Ou
como encarei a minha formação universitária.
Admito
que os poucos leitores que perdem tempo a ler o que coloco aqui sabem
que tirei um curso superior de Engenheiro Químico Industrial (no
tempo em que era completo).
Mais concretamente pensando, desde inicio, em dedicar o que viesse a
aprender numa indústria transformadora. Não tinha pretensões de me
integrar em entidades públicas, fossem de ensino ou de investigação.
Ou seja, tomei a formatura precisamente pelo cabeçalho.
E
tinha, além das bases teóricas, uns conhecimentos practicos e
humanos que sabia iam facilitar a condução de homens, tanto dos
quadros subalternos como dos operários. A primeira regra que devia
aplicar era a de não falar com o pessoal
desde cima da burra. Vestí
sempre um fato-macaco e admiti que, depois de explicar, numa
linguagem que se adaptasse á do ouvinte, e ter deixado as indicações
por escrito, devia ficar um tempo, não demqsido curto, para a
observar como o operário agia.
A
segunda regra, que
se aprende para benefício próprio,
é que após ensinar como devem manobrar, regular, apontar no quadro,
e em periodos determinados, os valores que em aparecem nos
indicadores do painel de comando. Assim como é de sábio admitir
que, com a práctica, o operador tanto pode cair numa manobra errada
como pode encontrar uma solução que não estava prevista. Em
laboração contínua, mesmo que ser der a ordem de que nos devem
comunicar qualquer anormalidade, sabemos que, quando a complexidade
do sistema operativo e das diferentes fases e equipamentos por que
passam os materiais, desde as matérias primas até o produto final,
é fundamental contar com uma equipa de pessoas que nos aceitem, que
colaborem sem preconceitos sociais que podem interferir.
Não
se consegue navegar e chegar a bom porto com uma tripulação
desajustada do comando. Sempre entendi que era positivo ensinar os
colaboradores acerca das tecnologias que se aplicavam na fase que
estava a seu cuidado. Bem entendido que não se pode pensar em
ilustrar por completo a pessoas que até o dia anterior nunca tiveram
contacto com aparelhagens complexas e desconhecidas. E sempre foi
positivo dar oportunidade ao operador para nos referisse as suas
observações. Serenamente tinham que ser observados os efeitos e,
caso fosse pertinente, incorporar às intrucções gerais. Os mal
sucedidos só se sabiam a posteriori.
Considerei,
desde o primeiro dia, que era fundamental o dialogar com o pessoal,
reconhecendo no íntimo, que dependemos deles. No trabalho fabril
todos os elementos humanos são importantes e, em princípio,
merecedores de ser respeitados. Se algum se mostrar incapaz temos
que lhe procurar um posto onde se possa adaptar, sem o achincalhar.
Este é o melhor exemplo que se pode dar ao resto da tripulação.
Outros
problemas, potencialmente mais bicudos, podem-se encontrar com os
patamares mais acima do nosso. O pior sucede caso “lá de cima”
se decidam alterações que afectem o pessoal que se tem para
laborar. Os administradores, em geral, agem de acordo com regras
próprias e não estão preparados para avaliar as consequências a
nível funcional. Nem sequer tal os preocupa. Não querem saber.
Esquecem que podem afectar pessoas, sensíveis em grau que não podem
imaginar, e que por isso devem ser tratadas com cuidado. Depois são
os quadros de topo que tem que tentar colar os pratos rotos.
Mesmo
assim eu, pessoalmente, estaba dedicado totalmente a esta tarefa de
intermediário, comulativa com a producção, qualidade e
rentabilidade. Sabendo que ao contrário da Isabel de Aragão, citada
com frequência, nem tudo eram rosas, e estas sempre traziam
espinhos.
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