COISAS CONHECIDAS
Depois
do importante salto que Darwin nos ofereceu ao dar a conhecer
as suas observações acerca da evolução das espécies, as
descobertas tem-se continuado a fazer, cada vez com mais
profundidade. Hoje o conhecimento de como se chegaram às espécies
animais actuais são muito mais pormenorizadas, recuando até a
génese mais elementar que se conseguiu imaginar e verificar.
O
facto de que de uma simples célula, ao dividir-se e
multiplicar-se, se geram órgãos muito específicos e diferentes
entre si, é uma descoberta que nos obriga a pensar como a nossa
evolução, como seres humanos, não se pode considerar como
terminada. O que sim nos é dado a entender é que as mudanças,
perceptíveis por comparação entre fases afastadas da evolução,
não se conseguem apreciar no curto período de tempo em que
estamos vivos.
As
modificações são progressivas e sequenciais. Algumas são fruto
das condições ambientais em que o homem se tem deparado ao longo
dos tempos e da sua localização no globo, e outras inclusive
podem ter sido condicionadas pelos hábitos dos humanos. Nos
animais -não falantes ou que nós não conseguimos entender,
mas que reconhecemos comunicam entre si- admitimos que as
sequências entre seres afins mas afastadas de milénios ou mesmo
milhões de anos, são tão evidentes que não podem ser
ignoradas, desprezadas. Nós somos relutantes para aceitar o nosso
parentesco com os simios.
Cingindo-nos
ao homem sabemos que entre os vestígios dos homens primitivos e
os actuais existem diferenças estruturais notórias, não só no
esqueleto completo como, especialmente, no cráneo. O volume da
cavidade encefálica e o perfil facial são aqueles
pormenores, macroscópicos, que mais nos chamam a atenção.
Especialmente a fronte e o arco frontal supraciliar, além da
proeminência frontal das maxilas.
É
interessante verificar que na herança cromossómica que nos é
dada através dos progenitores, surgem exemplos de regressividade. Felizmente a regressão não é total. Em geral, quando acontece, limita-se a algumas características. Como podem ser uma anormal pilosidade no corpo do nasciturno. Estes caracteres reduzidos, por muitos cromossomas recessivos que tenho recebido no seio dos seus genes, o resultado já não é uma réplica
total do homem de Neandertal ou o de Crómagnon. Mas em pormenores
específicos o seu aspecto pode não coincidir exactamente com os
cânones de normalidade, ou beleza se preferirmos, que hoje
aceitamos.
Um
dos pontos que mais nos pode interessar no introspecção pessoal
é o da estrutura bucal. As maxilas e os seus arcos
dentários não são exactamente coincidentes entre a fixa,
superior, e a móvel, inferior. Esta é nitidamente mais
aberta, mesmo que, provavelmente, imaginamos que coincidiam
exactamente. Mas não é assim e por uma razão de herança
histórica. Tentarei explicar:
O
homem é, por natureza, um animal omnívoro. Ou seja, que deve
alimentar-se de uma ampla gama de produtos, entre eles os vegetais
e animais. A mastigação dos alimentos é fundamental para
conseguir a sua assimilação, e se olharmos para um herbívoro em
repouso, quando ele está regurgitando e triturando as plantas que
previamente escolheu, vemos como a mandíbula inferior não só se
desloca na vertical como oscila na horizontal. Dizemos que está ruminando, termo que simbolicamente se assimila a pensar.
Estes dois movimentos resultam de que o processo de preparação dos alimentos ates de seguirem para o estômago a fim de ser digeridos, não ficaria completo com a redução de tamanho inicial, dada pelo encontro de pressão entre as duas maxilas, seja por corte ou por esmagamento, mas carece de uma redução mais acurada, que é possível graças à deslocação dos molares. (que moem, como as pedras de um moinho, daí o seu nome)
Estes dois movimentos resultam de que o processo de preparação dos alimentos ates de seguirem para o estômago a fim de ser digeridos, não ficaria completo com a redução de tamanho inicial, dada pelo encontro de pressão entre as duas maxilas, seja por corte ou por esmagamento, mas carece de uma redução mais acurada, que é possível graças à deslocação dos molares. (que moem, como as pedras de um moinho, daí o seu nome)
Todavia,
a progressiva evolução do nosso corpo, condicionada até pela
alimentação, fez com que a importância das peças dentárias
molares fosse paulatinamente diminuindo, e por isso pode suceder
que as peças mais internas, nas duas maxilas, que conhecemos como
dentes do siso, não cheguem a despontar, ou sejam das
primeiras a se degradarem. Paralelamente os dentes caninos,
tão importantes na fase primitiva do homem, para rasgar a carne
crua e a poder engolir, foram perdendo a sua função primordial e
encurtaram-se para ficar, na maioria dos casos, num comprimento
semelhante ao das peças adjacentes. Por isso quando vemos
alguém com uns caninos muito evidentes ficamos admirados.
Imaginamos de imediato a figura do vampiro. Foi um gene regressivo
que afectou esta pessoa.
Braços
e pernas também tem as suas características curiosas. Fica para
outra vez.
Sem comentários:
Enviar um comentário