sábado, 16 de março de 2019

SOL LUCET OMNIBUS - o sol nasce para todos



Ou como encarei a minha formação universitária.

Admito que os poucos leitores que perdem tempo a ler o que coloco aqui sabem que tirei um curso superior de Engenheiro Químico Industrial (no tempo em que era completo). Mais concretamente pensando, desde inicio, em dedicar o que viesse a aprender numa indústria transformadora. Não tinha pretensões de me integrar em entidades públicas, fossem de ensino ou de investigação. Ou seja, tomei a formatura precisamente pelo cabeçalho.

E tinha, além das bases teóricas, uns conhecimentos practicos e humanos que sabia iam facilitar a condução de homens, tanto dos quadros subalternos como dos operários. A primeira regra que devia aplicar era a de não falar com o pessoal desde cima da burra. Vestí sempre um fato-macaco e admiti que, depois de explicar, numa linguagem que se adaptasse á do ouvinte, e ter deixado as indicações por escrito, devia ficar um tempo, não demqsido curto, para a observar como o operário agia.

A segunda regra, que se aprende para benefício próprio, é que após ensinar como devem manobrar, regular, apontar no quadro, e em periodos determinados, os valores que em aparecem nos indicadores do painel de comando. Assim como é de sábio admitir que, com a práctica, o operador tanto pode cair numa manobra errada como pode encontrar uma solução que não estava prevista. Em laboração contínua, mesmo que ser der a ordem de que nos devem comunicar qualquer anormalidade, sabemos que, quando a complexidade do sistema operativo e das diferentes fases e equipamentos por que passam os materiais, desde as matérias primas até o produto final, é fundamental contar com uma equipa de pessoas que nos aceitem, que colaborem sem preconceitos sociais que podem interferir.

Não se consegue navegar e chegar a bom porto com uma tripulação desajustada do comando. Sempre entendi que era positivo ensinar os colaboradores acerca das tecnologias que se aplicavam na fase que estava a seu cuidado. Bem entendido que não se pode pensar em ilustrar por completo a pessoas que até o dia anterior nunca tiveram contacto com aparelhagens complexas e desconhecidas. E sempre foi positivo dar oportunidade ao operador para nos referisse as suas observações. Serenamente tinham que ser observados os efeitos e, caso fosse pertinente, incorporar às intrucções gerais. Os mal sucedidos só se sabiam a posteriori.

Considerei, desde o primeiro dia, que era fundamental o dialogar com o pessoal, reconhecendo no íntimo, que dependemos deles. No trabalho fabril todos os elementos humanos são importantes e, em princípio, merecedores de ser respeitados. Se algum se mostrar incapaz temos que lhe procurar um posto onde se possa adaptar, sem o achincalhar. Este é o melhor exemplo que se pode dar ao resto da tripulação.

Outros problemas, potencialmente mais bicudos, podem-se encontrar com os patamares mais acima do nosso. O pior sucede caso “lá de cima” se decidam alterações que afectem o pessoal que se tem para laborar. Os administradores, em geral, agem de acordo com regras próprias e não estão preparados para avaliar as consequências a nível funcional. Nem sequer tal os preocupa. Não querem saber. Esquecem que podem afectar pessoas, sensíveis em grau que não podem imaginar, e que por isso devem ser tratadas com cuidado. Depois são os quadros de topo que tem que tentar colar os pratos rotos.

Mesmo assim eu, pessoalmente, estaba dedicado totalmente a esta tarefa de intermediário, comulativa com a producção, qualidade e rentabilidade. Sabendo que ao contrário da Isabel de Aragão, citada com frequência, nem tudo eram rosas, e estas sempre traziam espinhos.

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