ACERCA DAS ELEIÇÕES PARA O PARLAMENTO EUROPEU
Admito
que nem sempre votei nas Eleições Europeias, e que a minha adversão
tinha, e tem, dois vectores importantes, pelo menos a meu ver. Nada
daquela frase parva de “pela minha óptica”, pois que nenhuma das
aceitações que figuram no dicionário da língua portuguesa dá
como válida que, também entre outras, corresponda à ponderação
pessoal sobre algum tema. Eu, no intuito de denegrir (sem ofender) o
uso deste termo como base de opinião, digo, sempre, que eu não
posso partilhar pela simples razão de que não sou dono de uma loja
de lentes e óculos.
Retomando
o fio da meada, já que mais uma vez, me desviei do tema que
pretendia expor. Sinto, baseado no meu desconhecimento, que o
organismo UE. Se converteu numa enorme burocracia, que custa muito
dinheiro e perde muitas energias dos membros que compõem este
aglomerado, que se diz estar em vias de desagregação. Aceito quer
se tomaram decisões acertadas, mas que, felizmente, os cidadãos dos
países membros desconhecem muitas das burrices cometidas, dos
compadrios, das preferências injustificadas e, possivelmente, das
fraudes que sob a sua bandeira poli-estrelada e do seu papel timbrado
tenham tido a porta aberta. Os humanos são useiros e vezeiros em
cair na tentação de meter a mão na gaveta. Quem lida com
mel, sempre lambe os dedos.
Além das desconfianças, quase
inevitáveis, temos que os problemas caseiros sempre condicionam, ou
deturpam, o voto que devia ser exclusivamente europeísta. E a
propagando eleitoral pecou, precisamente, por ser excessivamente de
carácter nacional. Ofereci o meu voto mais por sentido de eficiência
nacional do que por uma visão multinacional, abrangente portanto.
Mas já foi.
Posteriormente dediquei mais atenção aos pretensos programas dos concorrentes. E digo pretensos porque
não os considerei à altura das que pretendiam ser as suas responsabilidades. Ou seja, nem os cabeças de lista, mais os comentadores "esclarecidos", conseguiam livrar-se da pressão interna de nacionalismo bacoco. Mesmo assim, e
sem que eu tivesse contribuído para tal, uma parte do eleitorado activo apoiou o grupo menos egoísta, patrioteiro, exclusivista. E que certamente por alguns prever que poderia destacar-se entre os pequenos, foi alvo de uma campanha insidiosa. Mesmo que se saiba, pela evidencia manifesta, de que o Partido Verde é uma filial do PCP, nada nos garante, nem nega, da possibilidade de que exista a vontade de algum dos partidos de centro ou da direita de tomarem o comando do PAN, que foi uma revelação a sua entrada no Parlamento Europeu, não só pelo discurso dos seus dirigentes -poucos- mas porque a noção do desastre ambiental já se fixou em muitos europeus.
Dei o meu voto ao PAN, com
a fé de que os seus princípios pró recuperação do ambiente
terrestre sejam levados a sério, em oposição à forma desinteressada com que continuamos e colaboramos em estragar o planeta. O facto de
que na sua proclama refiram, denunciem mesmo, a forma como se
eliminam, constantemente, espécies animais, que são nossos companheiros de planeta e
até parceiros na nossa cadeia evolutiva, em vez de se levar
seriamente, como é evidente para quem se entretenha a pensar, nos devia causar uma repulsa aguda, e
colocar o PAN no lugar cimeiro das nossas preocupações. O planeta,
nossa casa e única possibilidade de sobrevivência, exige que os
cidadãos eleitores, abdiquem dos seus preconceitos partidários e
pensem de uma forma mais global.
Promover a desacreditação da
poluição dos mares, rios e até montanhas e vales, usando como
argumento que estes partidários do simbólico verde, se oporem à
lide de toiros, desvalorizando o seu mérito marialvista, é uma mostra de ignorância só comparável ao da banal citação de pretender
tapar o sol com uma peneira.
O facto de ser compreensível é louvável lutar pelo bem de terceiros, apesar de que os resultados possam reflectir-se em nós, temos que entender que existem acções que deixamos acontecer, sem reagir, e que prejudicam a toda a humanidade, e até aos que nos seguirão caso a vida na terra continuar a ser possível, mesmo que num planeta degradado.
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