domingo, 30 de junho de 2019

MEDITAÇÕES - Acerca da chucha, e outros erros.


O SÍNDROME DA CHUCHA

Por uma questão de sensatez, na minha família paterna e depois na que formei com a minha mulher, jamais se procurou viciar os bebés com a chucha. Nas duas gerações sucessivas a alimentação inicial foi fornecida pelas mães por meio das suas glândulas naturais. Admitimos, desde início, que o leite materno, sempre e tanto que a mãe não estivesse doente, era precioso para o filho, e acreditamos, piamente, de que ele contêm moléculas naturais benéficas, género de anti-corpos, ou outros compostos benéficos para a digestão e evolução do filho.

Não ficamos admirados quando todos eles rejeitaram o biberão como substituto da teta. Quando foi necessário complementar a aleitação natural optou-se, sempre, pelas papas dadas por meio de uma colher pequena. Foi sempre espectacular ver como se habituaram e abriam a boquinha esperando uma nova dose.

Curiosamente, em ocasiões de extremo desespero dos adultos, mesmo sabendo que aquele choro contínuo do bebé devia ser reflexo de alguma indisposição dolorosa, como o romper dos dentes, tentou-se a artimanha de comprar uma chucha na farmácia e com isso, tapar aquela boca que berrava. Nenhum dos filhos aceitou este treta, cuspiram-na, aquilo não equivalia ao mamilo materno.

Ao longo do crescimento houve, sempre, o cuidado de lhes evitar vícios. Por exemplo: mesmo que foi pertinente os ilustrar com jogos de mesa, fossem de cartas (inicialmente com figuras de animais ou flores) e depois com baralhos normais, ou no dominó, jogo da glória ou outros em que se pontua e ganha ou perde, nem a feijões se jogava. Pontuava-se num papel e chegava. Jamais com moedas de uso corrente, nem sequer as de menor valor.

Deste relato retira-se que os pais tem a obrigação de evitar, tanto quanto forem capazes e conscientes, de lhes abrir portas a vícios e hábitos que mais tarde será difícil eliminar.

Outros costumes, que tenho relutância em referir, são inculcados nas crianças sem que os adultos de preocupem de os explicar. Habitualmente os adultos que tal erro, ou abuso, cometem, tampouco são conhecedores, em profundidade, do que estão a impingir.

Explicitar, de forma coerente e perceptível, o que é correcto ou não no comportamento das pessoas não é fácil. E caso imaginarmos que é factível conseguir uma ajuda do exterior, estaremos redondamente enganados. Os bons costumes, os bons actos, o respeito pelos outros e todas as normas de bom comportamento social e humano não carecem, para ser adoptadas, de uma ajuda celestial. Tudo se torna mais normal e intenso se vier do seio das pessoas que se conhecem desde a mais tenra infância, tal como faz o bebé ao mamar, que não tire os olhos da cara da mãe e até é capaz de morder no mamilo se vir que a mãe não lhe dá aquela atenção, total, que ele exige, e só assim consegue mostrar.

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