domingo, 3 de março de 2019

UM MILAGRE ACTUALIZADO




Quando leio ou oiço referir o milagre das rosas sob a autoria da Isabel de Aragão, e que também foi conseguido por uma sua parente Isabel de Hungria -devem ter andado na mesma escola ou estudado os mesmos tratados de ilusionismo- tinha eu o hábito -mesmo não sendo monge- de afirmar, sem uma base fidedigna em que me apoiar, que esta dama, rainha de Portugal por casamento, tinha pronúncia de zopinhas de massa, e que por isso contestava ao rei Dom Dinis “zão zozas”.

Lembrei esta falsa vivência ao ver que estamos perto de ganhar o festival das cantigas na eurovisão, acumulando com os prémios oscáricos que tem ganho o nosso actual ministro das finanças, mesmo que estando em tempo parcial.

O seu já habitual truque de orçamentar por cima do ano anterior, mas cativar com uma percentagem castradora é formidável. Creio que nem sequer foi este Doutor em Economia Doméstica que descobriu esta forma de fazer render o peixe. Muito antes dele já o Salvador Jesus da Nazaré, que também atendia por Emmanuel, Manuel, Manel ou Manolo entre andaluzes, aplicou esta receita ao distribuir sandes de pão e peixe a uma multidão, partindo de uma quantidade de alimento bastante reduzida: uns cabazes, poucos, segundo creio recordar de quando me ilustraram desta façanha na “doutorina”. Só bastantes séculos mais tarde é que, por causa da dissidência do malandro Enrique VIII, la pelas bandas da Britânia se distribui o peixe frito junto com batatas aos “paulitos”

Mesmo antes de começar esta dissertação pensei no quão mau gestor familiar fui quando os nossos filhos recebiam uma semanada.
Devia ter posto o dinheiro que pertencia a cada um, na mão, mas antes de que o dito descendente fechas se os dedos, pensando já em onde poderia investir a massa, teria que lhes retirar entre 20 e 50 % do total como cativação. Afirmando, com ar solene, que me encarregaria -esperando que eles, inocentes, acreditassem- de imediato colocaria estas importâncias numas conta bancária em nome de cada um, a fim de que, em chegando a ocasião, já crescidos e desmamados, pudessem dispor de uma quantia avultada.

Poderia ter funcionado naqueles tempos, em que os filhos se esforçavam par acreditar, de pés juntos e olhos fechados, em tudo o que os pais dissessem, mesmo quando sorridentes. Execpto se entrassem numa de escandalosas gargalhadas que os levassem a uma crise asmática. Mas duvido que hoje, já tendo ouvido comentários sobre as tretas centenárias -apanharam esta? Era fácil- das cativações caíssem na cantiga, como cidadãos responsáveis mas na realidade iludidos e submissos.

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