Enquanto
não chega a convocatória
Estou
num momento de sossego. A Isabel foi para a Vila e “aodespois”
para Aveiro, a fim de actualizar os seus negócios, pois com a
inesperada vocação -mais sonhada do que existente- para
andar com avental, luvas de jardinagem, e brincar com flores, mais
couves, pés de tomateiro, pimento, malagueta “salerosa”,
beringelas e outras verduras, umas mais coloridas do que outras, que
qualquer Pingo Amargo tem nas suas prateleiras, e quem faz referência
a esta rede de lojas não quer dizer que a veja como destacável, ou
melhor do que qualquer outra. Pois bem, eu estou aqui sentado num cómodo cadeirão, quase a dormir, e pensando na morte da bezerra, que é um tema
bem histórico e actual para muitos dos meus compatriotas.
E
já agora. Como falo uma porção de línguas, sem contar a de vaca,
que gosto dela estufada, nem a de gato, que por vezes molho no café
da manhã, antes mata-bicho, acontece que, sem ser por vontade
definida, ou seja de propósito, verifico que a minha cachola está
imersa noutra língua, que não a do Camões e da Augustina
recentemente falecida e que, a meu ver, embora reconheça que ninguém
se interessa pela minha opinião, devia ter sido enviada,
por correio azul, para
junto “del Marocas”, por ser uma personalidade de muito destaque
no meio da mediocridade e desprezo nacional. O menosprezo que esta
interessante senhora gerou -enquanto viveu- foi consequência das
invejas que se tornaram venenosas em muitas mentes insignificantes.
Depois
desta tirada social no campo das loas, agradeço os aplausos e as
mostras de agradecimento dos familiares desta Dama. Bem hajam.
Pois como tinha no pensamento, antes
de descarrilar, coisa que “nunca me acontece”, tinha dado por
mim a pensar em castelhano, ou espanhol se preferirem adoptar a
terminologia dos dominantes do outro lado da fronteira (espero
que o bom Deus, que não o mau! os mantenha longe de casa) E já
sabem que no clã dos Maragato a língua materna, e até a paterna,
foi sempre o espanhol, mesmo que com o tempo de degradasse para o tal
portunhol.
E o que me tinha vindo à miolada?
Sim, porque nesta altura já devem estar ansiosos por saber das
minhas interioridades de dentro. Pois tudo estava circunscrito numa
frase espanhola ligada ao tema das obras em curso na mansão dos
crimes, que parece criada expressamente para a situação que sugere
estar por trás das obras. Diz assim La jodienda no tiene
enmienda. Admito que não é necessário tentar uma tradução
(1), basta recordar a fábula da serpente e Eva, mais a maçã da
sabedoria, e as consequências imediatas que ocasionou. Só direi que
entraram numa de fornicação obcecada e que, estupidamente, se
envergonhavam desta ânsia, que mais tarde partilharam com as
conjunções copulativas. Não só contribuíram, incessantemente,
para aumentar a população do Paraíso e arredores, como foram o
rastilho para o surgir da moda, dos vestidos, da alta costura e da
baixa cultura, mas não da baixa pombalina, que careceu da ajuda do
terramoto+maremoto (agora tsunami) e do Sebastião e Melo, mais o
Carlos Mardel para se concretizar.
…...
Quando
o telefone toca
Estou! Quem fala?
Ou ninguém quer falar? Esta linha
de vez em quando não responde. Deve estar sob vigilância, por
indecente e má figura.
- Nada disso, amigo Maragato, foi um toque de botões sem intenção.E agora ouve bem?
Optimamente, e sem necessitar de
amplificador. Podemos dizer que foi um falso alarme. E então, o
Doutor está disponível, onde, quando e como -estive aguardando a
oportunidade de fazer esta tripla pergunta, mesmo que a última não
encaixe perfeitamente- Mas, não ligue a estes meus dislates . Será
que nos podemos encontrar?
Então fica para amanhã ao tempo do mata-bicho, no local que me indicou. E adianto que não se preocupe,
ou melhor, que escusa de ficar descansado, pois se tenho
indícios de que não acertamos, o que parece estar a ser preparado
não é muito melhor.
Até amanhã, e de os meus
cumprimentos à sua esposa Diana.
(1) Posso sugerir: O foder não
tem nada que saber
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