MEDITAÇÕES
– Farto de ser arrastado
É
um bocado tarde, mesmo muito tarde para mim, com 81 primaveras às
costas. O sentir-me revoltado, com a atitude “rebelde”, mas
totalmente de âmbito interno, de consumo caseiro, não me consola.
Dizem-nos
que os meios de contacto via electrónica nos permitem criar um grupo
de “activistas” ou contestatários, com toda a facilidade. Tenho
que acreditar, já que são tantas as vozes, ou os escritos, que
apregoam esta prontidão potencial para poder juntar acólitos, ou
“almas gémeas” que, com um peso numérico crescente, nos permita
reclamar e agir. E como se põe esta bola em andamento? “é ná
sei!”
Não
chega o ler que desde as mais profundas fossas abissais até os mais
altos cumes do Himalaia, passando pelos peixes e outros alimentos que
comemos, ou mesmo a água que bebemos, estão todos contaminados de micro-partículas de plásticos, cujos efeitos perniciosos podem
causar na saúde humana, e dos seres vivos que nos acompanham neste
planeta, ainda não conhecemos, mas não serão positivos, isso
certamente. Que sendo o único lar possível para o género humano,
nós, que nos auto-consideramos os réis da natureza, teimamos em
destruir.
Admito,
com vergonha, que não me basta colaborar com a separação e entrega
dos resíduos, tanto de materiais plásticos como de papel, vidro ou
matéria orgânica. Nem tampouco fico satisfeito pelo meu cuidado em
fazer compostagem no meu jardim. Não basta. É mesmo ridículo
quando vemos que tartarugas, baleias e aves, entre muitos outros
animais, morrem por ter ingerido plásticos não digeríveis.
E
pior me sinto ao saber que muito daquilo que separamos, guardamos e
entregamos, na convicção de ser reciclado. DE FACTO NÃO É
RECICLADO. Muito deste lixo irá a aterros ditos sanitários, que de
sanitário não tem nada, pois limitam-se a amontoar e na melhor das
hipóteses ser coberto com uma camada de terra. MAS O PLÁSTICO ESTÁ
LÁ !
Ou
então segue numa de duas alternativas. O é queimado e daí se possa
recuperar alguma energia, ou é DEITADO AO MAR OU AOS RIOS, e que
siga como Deus Quiser.
Entretanto,
sempre que vamos comprar artigos necessários, sejam alimentos ou
produtos consumíveis que se tornaram indispensáveis, a embalagem de
plástico está sempre presente. Não se nota um eco positivo das
campanhas que alertam e propõem terminar com estes artigos indestrutíveis.
E
não falo na destruição da atmosfera, tanto por excessos de
produtos poluentes gasosos libertos perto da superfície, como a
confirmada diminuição da capa de ozono que nos protege das
radiações ultravioletas. Cada voo a alta altitude colabora na sua
destruição, além dos foguetões que partem rumo ao espaço
exterior. Deixam a camada como uma meia esburacada, e quem é que
hoje agarra num ovo, até de madeira, e dedica-se a cerzir? Vai para
o lixo! E como pode estar feita, a meia, de material sintético ...
Os
partidos políticos existentes, sejam eles quais forem, incluídas as
filiais pintadas de verde ecológico, nada fazem de positivo. Tudo
continua na mesma , ou pior.
Quando
se comercializou a baquelite, o celulóide, e depois a viscosa e
outras fibras sintéticas, as pessoas sentiram que se abria um mundo
novo, belo, recheado de coisas úteis e a baixo custo. A realidade
nos leva a recordar a lendária CAIXA DE PANDORA, ou
o seu equivalente GÉNIO MALVADO QUE ESTAVA FECHADO NUMA
GARRAFA. Um alerta de como
depois de libertado o monstro era muito difícil o manter fechado
novamente, ou mesmo impossível. Como vai acontecer com os milhões,
trilhões e multilhões de micro-partículas que constantemente são
lançadas na atmosfera, aos mares, na terra em fim.
Com
a energia atómica aconteceu
outro tanto. Os desastres ocorridos não surtiram o efeito da
prudência total. O átomo depois de reactivo e radioactivo é tal
como o tigre numa jaula, estará mais ou menos domesticado até o dia
em que decida atacar o domador.
Mas
o homem, que há muito tempo que foi definido como o único
animal que tropeça duas vezes na mesma pedra, não
aprende com os seus fracassos. Antes pelo contrário, procura os
varrer sob o tapete, o enterrar como o médico, e partir à procura
de outra utopia.
E
aqueles que, como eu, se encontram inermes perante o desastre global,
que podemos fazer? Chorar como crianças, que voltamos a ser?
COMENTÁRIO RECEBIDO DE PESSOA AMIGA, e colega.
Gostei de ler estas tuas meditações e venho dar o meu contributo, embora muito pequeno, para o que podemos fazer.
COMENTÁRIO RECEBIDO DE PESSOA AMIGA, e colega.
Gostei de ler estas tuas meditações e venho dar o meu contributo, embora muito pequeno, para o que podemos fazer.
Em 1º lugar temos de nos consciencializar dos problemas, se não estivermos já conscientes deles.
Depois diria como o Akio Morita (suponho que é assim que se escreve): «Os elefantes comem-se às dentadas»
É pouco o que podemos fazer (contribuir para a reutilização e reciclagem, procurar não desperdiçar água e energias não renováveis, usar mais os transportes públicos, mesmo com algum incómodo). No entanto, se formos muitos a fazer isto, os muitos poucos fazem muito, o elefante vai sendo comido, e, com alguma probabilidade irá aumentando o nº de pessoas com preocupações ecológicas que actuam como tal. Na realidade não consigo ter uma visão completamente pessimista da evolução humana e do mundo, e acredito que está nas nossas mãos melhorar um pouco tudo.
OUTRA OPINIÃO DE APOIO, de um amigo veterano
Até podem todos desistir ...que eu vou continuar "a tentar fazer a minha parte"...
Custa-me a acreditar que todo o trabalho a que se devotam os que "se preocupam" com a defesa do Ambiente, seja assim lançado "no monte" do lixo...como se nada "tivesse sido feito..."
Quero acreditar que isso "é desculpa" daqueles que nada querem fazer, sem colocar de lado a hipóteses de haver no circuito alguns irresponsáveis "que gozam" com o nosso esforço...
Vamos acreditar...
Sem comentários:
Enviar um comentário