O SÍNDROME DA CHUCHA
Por
uma questão de sensatez, na minha família paterna e depois na que
formei com a minha mulher, jamais se procurou viciar os bebés com a
chucha. Nas duas gerações sucessivas a alimentação inicial foi
fornecida pelas mães por meio das suas glândulas naturais.
Admitimos, desde início, que o leite materno, sempre e tanto que a
mãe não estivesse doente, era precioso para o filho, e acreditamos,
piamente, de que ele contêm moléculas naturais benéficas, género
de anti-corpos, ou outros compostos benéficos para a digestão e
evolução do filho.
Não
ficamos admirados quando todos eles rejeitaram o biberão como
substituto da teta. Quando foi necessário complementar a aleitação
natural optou-se, sempre, pelas papas dadas por meio de uma colher
pequena. Foi sempre espectacular ver como se habituaram e abriam a
boquinha esperando uma nova dose.
Curiosamente,
em ocasiões de extremo desespero dos adultos, mesmo sabendo que
aquele choro contínuo do bebé devia ser reflexo de alguma
indisposição dolorosa, como o romper dos dentes, tentou-se a
artimanha de comprar uma chucha na farmácia e com isso, tapar aquela
boca que berrava. Nenhum dos filhos aceitou este treta, cuspiram-na,
aquilo não equivalia ao mamilo materno.
Ao
longo do crescimento houve, sempre, o cuidado de lhes evitar vícios.
Por exemplo: mesmo que foi pertinente os ilustrar com jogos de mesa,
fossem de cartas (inicialmente com figuras de animais ou flores) e depois com baralhos normais, ou no dominó, jogo da glória ou
outros em que se pontua e ganha ou perde, nem a feijões se jogava.
Pontuava-se num papel e chegava. Jamais com moedas de uso corrente,
nem sequer as de menor valor.
Deste
relato retira-se que os pais tem a obrigação de evitar, tanto
quanto forem capazes e conscientes, de lhes abrir portas a vícios e
hábitos que mais tarde será difícil eliminar.
Outros
costumes, que tenho relutância em referir, são inculcados nas
crianças sem que os adultos de preocupem de os explicar.
Habitualmente os adultos que tal erro, ou abuso, cometem, tampouco
são conhecedores, em profundidade, do que estão a impingir.
Explicitar,
de forma coerente e perceptível, o que é correcto ou não no
comportamento das pessoas não é fácil. E caso imaginarmos que é
factível conseguir uma ajuda do exterior, estaremos redondamente
enganados. Os bons costumes, os bons actos, o respeito pelos outros
e todas as normas de bom comportamento social e humano não carecem,
para ser adoptadas, de uma ajuda celestial. Tudo se torna mais normal
e intenso se vier do seio das pessoas que se conhecem desde a mais
tenra infância, tal como faz o bebé ao mamar, que não tire os
olhos da cara da mãe e até é capaz de morder no mamilo se vir que
a mãe não lhe dá aquela atenção, total, que ele exige, e só
assim consegue mostrar.
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