quarta-feira, 25 de março de 2020

MEDITAÇÕES – Será desta?



CONFIAR NA SENSATEZ É ARRISCADO

Se desta pandemia podemos encontrar alguma coisa válida é que ela prova quão prejudicial se mostrou ser o TURISMO DE MASSAS, e os seus efeitos imediatos. SERÁ QUE OS CIDADÃOS E AS AUTORIDADES NÃO ENTENDERAM QUE ESTE CAMINHAR LEVA A UM BECO SEM SAÍDA?

Não pretendo fazer uma listagem exaustiva dos capítulos sociais que, pela avidez da economia instantânea, tem levado o globo a uma prejudicial distribuição de problemas.

Ao longo da história a humanidade teve que se defrontar com epidemias terríveis, que chegaram a despovoar regiões inteiras, e que para recuperar a sua população demoraram quase um século. E todas estas epidemias sabemos que foram disseminadas, transmitidas, não pelo vento ou as águas em exclusividade, mas, principalmente, pela deslocação dos já infectados, que foram cair em zonas ainda não contaminadas e assim espalhar a doença progressivamente.

Mas se dermos o valor que merecem os ditados populares, aceitamos a mensagem de que o homem é o único animal que tropeça duas vezes (se não mais) na mesma pedra.

Imediatamente temos que discorrer quantos inconvenientes e perigos comporta a loucura (comercialmente proporcionada com fúria constante) para que as pessoas sintam a “absoluta e incontrolável necessidade” de viajar, quanto mais longe melhor, sem importar se destas viagens vão conseguir aumentar a sua cultura real, que é bastante superior á considerada “cultura geral”.

Sem referir o magno problema, ao nível de desastre global, que as deslocações de massas provocam, são demasiados os capítulos em que devemos sentir que esta ânsia de ser visto com o um cidadão de primeira pelo facto de ter viajado de um lado para outro, é equivalente ao que compra livros a metro, ou até só as lombadas sem conteúdo, para encher as prateleiras de uma falsa biblioteca.

Num computo dos malefícios que o excesso de voos e deslocações sem necessidade, assim como a terrível pegada ecológica que deixam os enormes navios-cidade de cruzeiro, coloco, em primeiro e destacado lugar, o que neste momento aflige a humanidade. A disseminação de doenças. A anterior praga foi a disseminação da AIDS, ou SIDA, também facilitada pelas viagens de baixo custo.

Deixou de ser importante descobrir o foco inicial desta pandemia, assim como o deplorável apetite para comer, e até criar em cativeiro, animais exóticos. Outros focos de novas epidemias surgirão neste mundo, tal como aconteceram anteriormente.

O mais notório, neste momento, é que a disseminação foi facilitada, e até promovida por incúria e ambição de rendimentos económicos imediatos, pela massificação do turismo.

A primeira “cidade mártir, reconhecida oficialmente como tal foi Veneza. Que a publicidade turística envenenou e destruiu, sem atender a que, alguns anos, poucos, antes de vir a fechar as portas, já Murano teve que encerrar a sua famosa industria artesanal dos vidros coloridos e peças merecedoras, durante séculos, de apreço, derrotada pela importação de cópias imitações vindas do Oriente, a preços impossíveis de adoptar pelos artífices locais. Foram os retalhistas e armazenistas que, ao provocarem a massificação de compradores (incultos) colaboraram em matar a sua galinha com ovos de oiro.

Lisboa, famosa por ser velha e simultaneamente menina e moça, vai a caminho, acelerado, para ser também uma múmia repintada, caricata e abandonada como uma velhota que se mascara de pretensa rapariga. E DEPOIS?

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