domingo, 3 de março de 2019

A PROBLEMÁTICA DOS BAIXOS SALÁRIOS


Entre as muitas choradeiras e lamúrias com que, neste País de fado,parece que nos deliciamos uma destaca, pela continuidade e por sentir que  temos o destino marcado, pelo menos neste capítulo. Refiro-me aos baixos salários e aos contratos a tempo certo, quando mesmo sem qualquer espécie de contrato.

Neste capítulo existem vários factores que influenciam a situação. São tantos que quase envergonha referir uns tantos, mesmo que não todos. Mas é pertinente saber,que esta situação não apareceu por acaso. Não foram os fados que se deliciaram condenando os mais jovens à situação de nem-nem. Devemos reconhecer, que a degradação dos salários para os não especialistas e de que para uma oferta de emprego existem dezenas de interessados, mesmo que com baixas remunerações e sem garantias. É uma moléstia hoje endêmica na Europa, que podemos valorizar como uma epidemia sem cura imediata. Antes pelo contrário.. 

Em todos os países notou-se que um dos efeitos da globalização mais a deslocalização, e a automatização de indústrias, que eram não só consideradas essenciais pelos seus productos como pela estabilidade social. Algumas indústrias foram encerradas com a desculpa de serem poluentes e contribuírem para o problema do aquecimento global. Mas a necessidade de aço, cimento e outros produtos "nefastos" mas necessários, foram transferidas para outras zona do globo, poluindo a atmosfera, os terrenos, as água e os mares, mas longe das nossas casas. VARREU-SE PARA DEBAIXO DO TAPETE.

Raras são as fábricas que tradicionalmente eram de  mão de obra intensiva que não estão integrando a automatização da produção,precisamente para dispensar operários (enquanto a população mundial continua aumentando) A rentabilidade dos investimentos não pode ter sentimentalismos,sob pena de ser liquidado pelos concorrentes. Sem referir a já citada decisão de transferir a produção para países onde a mão de obra ainda é muito barata. Entre nós, só vemos imagens de muitas pessoas atarefadas numa nave se trabalham à peça ou se estão contratadas por períodos curtos, nos tais call-centers. Até estes transferem o serviço telefónico para outros países, mais baratos, fingindo que estão ao pé de nós.

Esta degradação salarial, já é um problema social geral no ocidente europeu. Sendo mais agudo nas zonas em que não existia uma tradição de industriais ávidos de criar e manter grupos fabris e comerciais. Quando os empresários se satisfazem com um volume de negócio relativamente pequeno, que consideram poder gerir sem problemas de maior, podem manter a sua independência durante uns tempos, mas tanto podem cair por não resistir à concorrência como podem tombar quando decidem ampliar o negócio sem ter capacidade financeira própria, que os leva a estender a mão  aos banqueiros, sem os quais sabem que não podem atender as necessidades de expansão. 

Para alguns cidadãos, que não admitem nem podem subsistir na situação de desempregados ou mal remunerados, o panorama de futuro parece um retorno ao passado. Iniciarem-se na categoria de empresário individual, que em pouco difere do anterior artesanato, com a agravante de que já não existem os grémios que coordenava e regiam a concorrência. Aquele artesanato nacional que ainda existia umas décadas atrás e que tinha como clientes a população local ou regional, hoje está abandonado e destinado a rumar no abastecimento aos turistas se pretende subsistir. A concorrência e o novo tipo de compradores os levou a se abastardar, produzindo falso artesanato tradicional.ou aceitar ser revendedor de artigos fabricados no oriente.



Aquilo que não mudou, nem mudará, mesmo que a aparência seja favorável, é a desagradável exploração do homem pelo homem. Sempre existiram e existirão excepções honrosas, mas a natureza do homem é de ganhar com o suor de outros. Não existe uma saída? uma escapatória? Como sempre acontece existem,de facto, soluções pessoais, individuais, com as que se possa dar o salto. Primeiro como indivíduo isolado e, caso o sucesso se mostre credível, avançar para pequeno empresário. Mas continuar a avançar não esta ao alcance de todos.

Sem comentários:

Enviar um comentário