Considero
que deve ser geral a dificuldade em nos auto qualificar, em especial
quanto a características dificilmente mensuráveis, pois que o
esquema usual é fazer, mentalmente, uma comparação quantitativa
com um padrão que mesmo que não seja exactamente neutro,
intermédio, sirva para nos situar numa escala relativa de méritos
ou valores.
Logicamente
esta dificuldade não existe, ou não está muito evidente, quando o
que queremos qualificar entra no domínio das obviedades. Por
exemplo, se nos queremos situar como gordos ou magros, ou
assim-assim; ou se altos ou baixos; ou se de tez clara ou escura.
entre outras características pessoais, a subjectividade é menor.
Mesmo assim inclusive em características tão evidentes sempre se
podem encontrar uns pareceres próprios com limites favoráveis, tais
como nos vermos como “fortes” e não exactamente “gordos”.
Mais
difícil, ou mesmo problemático, se torna o pretender nos calibrar
em função de comportamentos, condutas, e características pessoais
que serão vistas por terceiros com vontade mais escrutinadora, ou
até rigorosa, do que aquela que nos mesmos atribuímos. Não só os
critérios próprios podem não coincidir com aqueles que aplicam os
terceiros, como tanto eles como nós, nem sempre medimos os
comportamentos sob a mesma bitola.
Assim
sendo podemos considerar com avaliações subjectivas as que
correspondem a comportamentos pessoais de índole social. O nível de
seriedade, honestidade, bonomia, correcção, humor, participação
na comunidade, integrador ou segregacionista, entre outras mais,
é muito provável que seja valorizado em níveis diferentes
consoante o avaliador. Sempre mais favorável para si próprio e para
os seus amigos do que para os que se lhe opõem ou simplesmente
detesta, seja qual for o motivo.
Antes
de fechar devo referir a minha convicção de que ao longo da vida e
até de um só dia, as condições em que nos encontremos, assim como
o estado de ânimo do momento, nos podem induzir a efectuar acções
em sentido diferente, ou mesmo oposto, às que tomaríamos noutras
circunstâncias. Existe portanto uma dificuldade, quase que
inultrapassável, em manter fixos e inalteráveis os níveis de
comportamento pessoal e social que livremente aceitamos manter.
Todos
entendemos a sabedoria que se transmite no anexim Não se deve ser juiz em causa própria.
Sem comentários:
Enviar um comentário