Quando
leio ou oiço referir o milagre das rosas sob a autoria da Isabel de
Aragão, e que também foi conseguido por uma sua parente Isabel de
Hungria -devem ter andado na mesma escola ou estudado os mesmos
tratados de ilusionismo- tinha eu o hábito -mesmo não sendo
monge- de afirmar, sem uma base fidedigna em que me apoiar, que
esta dama, rainha de Portugal por casamento, tinha pronúncia de
zopinhas de massa, e que por isso contestava ao rei Dom Dinis
“zão zozas”.
Lembrei
esta falsa vivência ao ver que estamos perto de ganhar o festival
das cantigas na eurovisão, acumulando com os prémios oscáricos que
tem ganho o nosso actual ministro das finanças, mesmo que estando em
tempo parcial.
O
seu já habitual truque de orçamentar por cima do ano anterior, mas
cativar com uma percentagem castradora é formidável. Creio que nem
sequer foi este Doutor em Economia Doméstica que descobriu esta
forma de fazer render o peixe. Muito antes dele já o Salvador Jesus da Nazaré, que também atendia por Emmanuel, Manuel, Manel ou
Manolo entre andaluzes, aplicou esta receita ao distribuir
sandes de pão e peixe a uma multidão, partindo de uma
quantidade de alimento bastante reduzida: uns cabazes, poucos,
segundo creio recordar de quando me ilustraram desta façanha na
“doutorina”. Só bastantes séculos mais tarde é que, por causa
da dissidência do malandro Enrique VIII, la pelas bandas da Britânia
se distribui o peixe frito junto com batatas aos “paulitos”
Mesmo
antes de começar esta dissertação pensei no quão mau gestor
familiar fui quando os nossos filhos recebiam uma semanada.
Devia
ter posto o dinheiro que pertencia a cada um, na mão, mas antes de
que o dito descendente fechas se os dedos, pensando já em onde
poderia investir a massa, teria que lhes retirar entre 20 e 50 % do
total como cativação. Afirmando,
com ar solene, que me encarregaria -esperando que eles,
inocentes, acreditassem- de imediato colocaria estas importâncias
numas conta bancária em nome de cada um, a fim de que, em chegando a
ocasião, já crescidos e desmamados, pudessem dispor de uma quantia
avultada.
Poderia
ter funcionado naqueles tempos, em que os filhos se esforçavam par
acreditar, de pés juntos e olhos fechados, em tudo o que os pais
dissessem, mesmo quando sorridentes. Execpto se entrassem numa de
escandalosas gargalhadas que os levassem a uma crise asmática. Mas
duvido que hoje, já tendo ouvido comentários sobre as tretas
centenárias -apanharam esta? Era fácil- das cativações
caíssem na cantiga, como cidadãos responsáveis mas
na realidade iludidos e submissos.
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