A
ordem destas duas situações, mesmo que em ambos casos implique que
de um lado se consegue alguma coisa que não se tinha e do outro lado
se perde alguma coisa que se possuía, não é indiferente, pelo menos
para quem tem algum ligame com esta dicotomia. Daí que, para quem
escreve e para quem ler, a ordem não é displicente.
É
um tema que tem sido abordado por muitas pessoas, e desde tempos
recuados. Habitualmente é conectado com os jogos de fortuna, ou de
azar a avaliação de cada um. E neste capítulo encontram-se muitas
verdades irrefutáveis, como: Quem muito quer tudo perde, ou,
Quem não arrisca não petisca,
assim como se recorda a sensatez e a prudência: Quem não
quer perder não jogue. Assim
como avisa Quem usa tramoias cai nas sentenças.
Deixando
os adágios de lado podemos divagar -que é o que se recomenda
para chegar ao longe- sobre o que de facto está subjacente aos
termos ganhar e perder.
Perder
para a maioria dos cidadãos
equivale a deixar de ter algo que era seu, de direito. Simbolicamente ou factualmente podem-se perder a virgindade, a honra, a própria
vida, a fortuna, o respeito que consideramos merecer, e outras coisas
mais, entre elas um familiar, a carteira, os óculos, o comboio ou um
meio de transporte que estava no nosso propósito utilizar. Mas
sempre se entende como o deixar de ter.
Quem
aposta e não ganha, de facto só perde aquilo que colocou de
penhora, nem que seja dinheiro vivo. De imediato atribui a culpa ao
azar, à pouca sorte, mas raramente se culpará por não ser sensato
e previdente.
CARLOS
BERTINI escreveu, e eu aproveito, um pensamento muito válido Devemos
ganhar com graça e perder com dignidade.
Quanto
ao GANHAR nem todas
as situações são equiparáveis, pois que a vida não se resume a
uma série de apostas, nem sempre honestas na sua estrutura. Existem
ocasiões em que se confunde recuperar e ganhar. O ganho é visto
como uma recompensas do trabalho ou do esforço. Muitas vezes é
impossível recuperar aquilo que se perdeu. Nem todas as perdas se
podem emendar como o virgo, Mas o chegar a um ponto em que seja
reposta uma injustiça é uma satisfacção tão profunda que
consegue amainar todas as agruras anteriores.
As
máximas que se aplicam a esta situação são muitas. Algumas nos
podem parecer que foram pensadas concretamente para situações da
vida corrente, e certamente que assim foi: A razão é a
prova da verdade, e
precisamente a verdade mereceu muita atenção: A verdade
não sofre dissimulações; A verdade não tem pés e anda; A
verdade, ainda que amarga, se traga. E
a parceira do lado oposto não deixa de ser citada: A
mentira é sempre vencida; O mentiroso larga a honra a pouco preço.
E
por falar em honra citaremos: Honra e proveito não tem jeito; Honra é sem honra, alcaide de aldeia e padrinho de boda.
Sem comentários:
Enviar um comentário