Já
nos dedicamos a pensar nos braços e acercadas suas importantes
funções, que não tratamos exaustivamente porque levaria bastante
espaço e o pessoal gosta pouco de ler. Mas chegou o momento de
descer até o chão e ali meditar sobre os pés.
Os
estudos da evolução dos humanos mostraram mais dedicação e
interesse ao crânio e aos membros superiores do que aos pés. O
facto de que existam fetichistas que consideram ser os pés
considerados como belos, adoráveis não obsta a que a sua real
importância reside na possibilidade de nos permitir manter uma
posição erecta, andar, correr, saltar. Podemos considerar que está
certa a ideia de que a função orienta a evolução. Vejamos
se esta proposta está correcta.
Os
estudos que se tem feito nos últimos 150 anos indicam que foram
diversas as tentativas de criar um hominídeo evoluído, já muito
semelhante ao que somos na actualidade. Por condicionalismos que
desconhecemos, foi na zona sul-este do Continente Africano onde se encontraram mais fósseis humanos deste período inicial da humanidade. Seja devido à sua
capacidade de reprodução, de adaptação ao meio ambiente e até de
o rejeitar quando chegou o momento, um factor se tornou importante: o gregarismo. Agir
em grupo, tal como já faziam os herbívoros e as aves migratórias, e ainda hoje é sintomático entre os os grandes antropóides.
O
que se descobriu é que a espécie humana decidiu deixar o seu local
de origem e estender a sua presença por todas as terras que foram
encontrando. e necessitaram de muitos anos, milénios, e foram longas as caminhadas. Só os que tinham melhores
capacidades das pernas é que prosseguiam. Deve ter sido nesta fase
evolutiva que o pé atingiu e fixou na estrutura actual.
Mas
os pés ficarão tal como estão por “todo o sempre?”
Há
teorias futurologistas para todos os gostos. Uma delas nos avisa de
que é possível que surjam membranas interdigitais, como nas aves
palmípedes, e em mamíferos aquáticos. Não
só nos pés, como os pinípedes, mas também nas mãos. E esta
premonição baseia-se no facto de que, esporadicamente, nascem
pessoas com estas características. Por enquanto tal anomalia se
atribui a genes recessivos, não dominantes.
Mas
nada impede que se tornem dominantes. Basta que aceitemos que muitas
alterações na biologia foram consequência de mudanças drásticas
no meio ambiente. Se o aquecimento global se efectivar e todas as
geleiras, incluindo as calotes polares, se derreterem, o nível das
águas do mar subiria imenso; muitas terras hoje habitáveis ficariam
inundadas e inclusive é possível que as mudanças viessem a ser
mais catastróficas, de índole geológica. Que muitas espécies de seres terrestres, entre
eles o homem, fossem empurrados a se adaptar a um meio acusmático. Há
bastante tempo que os futurólogos de ciência ficção, incluídos os
de banda desenhada, exploram esta possibilidade.
E
assim nos encontramos, por tabela, com uma nova versão do dilúvio
universal e de tudo estar submerso. São metáforas pouco realistas,
mas as podemos conectar com as propostas de enviar colonos para
habitar noutros planetas. Cada época tem os seus mitos e adapta os
antigos para a situação da altura.
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