PROBLEMAS
INTERNOS
De
imediato confesso que não estou preparado -nem sequer tentei- para
poder dissertar sobre as consequências económicas que podem
acontecer caso a Inglaterra desista de pertencer à União Europeia,
tal como valorizar a sua continuidade neste “clube”, numa fase da
sua evolução em que se refere existirem desvios nacionais, com perigo potencial
num desmembramento. O ambiente dentro da UE não está calmo,
tranquilo, antes parece com preanuncios de problemas.
Aquilo
que sinto, a propósito do BREXIT, E com alguma convicção baseando-me exclusivamente no que encontro na imprensa e nos
noticiários-comentários da TV, é que parece evidente que muitos
eleitores do UK, quando se decidiram a votar na consulta geral para
decidir se queriam sair ou continuar como membros da União Europeia,
ou entrar na iniciativa nomeada de BREXIT, não estavam bem
elucidados sobre o que existia por trás daquela consulta, ou até
donde poderia ser alterado todo o seu esquema de vida.
Ou
seja, admite-se que muitos votaram por sentimento, às cegas. E hoje
devem estar preocupados por se optaram erradamente. Muitos gostariam
de mudar o seu sentido de voto. Caso as normas vigentes o permitam.
Um dos factores que pode ter
influenciado fortemente na decisão do voto pode ser o da visão, possivelmente exagerada, da presença de um número de estrangeiros.
O cidadão comum pode sentir que esta presença já é excessiva e
que, coincidindo com uma quebra nas ofertas de emprego, em especial
nas de tarefas mal remuneradas, criou um ambiente de rejeição
perante os recém chegados, dispostos a aceitar o pouco que
oferecessem.
Ver as reportagens dos grupos de
migrantes ainda na costa francesa, frente ao canal, que tentam,
insistentemente, em entrar no UK, sem documentação, ocasionou o
atribuir esta situação, perigosa, ao terem sido abertas as
fronteiras entre os países membros da UE. Quando se publicitou a
hipótese de instalar os controles nas fronteiras inglesas, caso se
abandonasse a União Europeia, muitos terão decidido que o BREXIT
era a melhor opção.
Esqueceram-se
de que muito antes das fronteiras abertas na Europa já lhes chegava
um fluxo, practicamente incontrolável, de pessoas com passaporte e
entrada legalizada, provenientes de antigos territórios do Império
Colonial. Compareceram gentes de cor vindas
da Jamaica e outras ilhas do Caribe, mais do Pakistão, da India, e
outros lugares onde esteve a bandeira imperial. Alguns integraram-se,
como os taxistas e motorista de ómnibus com volumosos turbantes.
Outros mais se instalaram-se em sectores comerciais.
Por outro lado a
proliferação familiar deste inmigrantes, muito superior à das
famílias inglesas, introduziu mais elementos com nacionalidade
britânica do que postos de trabalho disponíveis. De onde que
passassem a ser credores das ajudas sociais, ou de se movimentar por zonas clandestinas.
Imagino,
sem outra base do que a simples especulação comparativa, que no UK existem
muitos cidadãos sossegados, cumpridores, que sendo maioria não
deixam de estar temerosos dos que invadem as ruas tumultuosamente, os
que insistem em ficar ébrios, drogados, fazer desacatos e
agressões injustificadas -caso existam justificadas que
não sejam a auto defesa – e,
como é fácil de entender, os “pacatos” identificam os
transgressores da paz pública como uns indesejáveis. E na multidão
destacam, por serem mais visíveis, as pessoas de cor, os
diferentes da imagem que desejariam ser a dos seus verdadeiros
compatriotas (?), renegando o facto de que muitos destes elementos,
com visual de forasteiro, já nasceram no UK, de segunda ou terceira
geração, e são legalmente tão cidadãos como eles próprios. A
partir daí devem transferir a rejeição para aqueles que ainda não
entraram, mas que os sentem como ameaçadores potenciais.
Paralelamente, os recursos humanos
gerados no seio dos naturais do RU mostram-se, em alguns sectores, insuficientes para cobrir muitas tarefas imprescindíveis. Por sector
de informática é conhecida a boa preparação, em quantidade e
qualidade dos indostânicos, entre outros, com a vantagem de que
dominam o idioma, tanto o de uso normal como o profissional.
Um dos sectores onde a Inglaterra
não consegue abastecer o seu mercado é na saúde hospitalar. É
conhecida a oferta de trabalho para enfermeiros, com salários mais
elevados do que conseguem nos seus países de origem. Os recebem com
os braços abertos e com a vantagem suplementar de que a preparação
profissional foi financiada pelo seu País de origem. Estes podem vir
!
Ainda neste aspecto de sim ou não à
União Europeia, os ingleses devem estar perante o dilema de estudar
todos os efeitos que implicaria um BREXIT, uns positivos e outros
negativos, mas com a certeza de que sair mas podendo seleccionar,
como numa ementa, os parágrafos que lhe podem agradar e rejeitar os
outros, não parece factível. Por muito interesse que exista entre
os membros da UE para que o UK não active o Brexit, as normas do
tratado terão que ser obedecidas e cumpridas.
Para já, dado que na vida normal,
nomeadamente na alimentação, a Inglaterra está muito dependente da
importação de produtos frescos da Europa Continental, o BREXIT, puro e duro,implicaria um aumento imprevisto do custo de vida. E esta
consequência não seria bem recebida na economia doméstica.
Alterar a situação actual,
implicaria uma interrupção das negociações com uma duração suficiente para poder fazer o que não foi feito. Ou seja, elucidar
detalhadamente a população com um sério balanço dos ganhos e
perdas que uma saída ou uma permanência forçosamente implica. Será
que o governo de Sua Magestade pedirá estas tréguas? E a UE
concederá este bonus temporal?
O
Reino Unido, que em linguagem simplificada nomeamos de Inglaterra,
tem aquela localização geográfica, desligada territorialmente do
continente europeu, que se prestou à famosa graçola de que “devido
aos fortes temporais a Europa está isolada”.
A realidade actual é muito diferente. Já é difícil, ou mesmo
impossível, retroceder a um isolamento imperial.
Moral
da história Pretender
alterar seleccionando o que se gosta, nem sempre é possível.
Sem comentários:
Enviar um comentário