segunda-feira, 25 de março de 2019

BREXIT 3




PROBLEMAS INTERNOS

De imediato confesso que não estou preparado -nem sequer tentei- para poder dissertar sobre as consequências económicas que podem acontecer caso a Inglaterra desista de pertencer à União Europeia, tal como valorizar a sua continuidade neste “clube”, numa fase da sua evolução em que se refere existirem desvios nacionais, com perigo potencial num desmembramento. O ambiente dentro da UE não está calmo, tranquilo, antes parece com preanuncios de problemas.

Aquilo que sinto, a propósito do BREXIT, E com alguma convicção baseando-me exclusivamente no que encontro na imprensa e nos noticiários-comentários da TV, é que parece evidente que muitos eleitores do UK, quando se decidiram a votar na consulta geral para decidir se queriam sair ou continuar como membros da União Europeia, ou entrar na iniciativa nomeada de BREXIT, não estavam bem elucidados sobre o que existia por trás daquela consulta, ou até donde poderia ser alterado todo o seu esquema de vida.

Ou seja, admite-se que muitos votaram por sentimento, às cegas. E hoje devem estar preocupados por se optaram erradamente. Muitos gostariam de mudar o seu sentido de voto. Caso as normas vigentes o permitam.

Um dos factores que pode ter influenciado fortemente na decisão do voto pode ser o da visão, possivelmente exagerada, da presença de um número de estrangeiros. O cidadão comum pode sentir que esta presença já é excessiva e que, coincidindo com uma quebra nas ofertas de emprego, em especial nas de tarefas mal remuneradas, criou um ambiente de rejeição perante os recém chegados, dispostos a aceitar o pouco que oferecessem.

Ver as reportagens dos grupos de migrantes ainda na costa francesa, frente ao canal, que tentam, insistentemente, em entrar no UK, sem documentação, ocasionou o atribuir esta situação, perigosa, ao terem sido abertas as fronteiras entre os países membros da UE. Quando se publicitou a hipótese de instalar os controles nas fronteiras inglesas, caso se abandonasse a União Europeia, muitos terão decidido que o BREXIT era a melhor opção.

Esqueceram-se de que muito antes das fronteiras abertas na Europa já lhes chegava um fluxo, practicamente incontrolável, de pessoas com passaporte e entrada legalizada, provenientes de antigos territórios do Império Colonial. Compareceram gentes de cor vindas da Jamaica e outras ilhas do Caribe, mais do Pakistão, da India, e outros lugares onde esteve a bandeira imperial. Alguns integraram-se, como os taxistas e motorista de ómnibus com volumosos turbantes. Outros mais se instalaram-se em sectores comerciais. 

Por outro lado a proliferação familiar deste inmigrantes, muito superior à das famílias inglesas, introduziu mais elementos com nacionalidade britânica do que postos de trabalho disponíveis. De onde que passassem a ser credores das ajudas sociais, ou de se movimentar por zonas clandestinas.

Imagino, sem outra base do que a simples especulação comparativa, que no UK existem muitos cidadãos sossegados, cumpridores, que sendo maioria não deixam de estar temerosos dos que invadem as ruas tumultuosamente, os que insistem em ficar ébrios, drogados, fazer desacatos e agressões injustificadas -caso existam justificadas que não sejam a auto defesa – e, como é fácil de entender, os “pacatos” identificam os transgressores da paz pública como uns indesejáveis. E na multidão destacam, por serem mais visíveis, as pessoas de cor, os diferentes da imagem que desejariam ser a dos seus verdadeiros compatriotas (?), renegando o facto de que muitos destes elementos, com visual de forasteiro, já nasceram no UK, de segunda ou terceira geração, e são legalmente tão cidadãos como eles próprios. A partir daí devem transferir a rejeição para aqueles que ainda não entraram, mas que os sentem como ameaçadores potenciais.

Paralelamente, os recursos humanos gerados no seio dos naturais do RU mostram-se, em alguns sectores, insuficientes para cobrir muitas tarefas imprescindíveis. Por  sector de informática é conhecida a boa preparação, em quantidade e qualidade dos indostânicos, entre outros, com a vantagem de que dominam o idioma, tanto o de uso normal como o profissional.

Um dos sectores onde a Inglaterra não consegue abastecer o seu mercado é na saúde hospitalar. É conhecida a oferta de trabalho para enfermeiros, com salários mais elevados do que conseguem nos seus países de origem. Os recebem com os braços abertos e com a vantagem suplementar de que a preparação profissional foi financiada pelo seu País de origem. Estes podem vir !

Ainda neste aspecto de sim ou não à União Europeia, os ingleses devem estar perante o dilema de estudar todos os efeitos que implicaria um BREXIT, uns positivos e outros negativos, mas com a certeza de que sair mas podendo seleccionar, como numa ementa, os parágrafos que lhe podem agradar e rejeitar os outros, não parece factível. Por muito interesse que exista entre os membros da UE para que o UK não active o Brexit, as normas do tratado terão que ser obedecidas e cumpridas.

Para já, dado que na vida normal, nomeadamente na alimentação, a Inglaterra está muito dependente da importação de produtos frescos da Europa Continental, o BREXIT, puro e duro,implicaria um aumento imprevisto do custo de vida. E esta consequência não seria bem recebida na economia doméstica.

Alterar a situação actual, implicaria uma interrupção das negociações com uma duração suficiente para poder fazer o que não foi feito. Ou seja, elucidar detalhadamente a população com um sério balanço dos ganhos e perdas que uma saída ou uma permanência forçosamente implica. Será que o governo de Sua Magestade pedirá estas tréguas? E a UE concederá este bonus temporal?

O Reino Unido, que em linguagem simplificada nomeamos de Inglaterra, tem aquela localização geográfica, desligada territorialmente do continente europeu, que se prestou à famosa graçola de que “devido aos fortes temporais a Europa está isolada”. A realidade actual é muito diferente. Já é difícil, ou mesmo impossível, retroceder a um isolamento imperial.


Moral da história Pretender alterar seleccionando o que se gosta, nem sempre é possível.

Sem comentários:

Enviar um comentário