Vivências

Neste espaço pretendo colocar relatos de experiência próprias e algumas elucubrações mais ou menos disparatadas.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

EVOLUÇÃO


COISAS CONHECIDAS

Depois do importante salto que Darwin nos ofereceu ao dar a conhecer as suas observações acerca da evolução das espécies, as descobertas tem-se continuado a fazer, cada vez com mais profundidade. Hoje o conhecimento de como se chegaram às espécies animais actuais são muito mais pormenorizadas, recuando até a génese mais elementar que se conseguiu imaginar e verificar.

O facto de que de uma simples célula, ao dividir-se e multiplicar-se, se geram órgãos muito específicos e diferentes entre si, é uma descoberta que nos obriga a pensar como a nossa evolução, como seres humanos, não se pode considerar como terminada. O que sim nos é dado a entender é que as mudanças, perceptíveis por comparação entre fases afastadas da evolução, não se conseguem apreciar no curto período de tempo em que estamos vivos.

As modificações são progressivas e sequenciais. Algumas são fruto das condições ambientais em que o homem se tem deparado ao longo dos tempos e da sua localização no globo, e outras inclusive podem ter sido condicionadas pelos hábitos dos humanos. Nos animais -não falantes ou que nós não conseguimos entender, mas que reconhecemos comunicam entre si- admitimos que as sequências entre seres afins mas afastadas de milénios ou mesmo milhões de anos, são tão evidentes que não podem ser ignoradas, desprezadas. Nós somos relutantes para aceitar o nosso parentesco com os simios.

Cingindo-nos ao homem sabemos que entre os vestígios dos homens primitivos e os actuais existem diferenças estruturais notórias, não só no esqueleto completo como, especialmente, no cráneo. O volume da cavidade encefálica e o perfil facial são aqueles pormenores, macroscópicos, que mais nos chamam a atenção. Especialmente a fronte e o arco frontal supraciliar, além da proeminência frontal das maxilas.

É interessante verificar que na herança cromossómica que nos é dada através dos progenitores, surgem exemplos de regressividade. Felizmente a regressão não é total. Em geral, quando acontece, limita-se a algumas características. Como podem ser uma anormal pilosidade no corpo do nasciturno. Estes caracteres reduzidos, por muitos cromossomas recessivos que tenho recebido no seio dos seus genes, o resultado já não é uma réplica total do homem de Neandertal ou o de Crómagnon. Mas em pormenores específicos o seu aspecto pode não coincidir exactamente com os cânones de normalidade, ou beleza se preferirmos, que hoje aceitamos.

Um dos pontos que mais nos pode interessar no introspecção pessoal é o da estrutura bucal. As maxilas e os seus arcos dentários não são exactamente coincidentes entre a fixa, superior, e a móvel, inferior. Esta é nitidamente mais aberta, mesmo que, provavelmente, imaginamos que coincidiam exactamente. Mas não é assim e por uma razão de herança histórica. Tentarei explicar:

O homem é, por natureza, um animal omnívoro. Ou seja, que deve alimentar-se de uma ampla gama de produtos, entre eles os vegetais e animais. A mastigação dos alimentos é fundamental para conseguir a sua assimilação, e se olharmos para um herbívoro em repouso, quando ele está regurgitando e triturando as plantas que previamente escolheu, vemos como a mandíbula inferior não só se desloca na vertical como oscila na horizontal. Dizemos que está ruminando, termo que simbolicamente se assimila a pensar. 

Estes dois movimentos resultam de que o processo de preparação dos alimentos ates de seguirem para o estômago a fim de ser digeridos, não ficaria completo com a redução de tamanho inicial, dada pelo encontro de pressão entre as duas maxilas, seja por corte ou por esmagamento, mas carece de uma redução mais acurada, que é possível graças à deslocação dos molares. (que moem, como as pedras de um moinho, daí o seu nome)

Todavia, a progressiva evolução do nosso corpo, condicionada até pela alimentação, fez com que a importância das peças dentárias molares fosse paulatinamente diminuindo, e por isso pode suceder que as peças mais internas, nas duas maxilas, que conhecemos como dentes do siso, não cheguem a despontar, ou sejam das primeiras a se degradarem. Paralelamente os dentes caninos, tão importantes na fase primitiva do homem, para rasgar a carne crua e a poder engolir, foram perdendo a sua função primordial e encurtaram-se para ficar, na maioria dos casos, num comprimento semelhante ao das peças adjacentes. Por isso quando vemos alguém com uns caninos muito evidentes ficamos admirados. Imaginamos de imediato a figura do vampiro. Foi um gene regressivo que afectou esta pessoa.

Braços e pernas também tem as suas características curiosas. Fica para outra vez.
Publicada por Albert Virella à(s) 06:12

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