sexta-feira, 29 de março de 2019

BREXIT 4



Uma embrulhada

Os últimos dias nos ofereceram, desde Londres, um espectáculo interessante, que sendo único só se pode comparar, no sentido oposto, com aquelas sessões em países onde as pessoas se inflamam a pontos de se agredirem fisicamente, em pancadaria feroz.

Para já a sala de sessões do Parlamento Inglés é muito diferente das que estamos habituados a ver nas reportagens do resto do mundo “civilizado”. Estão enfrentados os dois grupos rivais, instalados bem apertadinhos, sem uma mesinha donde se apoiarem ou colocarem uma aparelhagem electrónica de uso normal. Para completar tem umas regras muito próprias e, pelo menos agora, um porta-voz, ou uma espécie de coordenador-moderador que, além de pedir aos membros da assembleia que se portem com ordem, tem uma expressão facial que podemos considerar, pelo menos, como curiosa e até patusca, mesmo que respeitadora das regras sociais e políticas.

O que nos deu de novo a mais recente sessão foi ver que, implícitamente, os dois bandos estavam já saturados do seu Primeiro Ministro. Aquela espécie de gafanhoto desengonçado que não conseguiu levar a água ao seu moínho. Nem sequer entre os seus membros de governo, que desde meses teimam em se dimitir, e muito menos em conseguir uma demostração unânime de parecer por parte dos seus representantes eleitos, e muito menos da população em geral, que vimos como se tem manifestado publicamente nas ruas e praças, com diferentes opções. Uma rebaldaria que não se sente com solução à vista.

Um ponto,porém, está saliente no sentimento de indecisão sobre como agir neste impasse, que os seus representante abriram com a U.E. Já referi, numa entrega anterior, que o problema mais forte para os cidadãos do Reino Unido é o de não aceitar a hipótese de se re-instalar uma fronteira entre a República Irlandesa, católica, e o Norte, protestante, unido ao U.K.

Não aceitam o previsível retorno a um conflito armado entre as duas zonas, mas tampouco lhes agrada a possibilidade de uma união política e territorial entre as duas Irlandas, pois que esta implicaria a saída do Ulster do R.U. Este tema parece que é o mais agreste neste momento. E a única semi-solução, dada a existência dum conflito religioso de difícil arranjo, os outros membros do U.K., não é provável que aceitassem, assim de repente, abdicar de mais uma parcela do seu já encolhido Império Britânico.

Logicamente tem que se encontrar uma saída para este diferendo, que nem sequer é visto de forma unânime pelos subditos de Sua Majestade. A mais correcta, mesmo que amarga de engolir, poderia ser o abandonar, totalmente os propósitos do BREXIT. Esquecer as possíveis pressões vindas desde os USA, que desejam enfraquecer a União Europeia, quase tanto quanto alguns dos seus membros efectivos, se avaliarmos os conflitos que tem surgido.

Os membros do Parlamento, se quiserem ter uma acção brilhante, além de dar o dito por não dito, podiam propor a entrada do U.K. na moeda única, como mostra de boa-vontade e arrependimento (mesmo que se dessem outros argumentos mais simpáticos e menos amargos). Com esta união monetária podiam tentar recuperar parte da desvalorização que sofreu a libra a partir do anúncio do BREXIT.

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