitações vindas do Oriente, a preços impossíveis de adoptar pelos artífices locais. Foram os retalhistas e armazenistas que, ao provocarem a massificação de compradores (incultos) colaboraram em matar a sua galinha com ovos de oiro.
Lisboa,
famosa por ser velha e simultaneamente menina e moça,
vai a caminho, acelerado, para ser também uma múmia repintada,
caricata e abandonada como uma velhota que se mascara de pretensa
rapariga. E DEPOIS?
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